Em artigo publicado ontem, o ex-presidente da
República, Fernando Henrique Cardoso, escreveu que, se o PSDB não desembarcar
do governo em dezembro, os tucanos se tornarão "coadjuvantes na briga
sucessória". Ele propõe, contudo, que, apesar do desembarque, a sigla
continue apoiando as reformas propostas pelo governo. As teses expostas por FHC
também são defendidas pelo presidente interino da sigla, o senador cearense
Tasso Jereissati.
FHC reconhece que o PSDB não vai "deixar de
pagar por ter dado a mão ao governo Temer e de tê-la chamuscado por
inquérito". Ele defende a decisão de ter apoiado o impeachment contra
Dilma Rousseff e ter entrado no governo, mas acredita que agora a situação chegou
a um "ponto crítico" e que os tucanos precisam tomar uma decisão.
O ex-presidente sublinha a necessidade do PSDB de
"passar a limpo o passado recente" e continuar com o "mea
culpa" que o presidente do partido, Tasso Jereisatti, fez há alguma
semanas num polêmico vídeo, ao qual recebeu fortes ataques de um setor da
legenda, especialmente do mais envolvido com o atual governo. Fernando Henrique
Cardoso se esquiva de apoiar algum dos possíveis candidatos na eleição
presidencial do ano que vem, mas pede ao PSDB que aproveite também esta
convenção para "juntar as facções internas e centrar o fogo nos
adversários externos".
São Paulo
A direção paulista do PSDB pretende iniciar, a
partir do próximo domingo (12), quando acontecem as convenções estaduais do partido,
um movimento para cobrar o desembarque do governo Temer.
O presidente do PSDB em São Paulo, o deputado
estadual Pedro Tobias afirma concordar com o diagnóstico feito por FHC. Segundo
Tobias, após as eleições internas da semana que vem, os paulistas deverão
convocar os outros dirigentes estaduais a se rebelarem contra o apoio a Temer.
Líder do partido na Câmara, o deputado Ricardo
Tripoli, também de São Paulo, declarou que os tucanos já deveriam ter deixado o
governo Temer.