Juíza Viviane Arronenzi. Foto: Reprodução
Uma juíza foi assassinada a facadas pelo ex-marido
na frente das filhas. Foi no Rio, na véspera do Natal.
O crime aconteceu na Barra
da Tijuca, na Zona Oeste do Rio, em frente a um centro comercial que estava
fechado e sem nenhum movimento.
A polícia diz que Viviane
Vieira do Amaral Arronenzi foi até lá a pedido do ex-marido para entregar as
três filhas, que passariam o Natal com o pai.
Segundo a investigação,
uma testemunha contou que a juíza sofreu o primeiro golpe assim que saiu do
carro. Depois, Paulo José Arronenzi esfaqueou a ex-mulher várias vezes na
frente das filhas, que têm entre 7 e 9 anos, e já estavam do lado de fora do
veículo.
As meninas ainda gritaram
para o pai parar, mas a juíza morreu ali mesmo.
O engenheiro Paulo José
Arronenzi, de 52 anos, foi preso em flagrante por guardas municipais por
feminicídio, com o agravante de ter sido cometido de emboscada e sem
possibilidade de defesa da vítima.
Ele não estava com a faca
do crime, mas o assassino levava outras três facas numa mochila.
Paulo José Arronenzi
passou a noite na delegacia e ficou em silêncio ao ser interrogado.
Na tarde desta sexta-feira (25), na audiência
de custódia, em que o preso é apresentado à Justiça, Paulo José Arronenzi teve
a prisão em flagrante convertida para prisão preventiva, sem data para sair da
cadeia. A juíza que analisou o caso disse que a medida é necessária pela
brutalidade do crime e a crueldade de ter sido cometido na frente das crianças.
Em setembro, Viviane tinha
feito um registro na polícia contra o ex-marido por lesão corporal e ameaça.
Por ser juíza, ela pediu proteção ao Tribunal de Justiça e passou a ter escolta
24 horas por dia. Mas depois dispensou as equipes de segurança.
Paulo José Arronenzi já
tinha sofrido queixa de uma ex-namorada em 2007. A mulher disse à polícia que
estava sendo importunada pelo engenheiro porque ele não aceitava o fim do
relacionamento.
Em nota, a presidente da
Associação dos Magistrados Brasileiros, Renata Gil, prestou solidariedade à
família da juíza Viviane. Ressaltou que a violência contra a mulher precisa ser
debatida no âmbito da segurança, porque não é só uma questão de saúde pública
nem de direitos humanos, e que os números justificam estratégias com prazos e
metas. A AMB disse que acompanhará o caso e irá trabalhar para que o assassino
seja efetivamente punido.
Numa rede social, o
ministro do Supremo Tribunal Federal Gilmar Mendes disse que “o gravíssimo
assassinato da juíza Viviane Arronenzi mostra que o feminicídio é endêmico no
país: não conhece limites de idade, cor ou classe econômica”, e que “o combate
a essa forma bárbara de criminalidade quotidiana contra as mulheres deve ser
prioritário”.
Em nota, o Supremo
Tribunal Federal e o Conselho Nacional de Justiça afirmaram que “estão
consternados e se unem à dor da família da juíza; que o esforço integrado entre
os poderes e a sensibilização da sociedade civil são indispensáveis e urgentes
para que uma nova era se inicie e a morte dessa grande juíza, mãe, filha, irmã,
amiga, não ocorra em vão”. E que “são necessárias ações positivas para que as
mulheres e meninas estejam a salvo para que nosso país se desenvolva de forma
saudável”.
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