PF também faz buscas no Brasil. No domingo do primeiro turno das eleições municipais (dia 15), uma invasão expôs informações administrativas de ex-servidores e ex-ministros do TSE.
Por Gabriel Palma, TV Globo — Brasília
Um hacker suspeito de invadir sistemas
do Tribunal Superior Eleitoral (TSE)
foi preso neste sábado (28) em Portugal, numa operação conjunta entre a Polícia
Federal e a Unidade Nacional de Combate ao Cibercrime e Criminalidade
Tecnológica da Polícia Judiciária Portuguesa.
O preso é um
cidadão português de 19 anos, segundo comunicado da polícia portuguesa, que usa
o codinome Zambrius e comandaria um grupo intitulado Cyberteam.
De acordo com a
PF, em São Paulo e Minas Gerais, seriam cumpridos três mandados de busca e
apreensão e três medidas cautelares de proibição de contato entre investigados
e, em Portugal, além do mandado de prisão, um mandado de busca e apreensão.
O inquérito
instaurado pela Polícia Federal apura os crimes de invasão de dispositivo
informático e de associação criminosa. De acordo com as investigações, um grupo
de hackers brasileiros e portugueses foi o autor do ataque ao sistema do TSE.
Segundo informou a
PF, os mandados cumpridos no Brasil foram autorizados pelo juízo da 1ª Zona
Eleitoral do Distrito Federal, após representação da PF e manifestação
favorável da 1ª Promotoria de Justiça Eleitoral.
No domingo do
primeiro turno das eleições municipais (dia 15), os hackers expuseram
informações administrativas de ex-servidores e ex-ministros do TSE.
O objetivo da
divulgação na data da eleição seria desacreditar a segurança do sistema de
computadores da Justiça Eleitoral. Mas, segundo a Polícia Federal, a invasão
não atingiu os sistemas relacionados à eleição porque as urnas eletrônicas não
são ligadas à internet — portanto, os equipamentos não são vulneráveis a
ataques.
"Não foram
identificados quaisquer elementos que possam ter prejudicado a apuração, a
segurança ou a integridade dos resultados da votação", informou a PF.
A operação foi
batizada de "Exploit", expressão definida pela PF como "uma
parte de software, um pedaço de dados ou uma sequência de comandos que tomam
vantagem de um defeito a fim de causar um comportamento acidental ou imprevisto
no software ou hardware de um computador ou em algum dispositivo
eletrônico".
A apuração inicial
era de que os dados obtidos pelo hacker se referiam ao período de 2001 a 2010.
Mas depois se constatou acesso a dados de
2020, como endereços e telefones, no Portal do Servidor, um
sistema administrativo sem relação com o processo eleitoral.
A suspeita era de
que o ataque tivesse acontecido antes de 1º de setembro porque o material não
mostrava informações registradas nos arquivos do TSE após o dia 2 daquele mês.
Outra
tentativa
Além da divulgação
dos dados, no domingo também houve outra tentativa de ataque
hacker aos sistemas do TSE, que acabou neutralizada. Esse
ataque consistiu em múltiplos acessos oriundos de Brasil, Nova Zelândia e
Estados Unidos.
O TSE informou que
uma comissão do tribunal vai acompanhar as investigações da PF sobre os ataques
cibernéticos do último dia 15.
A Comissão de
Segurança Cibernética será comandada pelo ministro Alexandre de Moraes.
O grupo também vai
elaborar estudos sobre ações de prevenção e enfrentamento de crimes cometidos
pela ação de hackers.
A comissão conta
também com a participação do corregedor-geral do TSE, ministro Luis Felipe
Salomão; do delegado federal Disney Rosseti, assessor especial de Segurança
Institucional do TSE; de dois juízes auxiliares do TSE e de um representante da
Secretaria da Tecnologia da Informação (STI) do TSE.
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