Eleito por
aclamação para a presidência da Federação das Indústrias do Estado do Ceará
(Fiec), o empresário Ricardo Cavalcante foi alvo de elogios e também de muitas
expectativas dos 39 presidentes de sindicatos filiados à Fiec, na manhã de ontem
(16). Todos depositaram nele a esperança de superar gargalos para que a
indústria no Ceará volte a crescer.
Inovação, relacionamento com
governos e a superação da crise econômica estiveram entre os apontamentos dos
líderes industriais que marcaram presença na Casa da Indústria - sede da Fiec.
Em resposta, Cavalcante disse que irá assumir o cargo - em setembro deste ano -
com a missão de dar continuidade ao trabalho do atual presidente Beto Studart.
"Depois de receber a
aclamação desta assembleia geral, eu me sinto na obrigação de iniciar o mandato
e legitimar o papel que vocês me delegaram", declarou. O mandato terá
duração de cinco anos e começa no dia 23 de setembro. Atualmente, Cavalcante é
diretor administrativo da Fiec e presidente do Sindminerais. Além de Ricardo
Cavalcante, como presidente, a chapa única conta com Carlos Prado, Roseane
Medeiros, Jaime Belicanta e André Montenegro, como vice-presidentes. Entre os
desafios a serem enfrentados pela nova gestão, Montenegro destaca a necessidade
de atuar em pautas voltadas para geração de empregos.
"A gente precisa sair
desse marasmo e realmente criar uma nova era para o nosso País", disse.
Montenegro, que é presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil do
Ceará (Sinduscon-CE), defende ainda que a Fiec atue no sentido de formar um
bloco voltado para atender às necessidades do setor da construção civil, o qual
responde por 36% do Produto Interno Bruto (PIB) industrial do Estado.
Mais empregos
"O Sinduscon está
participando com a vice-presidência e nós pretendemos colaborar com as pautas
importantes para geração de empregos. E, além de nos apoiar no treinamento de
mão de obra, com o Sistema S, a Fiec é quem nos representa politicamente em
âmbito nacional", destacou.
Para Carlos Prado, a nova
administração tem o desafio de dar sequência à atual gestão num ambiente
econômico ainda desfavorável. "O Ricardo assume com uma responsabilidade
muito grande. O trabalho do Beto foi exemplar e mesmo num ambiente de muita
corrupção em vários setores, essa federação foi um exemplo de instituição e de
integridade. Mas a equipe é muito boa e temos que dar continuidade àquilo que
já foi feito", declarou.
Prado diz que, apesar das
dificuldades enfrentadas nos últimos quatro anos, a Fiec conseguiu dar seus
melhores passos. "Então, daqui para a frente, a tendência é a economia do
Brasil melhorar. Os fatos estão aí acontecendo, e nos próximos meses a gente já
vai ter bons sinais, a menos que o governo tome medidas, que ameaçou tomar, com
relação ao Sistema S. Só o governo pode diminuir o potencial dessa nova
administração".
Sobre as especulações de que
o Governo Federal poderá reduzir os recursos destinados ao "Sistema
S", Cavalcante foi preciso: "Temos que mostrar o que nós estamos
fazendo, mostrar a quantidade de trabalho que é feita no Sistema S. Acho que
está faltando diálogo nesse sentido".
Indústria protagonista
O presidente do Conselho de
Inovação e Tecnologia (Cointec) da Fiec, Sampaio Filho, avalia que a gestão de
Studart consolidou o papel da inovação na Fiec. "A bandeira dele sempre
foi a da inovação dentro das nossas indústrias e do desenvolvimento do próprio
Estado do Ceará", disse. "E isso vai facilitar bastante o trabalho do
Ricardo". Além disso, Sampaio Filho diz que a instituição deve trabalhar
cada vez mais perto da academia. "É preciso ter uma aproximação maior da
academia com o setor industrial. Outro ponto é aproximar cada vez mais os
governos, municipal, estadual e federal, para que eles entendam as demandas do
setor e a gente possa trabalhar de braços dados", diz Sampaio.
O presidente do Conselho
Temático das Cadeias Produtivas e Agronegócios da Fiec (Conag), Bessa Júnior,
ressalta que Cavalcante foi fundamental para a gestão de Beto Studart e que já
está preparado para os próximos cinco anos. "A nossa expectativa é que o
Brasil volte a andar. A gente vê toda uma disposição, uma boa vontade, uma
movimentação, mas as coisas não estão acontecendo. O setor da indústria vai ter
um grande desafio, que é ser protagonista nesse momento", observa.
Presente ao evento, o diretor
institucional do Grupo Edson Queiroz, Igor Queiroz, destaca que a eleição de
Cavalcante assegura a continuidade do trabalho que Beto Studart desenvolveu à
frente da Fiec.
"Estamos em um momento
em que a economia ainda está andando de lado, e é preciso que haja um esforço
colossal, por parte dos industriais, para gerar renda, gerar empregos, em um
estado pobre e com muita desigualdade social", afirmou.
Pequenos na exportação
Já a gerente do Centro
Internacional de Negócios (CIN) da Fiec, Ana Karina Frota, diz que Cavalcante
tem todas as condições de fomentar a indústria exportadora do Estado. "A
Fiec continuará avançando, sendo uma referência nacional, comprometida com a
indústria. Acredito que a gente terá condições efetivas de transformar a realidade
econômica das empresas exportadoras, para que a gente possa, de fato, tornar a
nossa indústria uma indústria global", afirma.
Karina diz, no entanto, que o
principal desafio, hoje, é capacitar as pequenas empresas locais para que elas
possam atuar no mercado internacional com preços competitivos. "Isso é o
que falta para que a gente coloque o produto do Ceará no mercado
internacional", pontua.
Transição
Para o atual presidente, Beto
Studart, a eleição por aclamação representa uma vitória para a sua
administração, que conseguiu se unir em torno de uma candidatura única.
"Há cinco anos, eu assumi por aclamação com a hercúlea missão de suceder o
Roberto Macedo. E consegui manter pacífica a nossa Fiec", disse.
"Mas isso também é uma
vitória dos nossos sindicatos". Studart disse ainda que, durante o período
de transição, irá, aos poucos, se afastar das atividades na Federação.
"Começa agora uma nova etapa da minha vida. E passo a me dedicar mais aos
meus negócios", finalizou Studart.
Na casa da indústria,
empresários apontaram as pautas de inovação, relacionamento com governos e a
superação da crise econômica como principais pautas da nova gestão da Fiec