A direção do Operário de Várzea
Grande, no Mato Grosso, desistiu da contratação do goleiro Bruno.
A decisão foi tomada após a perda de patrocínios e dos protestos organizados
por moradores da cidade e torcedores do clube.
"Foi uma
pressão muito grande e dois patrocinadores acabaram desistindo. Sem dinheiro,
você não consegue fazer futebol", afirmou André Xela, supervisor de
futebol do Operário, em entrevista a ÉPOCA. "A gente teve que desistir.
Agradecemos o apoio de parte dos torcedores que havia apoiado nossa
contratação, mas percebemos também que muitos não gostaram. Em prol do clube e
da torcida, achamos melhor cancelar a contratação".
A saída de
patrocinadores, diante da repercussão negativa da contratação, poderia
inviabilizar as finanças do clube.
Em entrevista ao jornal
O Tempo, a advogada de Bruno, Mariana Migliorini, confirmou o fim da negociação
com o clube. Segundo ela, o goleiro ficou "extremamente triste, sem dormir
e sem comer" após saber da notícia.
Disse ainda
que os empresários de Várzea Grande não querem ter o nome de Bruno vinculado a
eles "por conta da repercussão social".
Perda de patrocinadores
As empresas
Sicredi e Martinello, patrocinadoras do Campeonato Estadual do Mato Grosso,
solicitaram na manhã nesta terça (21) a retirada de suas marcas do uniforme do
clube. Os recursos repassados à Federação bancam viagens, hospedagens,
arbitragem e transporte.
Também nesta
terça a Locar Gestão de Resíduos anunciou a suspensão do patrocínio por tempo
indeterminado ao ser questionada pela ÉPOCA. Outros dois parceiros do clube
também comunicaram à direção que iriam interromper o acordo até que a situação
se resolvesse.
A Prefeitura de Várzea
Grande, outra patrocinadora do clube, informou que aguardaria a definição do
orçamento para avaliar a continuidade do apoio. Em nota enviada ontem a ÉPOCA,
afirmou que “não é de sua alçada interferir nas decisões do clube Operário, que
é uma empresa privada”.
Responsável
pela confecção dos uniformes do Operário, a Invicttus disse em nota publicada
em suas redes sociais que "não tem poderes para contratar jogador A ou
B" e que foi contratada "única e exclusivamente para produzir os
uniformes do clube para a temporada 2020".
Manifestações
O Conselho
dos Direitos da Mulher de Mato Grosso repudiou a contratação de Bruno por
acreditar que "ultrapassa a questão esportiva" e "alcança as
famílias e as crianças". Em nota, citou que "Várzea Grande, especialmente,
é um dos municípios com os índices mais altos de mulheres que sofrem violência
e morrem todos os dias".