O ministro da Educação,
Abraham Weintraub, escreveu duas vezes a palavra "paralisação" usando
a letra "z" em ofício endereçado ao ministro da Economia, Paulo
Guedes. No documento, Weintraub alerta que os recursos previstos para o
ministério em 2020 são insuficientes para a prestação de
serviços públicos, como a compra de livros escolares, e podem levar à
interrupção das atividades em universidades públicas. Procurado pela
reportagem, o MEC não quis se manifestar.
O ministro pediu aumento de
R$ 9,8 bilhões em verbas previstas para as chamadas despesas discricionárias
(aquelas que não são obrigatórias, como pagamento de servidores e aposentados).
Com o incremento, os recursos previstos para esses gastos, que incluem o
custeio de programas e investimentos, alcançariam R$ 26 bilhões.
"Com a redução de
bolsistas de mestrado e doutorado, há paralização (sic) de pesquisas e risco de
evasão de pesquisadores para atuação no exterior, comprometendo o
desenvolvimento da ciência e tecnologia no país", alerta o ministro na página
4 do ofício, de 15 de agosto deste ano.
"O referencial monetário
apresentado ao MEC impossibilita a destinação de menos da metade do orçamento
que as universidades e institutos possuem atualmente. Com isso, haverá a
paralização (sic) de cursos, campi e possivelmente instituições inteiras,
comprometendo a educação superior e a educação profissional e tecnológica
(EPT)", afirma o ministro na página 6.
O ministro mostrou
preocupação com temas caros ao governo Bolsonaro, como ampliação do número de
escolas cívico-militares. Ainda afirmou que há risco de "recepção
desfavorável na sociedade em geral e na imprensa" se forem suspensas
bolsas de estudo no País e exterior. Como mostrou o jornal O Estado de S.
Paulo, além de Weintraub, ministros da Saúde, de Minas e Energia e de Relações
Exteriores também alertaram Guedes que as verbas previstas para 2020 são
insuficientes.