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Vereador suplente de Fortaleza é cassado por abuso de poder e ameaça a opositores nas eleições.

 


Legenda: Juninho Aquino tomou posse como suplente na Câmara Municipal de Fortaleza em junho deste ano.
Foto: Erika Fonseca / CMFor

O TRE-CE julgou recurso interposto à decisão de primeira instância; parlamentar diz ser vítima de "perseguição política"

O Tribunal Regional Eleitoral do Ceará (TRE-CE) decidiu, por unanimidade, cassar o mandato de Juninho Aquino (Novo), vereador suplente em exercício de Fortaleza, nesta segunda-feira (18).

 

O PontoPoder buscou a equipe jurídica do vereador para pronunciamentos acerca da decisão. Por meio de nota, a defesa afirmou que o cliente sofre "perseguição política" devido ao seu bom desempenho eleitoral. Informou, ainda, que será interposto recurso a instâncias superiores.

A Corte julgou recurso interposto à decisão de primeira instância, que rejeitou ação por abuso de poder e ameaça a opositores por meio da facção criminosa Comando Vermelho (CV) nas eleições de 2024.

 

Nesta segunda, o procurador regional eleitoral do Ceará, Samuel Arruda Miranda, foi categórico ao argumentar que, diferentemente do que entendeu a 112ª Zona Eleitoral, há indícios claros da ligação do vereador com o grupo criminoso.

 

O juízo optou por uma saída lateral que não enfrenta a realidade. [...] Nós precisamos ser firmes na coibição desse abuso porque uma decisão excessivamente fundada em filigranas técnicas pode nos conduzir a um ponto de não retorno. Nós tivemos uma situação em Santa Quitéria que se iniciou em 2020, agravou-se em 2024, e a situação de Fortaleza é quase que insustentável.

Samuel Arruda Miranda

Procurador regional eleitoral do Ceará

O pleno, contudo, seguiu por outro caminho, que ainda assim resultou na condenação de Juninho Aquino.

 

O relator do caso, desembargador eleitoral José Maximiliano Machado, entendeu que não foram apresentadas provas concretas que ligassem o então candidato a grupo criminoso, tomando como base os depoimentos de testemunhas.

 

Algumas delas, ligadas à campanha do denunciante, o ex-vereador Márcio Cruz (PCdoB), relataram ser alvo direto de intimidação ou ter tomado conhecimento de atitudes do tipo por meio de terceiros, sem saber identificar, contudo, se partiam de membros de facção criminosa.

 

Já as testemunhas arroladas pela parte investigada negaram categoricamente a ocorrência de atos de proibição de campanha e ameaças de facções, especificamente a opositores de Juninho nos bairros Padre Andrade e Jardim Iracema, onde teriam acontecido os delitos, segundo a ação.

 

Para o relator, “não há prova de que (os atos) tenham sido fomentados, instrumentalizados e autorizados pelo recorrido (Juninho) com respaldo de grupos criminosos”.

 

Por outro lado, o pleno reconheceu que houve, sim, coação a eleitores e apoiadores do então candidato Márcio Cruz, ainda que não fosse provada a relação com o Comando Vermelho nesse caso diretamente.

 

O relator embasou sua afirmação listando ações como "gritos de guerra autoritários, uso de aparelhos de som e motores de motocicletas em volume elevado para a criação de um ambiente de terror e hostilidade, na intimidação de apoiadores, na disseminação de ordens de retirada, de mudança de local de passeata, de fechamento de comitê, na inutilização de material de campanha, atos esses utilizados por pessoas a serviço de Juninho, alguns deles na sua própria presença".

 

Para ele, não havia “enfrentamento pontual de grupos antagônicos, mas a adoção de modus operandi especifico, sistematizado, reiterado e organizado como estrategia para impedir a campanha adversaria pela propagação do medo”. Em síntese, o vereador foi condenado por “abuso pelo mau uso da militância”.

 

Veja nota da defesa de Juninho na íntegra

A defesa do Sr. Júlio Aquino Junior esclarece que só se manifestará após a divulgação oficial do Acórdão que reformou a sentença absolutória, que atendeu o pleito do Ministério Público, quando este opinou pela improcedência da ação, por ausência de provas.

 

O Sr. Júlio Aquino Júnior sofre perseguição política, tendo em vista a sua votação expressiva, o que gerou a insatisfação de um determinado candidato. A defesa irá recorrer às instâncias superiores, e demonstrar ao final a inocência do Sr. Júlio Aquino Junior.

 

Quem é Juninho Aquino?

Pelo segundo mandato, Juninho Aquino ocupa assento no Parlamento Municipal de maneira interina. Na legislatura passada, ele tomou posse durante o afastamento de Marcelo Lemos.

 

Nesta legislatura, quem tirou licença foi Ana Aracapé (Avante). O substituto, então, assumiu a cadeira em junho. Formado em Direito pela Universidade de Fortaleza (Unifor), ele tem forte vínculo com os bairros Jardim Iracema e Padre Andrade.

 

“A gente que nasceu e se criou na periferia de Fortaleza, costuma dizer que o vereador é a ligação da população, da sociedade, com o poder Executivo. Então a gente está para fazer essa ponte. O fato de assumir de forma temporária só nos dá uma força maior para trabalhar. A gente vai ter agora uma voz mais ativa na tribuna”, declarou na ocasião da posse mais recente.


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