Os bastidores políticos começam a ficar ainda mais agitados
com as movimentações e o surgimento de nomes para composição de chapas ao
Governo do Estado e ao Senado nas eleições de 2018. Como este site havia
antecipado no mês de junho, o bilionário Beto Studart, atual Presidente da
Federação das Indústrias do Ceará (FIEC), quer superar a frustração que o
marcou com a derrota como candidato a vice na chapa do então governador Lúcio
Alcântara, em 2006. Agora, Beto Studart luta para conquistar a vaga de vice na
chapa a ser encabeçada pelo atual governador Camilo Santana (PT) ou sair
candidato ao Senado.
Empresário bem sucedido na área imobiliária, Beto Studart
se dedicou, nos últimos três anos, a dirigir a FIEC, a fortalecer os laços com
os setores industriais e a traçar planos para entrar na política. A dedicação
ao cargo de dirigente da poderosa Federação das Indústrias o permitiu abrir
portas para construir uma relação de maior proximidade com o Governador Camilo
Santana.
Beto fez (e faz) parte da agenda diária do Governo do
Estado e participa de eventos na Grande Fortaleza, no Interior e no exterior. O
sonho de ocupar espaços na política, com mandato, passou a ser alimentado com
mais intensidade nos últimos três anos. Integrantes da cúpula do Palácio da
Abolição sempre viram no presidente da FIEC um importante aliado de Camilo
Santana e passaram a elogiá-lo nas rodas internas da administração estadual
como forma de aproximá-lo ainda mais do Chefe do Executivo Estadual. A
estratégia deu certo.
Quando questionado sobre o sonho na política, Beto Studart
sempre se esquivou, negou que tivesse pretensões futuras, mas, nos últimos
dias, deixou claro para os amigos empresários que deseja, sim, concorrer às
eleições de 2018. Durante muitos anos, Beto Studart apareceu como filiado ao
PSDB – sigla pela qual concorreu a vice de Lúcio Alcântara em 2006. A dúvida
sobre o futuro partidário o fez, porém, em 2015, conquistar o controle do PSC
no Ceará. Uma iniciativa para ser dono do seu próprio nariz na política.
Beto não quis dar visibilidade pessoal a essa conquista,
mas deixou bem claro qual seria a missão do PSC: o partido integraria à base de
apoio ao Governador Camilo Santana e seria dirigido por uma pessoa de sua
estreita confiança. O comando do PSC é da atual Presidente da Agência de
Desenvolvimento Econômico do Ceará (ADECE), Nicolle Barbosa. Nicolle foi,
também, uma escolha pessoal de Beto Studart para o primeiro escalão do Governo
Camilo Santana.
A corrida com vistas às eleições de 2018 tem muitas nuances
e, no caminho de Beto Studart, se o sonho for mesmo entrar na chapa majoritária
do PT-PDT e, possivelmente, PMDB, os contratempos poderão surgir. Isso, porque,
o presidente da Assembleia Legislativa, Zezinho Albuquerque (PDT), será o vice
na chapa de Camilo Santana (PT). Uma das vagas ao Senado é do ex-governador Cid
Gomes (PDT).
Cid e Ciro não abrem mão de Zezinho na vice de Camilo em
2018. Há razões reais para esse plano: se reeleito em 2018, Camilo cumprirá
três anos do segundo mandato e, em 2022, sairá para concorrer ao Senado. No
lugar de Camilo, fica, assim, Zezinho Albuquerque, que cumprirá o mandato
tampão e terá a estrutura de poder para eleger um dos nomes definidos pelos
irmãos Cid e Ciro para a reconquista do Palácio da Abolição. O nome poderá ser
o atual prefeito de Fortaleza, Roberto Cláudio, ou mesmo um membro da Família
Ferreira Gomes.
O cenário acima traçado pode frustrar as pretensões de Beto
Studart em se tornar vice na chapa de Camilo Santana. O sonho de senador pela
chapa governista tem, também, conflitos, mas pode se viabilizar. A segunda vaga
ao Senado poderá ficar com o presidente do Senado, Eunício Oliveira (PMDB). A
composição dessa aliança está sendo construída, tem muitos obstáculos, mas
apresenta, ao mesmo tempo, condições reais de ser viabilizada. Se não houver
aliança PT-PDT-PMDB, aí, sim, Beto tem chances de herdar a segunda vaga de
senador.
Aqui, cabe outro ‘se’: se sair do PT, o governador Camilo
Santana tentará atrair para o seu palanque o PSDB do senador Tasso
Jereissati. A agenda de Beto Studart tem essas leituras e anotações e esse é um
dos motivos que o levam, como Presidente da FIEC, a manter boa relação e a
publicar páginas de jornais com elogios à atuação de Tasso no Senado.
Beto se coloca como um bom jogador e, no xadrez político, carrega a força do
poder empresarial e financeiro como referência para entrar na chapa majoritária
de 2018. De preferência como aliado de Camilo Santana.