Lucas Soares, Danilo Vieira, RJ2.
Armas identificadas por
insígnias e apelidos apontam ligação entre o Comando Vermelho e outras regiões;
Polícia diz que registros indicam rota de chegada por países vizinhos.
O arsenal de 91 fuzis
apreendido na megaoperação feita nos complexos da Penha e no Alemão na última
terça-feira (28) incluía armas de exércitos da Venezuela, Argentina, Peru e
Brasil.
“Chamou nossa atenção, embora
não seja algo inédito, a presença fuzis de forças armadas não só do Brasil como
outros países da América do Sul", diz o delegado Vinicius Domingos, da
Coordenadoria de Fiscalização de Armas e Explosivos.
Foram achados fuzis das forças
armadas da Venezuela, um das forças armadas do Peru e também um das forças
armadas da Argentina, além de armas das forças armadas do Brasil.
Insígnias e detalhes de alguns
dos 93 fuzis apreendidos na megaoperação estão ajudando a polícia dimensionar o
poder de fogo que o crime organizado ostenta hoje em comunidades cariocas e
relações do Comando Vermelho com quadrilhas de outros estados.
Os fuzis passarão por perícia
e serão analisados em detalhes pelos investigadores, que buscam identificar
fornecedores e rotas de chegada. Armas que estiverem em bom estado de
conservação poderão ser incorporadas ao arsenal da polícia.
De acordo com investigadores,
muitos dos armamentos trazem iniciais, desenhos e inscrições que identificam
facções ou apelidos de traficantes, inclusive referências a grupos de outras
unidades da federação. Domingo relatou exemplos que ilustram essa conexão.
“Uma das imagens faz
referência ao bonde do Panda, que é um dos criminosos lá do Complexo do
Alemão.”
Em outros fuzis, há inscrições
que remetem a crimes específicos — como o artigo 157, relativo a roubo — uma
forma, segundo a polícia, de indicar que a arma pertence a uma fração da
quadrilha voltada para esse tipo de delito. Há ainda marcas que apontam para a
presença de traficantes de outros estados, como a inscrição “baiano” em um dos
armamentos.
“Fuzil com símbolo escrito
baiano — um fuzil do CV da Bahia, que estava com mais um criminoso”, disse o
delegado.
“Tropa do Lampião, faz
referência a criminosos do Nordeste que se encontraram nos morros cariocas.”
Segundo a investigação, armas
adquiridas por quadrilhas de fora chegavam ao Rio e eram revendidas nos
arsenais locais, gerando nova fonte de renda para traficantes cariocas. Em um
dos itens apreendidos havia uma bandoleira com identificação do Complexo do
Alemão e marca da facção Família do Norte (Manaus).
Fuzil que segundo
investigações seria de bandidos do Nordeste — Foto: Reprodução/RJ2
As armas recolhidas são, em
sua maioria, fuzis nos calibres 5.56 e 7.62, fabricadas principalmente na
Europa; a polícia acredita que muitas chegam ao Brasil via Paraguai. Sobre sua
letalidade, o delegado Vinicius Domingos explicou que, por exemplo, um fuzil
G3, de fabricação alemã, é capaz de disparar até 10 tiros por segundo.
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