MP pede prisão do prefeito de Manaus e de secretária de Saúde por fraudes na vacinação contra Covid-19.

 


 

Prefeito de Manaus, David Almeida, e secretária municipal de Saúde, Shadia Fraxe. — Foto: Divulgação

David Almeida e Shadia Fraxe são citados em ação que denuncia irregularidades na campanha e favorecimento de pessoas que teriam furado a fila do grupo prioritário.

 

O Ministério Público Estadual do Amazonas pediu na segunda-feira (25) a prisão do prefeito de Manaus, David Almeida, e da secretária municipal de Saúde, Shadia Fraxe, na ação que denuncia irregularidades na aplicação da vacina e no favorecimento de pessoas que teriam furado a fila do grupo prioritário da vacinação contra a Covid-19. O órgão ainda pede o afastamento de ambos dos cargos públicos.

 

Rede Amazônica teve acesso ao documento com os pedidos de prisão, afastamento e busca e apreensão, redigido pela Procuradoria Geral do MPE e enviado à Justiça do Amazonas. De acordo com o MPE, houve fraude na fila de prioridades durante a campanha de vacinação e dez médicos foram contratados de maneira irregular.

 

Em nota, o prefeito David Almeida disse estar "profundamente indignado com a atuação ilegal e arbitrária" do MP e informou que "ingressará com as medidas cabíveis contra os responsáveis" (veja, abaixo, o que dizem todos os envolvidos).

 

Com relação fraude na vacinação, o MPE aponta que:

·         houve omissão no planejamento e execução da campanha, o que indica o desvio de vacinas para atender a interesses particulares do prefeito e de toda a cúpula da Secretaria municipal da Saúde;

·         doses da vacina foram usadas irregularmente na imunização de servidores municipais – os nomes foram apontados a partir de uma lista enviada ao Tribunal de Contas do Estado do Amazonas pela prefeitura de Manaus (veja lista abaixo);

·         nenhum dos indivíduos citados trabalha na linha de frente do combate à Covid-19 ou é idoso (grupo prioritário) – isso que configura, segundo o MPE, infração de peculato;

·         houve omissão na elaboração e na publicação do Plano Municipal de Vacinação com caráter doloso, com o objetivo de afrouxar as fiscalizações.

·          

No documento, além de Shadia Fraxe, órgão pede afastamento do subsecretário de Gestão de Saúde, Luís Cláudio de Lima Cruz, e dos assessores da Secretaria municipal de Saúde Djalma Pinheiro Pessoa Coelho, Stenio Holanda Alves e Clendson Rufino Ferreira.

 

Entre os investigados alvos de busca e apreensão, estão o secretário municipal de Limpeza Urbana, Sebastião da Silva Reis, e a secretária municipal da Mulher, Assistência Social e Cidadania, Jane Mara Silva de Moraes.

 

Veja, abaixo, quem foi vacinado irregularmente, segundo o órgão:

 

·         Shadia Hussami Hauache Fraxe (secretária Municipal de Saúde);

·         Luiz Cláudio de Lima Cruz (subsecretário de Saúde Municipal);

·         Sebastião da Silva Reis, o Reis (Sscretário Municipal de Limpeza);

·         Clendson Rufino Ferreira (assessor da Secretaria Municipal de Saúde);

·         Stenio Holanda Alves (advogado e assessor da Secretaria Municipal de Saúde);

·         e Jane Mara Silva de Moraes de Oliveira (Secretária Municipal da Mulher, Assistência Social e Cidadania)

Além deles, uma advogada e um empresário e a esposa também receberam a dose.

Um grupo de dez médicos também é investigado e foi alvo dos mandados.

Em relação a esses médicos, o MPE aponta que:

·         houve a contratação de dez médicos, para o cargo de Gerente de Projetos, intermediada pela médica Ilcilene de Paula da Silva, com a participação da Secretária Municipal de Saúde, Shadia Fraxe, e do assessor Djalma Pinheiro Pessoa Coelho.

·         as contratações ocorreram por nomeação do prefeito David Almeida, que teria inserido uma declaração falsa ao nomear médicos para exercerem atividade médica, porém no cargo de Gerente de Projetos.

·         o grupo era formado por pessoas com "ligações políticas e econômico-financeiras de apoio político e eleitoral ao atual prefeito".

·         as suas nomeações ocorreram nos dias 18 e 19 de janeiro, quando as primeiras aplicações de vacina em Manaus e no Amazonas.

·         Os salários dos médicos eram maiores que o determinado.

 

Em decisão assinada nesta quarta-feira (27), o desembargador José Hamilton Saraiva dos Santos, que atua na Justiça Estadual, declarou incompetência para julgamento do caso e o remeteu ao Tribunal Regional Federal da 1.ª Região.

 

Em nota, o Grupo de Atuação Especial no Combate ao Crime Organizado (Gaeco) reforçou o entendimento de que a matéria é de competência estadual.

 

"O interesse nacional é de todos os entes federativos, mas a questão da burla da fila de vacinação ocorre em meio à competência material municipal, que é de aplicação das vacinas, razão pela qual a competência é da Justiça Comum Estadual", diz o texto.

 

O que disse o prefeito

 

O Tribunal informou que o processo encontra-se sob sigilo judicial, portanto, não se manifestará sobre o assunto e que o desembargador José Hamilton Saraiva dos Santos também não comenta processos que estejam em andamento sob sua relatoria.

 

O prefeito de Manaus, David Almeida, disse em nota estar "profundamente indignado com a atuação ilegal e arbitrária" de membros do Ministério Público e informou que "ingressará com as medidas cabíveis contra os responsáveis". O texto ainda afirma que "não há o menor indício de desvio de recursos públicos, ato lesivo ao erário ou repercussão criminal".

 

Problemas na vacinação no Amazonas

O Amazonas já recebeu, até esta quarta-feira (27), 326.920 doses da CoronaVac, produzida pelo Instituto Butantã, e 132,5 mil doses da vacina de Oxford/AstraZeneca.

A vacinação começou no dia 18 de janeiro na capital e no dia 19 no interior. Porém, já nos primeiros dias de vacinação, começaram a surgir denúncias de pessoas furando a fila da vacinação.


Fonte: Globo.com

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