CIRO GOMES (PDT) divide opiniões dentro do Partido dos Trabalhadores FABIO LIMA
O morde e assopra entre integrantes do PT em
relação ao presidenciável Ciro Gomes (PDT) segue escrevendo novos capítulos na
novela eleitoral a poucos meses do registro das candidaturas. Depois de a
presidente nacional do PT, a senadora Gleisi Hoffmann, afirmar que a legenda
não comporia chapa com o ex-ministro nem com “reza brava”, o cearense rebateu e
chamou a sigla de “burra”.
O governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB),
escreveu ontem no Twitter que o grupo de esquerda deveria, em caso de não possibilidade
da candidatura de Lula, se unir e apoiar o nome do bloco que estivesse melhor
posicionado nas pesquisas.
“Defendo a candidatura de Lula e que todo o campo
popular o apoie. Caso Lula não consiga ser candidato, defendo a unidade do
lulismo em torno do melhor posicionado, para tentar ir ao 2º turno e ganhar a
eleição”, escreveu o governador.
A fala do comunista gerou repercussão interna no
PT. Ao O POVO, o deputado Assis Carvalho (PT-PI) rebateu Dino
afirmando que a pesquisa Datafolha indicava que Lula mesmo preso influenciaria
em cerca de 30% dos votos dos brasileiros. “Se o Lula escolhe um candidato, ele
já é bem avaliado (pelos eventuais 30%). O PT não oferecendo candidatura, vai
fortalecer a direita”, defende o parlamentar.
Por outro lado, o deputado Carlos Zarattini
(PT-SP) defende “diálogo” entre todos os partidos considerando todos os
cenários possíveis. Evitando críticas a Ciro Gomes, ele diz que é preciso
dialogar com o PDT, o PCdoB, o Psol e o PSB. “Vamos continuar conversando com
as forças progressistas e vamos ver como caminha”, admite o petista.
O PT, no entanto, continua alimentando o discurso
de candidatura de Lula, mesmo preso e com poucas perspectivas de ter a
liberação da Justiça eleitoral para a sexta candidatura presidencial. Em meio
ao histórico de traições a aliados, Ciro tem fortes restrições no Ceará —
principalmente com a ex-prefeita Luizianne Lins, que faz parte da Executiva
Nacional.
O governador Camilo Santana (PT), em
contrapartida, já chegou a defender o ex-prefeito de São Paulo, Fernando
Haddad, como vice na chapa de Ciro. Principal aliado de Camilo no Ceará, o
ex-governador tem deixado o petista em saia-justa para o pleito de outubro. A
depender do futuro eleitoral de Lula, o chefe do Executivo estadual poderá
ficar impedido de pedir votos para o padrinho político no Estado.
No âmbito nacional, o PT insiste que não abrirá
mão da candidatura de Lula em outubro. Em artigo publicado na última
segunda-feira, 7, Gleisi Hoffmann, reforça que o “PT sempre soube trilhar os
caminhos junto do povo, e não será nesse momento” que irá se “orientar por
avaliações ditadas de fora”.
A senadora diz respeitar as candidaturas de
esquerda e centro-esquerda, mas só Lula “conseguirá consertar os rumos do País,
pacificando-o e resgatando a dignidade do povo brasileiro”.
Fonte: O Povo por Wagner Mendes