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Golpes foram aplicados na cabeça, peito e costas de Igor Peretto, de 27 anos. O cadáver foi encontrado jogado na suíte do apartamento da irmã dele, Marcelly Peretto, em Praia Grande (SP). A familiar, o marido dela, Mario Vitorino, e a viúva Rafaela Costa foram presos.
O g1 teve acesso
ao laudo pericial da cena do homicídio do
comerciante Igor Peretto, de 27 anos. O documento revelou que a vítima
foi assassinada com 11 facadas no apartamento da irmã, Marcelly Peretto,
em Praia
Grande (SP). No momento do crime, no dia 31 de agosto, Marcelly e o marido
dela, Mario Vitorino, estavam no imóvel. A viúva Rafaela Costa também esteve no
local, mas foi embora antes de o esposo e Mario, de quem era amante, chegarem
ao apartamento.
Já Mario foi encontrado e
preso no último domingo (15) na casa de um tio da amante em Torrinhas (SP). Ele
já foi levado à Baixada Santista, onde segue detido. Os três são suspeitos
de participação no assassinato.
O laudo, obtido pela
reportagem, detalha as lesões de Igor: sete facadas na região do
peitoral, uma na testa, uma no lado direito do rosto, uma próxima à orelha
direita e uma nas costas.
A PM foi acionada pela síndica
do prédio após ela ter ouvido muito barulho e não ter conseguido contato com
Marcelly, a dona do apartamento. No local, os policiais precisaram forçar a
entrada no imóvel e se depararam com um cenário de violência, de luta corporal,
com muito sangue e o corpo de Igor no quarto.
Segundo o laudo, as
manchas de sangue foram os principais vestígios encontrados pela perícia.
Elas estavam no corredor do prédio e dentro do apartamento.
Do lado de fora do imóvel
apresentavam-se como pingos. Eles estavam na escadaria entre o 4ª andar, onde
mora Marcelly, e o 2º andar. De acordo com o documento, essas informações
sugerem que o suspeito foi ferido, o que pode ajudar nas investigações por
meio de exames de DNA.
No interior do apartamento, as
manchas estavam espalhadas por vários cômodos, principalmente na sala, na
cozinha, no corredor e na suíte, onde o cadáver foi encontrado. O laudo aponta
que os sinais encontrados indicam uma luta intensa pelo imóvel.
A faca usada no crime
A faca, considerada pela
perícia como provável instrumento usado no crime, estava coberta de sangue e
foi encontrada no chão do banheiro social. Ela tem 36 cm de
comprimento total, 23 cm de lâmina pontiaguda e uma largura máxima de 5 cm.
Após a faca ser examinada para
coleta de impressões digitais, o perito responsável concluiu que, pela natureza
de suas características, ela era capaz de causar as lesões observadas no
cadáver.
O documento revelou, ainda,
que a ponta da lâmina estava ligeiramente entortada, o que sugere que a faca
pode ter sido usada com força considerável durante o ataque.
Sinais de luta
A porta do guarda-roupa na
suíte, onde o corpo foi encontrado, estava danificada e tombada. Tal situação
pode sugerir uma briga intensa no local, de acordo com o perito.
Outro aspecto que chamou a
atenção: os danos nos batentes das portas do banheiro e do quarto entre o
banheiro e a suíte. Eles apontam, de acordo com o documento, para uma tentativa
de arrombamentos. Entretanto, não foram encontrados fragmentos de madeira,
o que pode dar a entender que os danos seriam anteriores.
Mario, o último preso
Mario Vitorino chegou a Praia
Grande (SP) na tarde de terça-feira (17), após mais de duas semanas
foragido. O repórter cinematográfico Fábio Pires, da TV Tribuna, afiliada
da TV Globo, registrou o momento em que ele entrou na Delegacia de
Investigações Gerais (DIG)
O
cunhado e sócio de Igor foi preso na manhã de domingo, no interior paulista. Ele
estava escondido
na casa de um tio de Rafaela, viúva de Igor e amante de Mario. Tanto
Rafaela quanto a irmã da vítima, Marcelly Peretto, já haviam sido detidas.
Mario era procurado desde 31
de agosto, data em que Igor foi morto. Depois
de ter sido preso pela PM, ele foi conduzido à Delegacia Seccional de Rio Claro
(SP), onde passou por audiência de custódia, na segunda-feira (16), e teve
a prisão mantida pelo juiz.
A
prisão só foi possível graças às informações que o irmão da vítima, o vereador
Tiago Peretto, recebeu em forma de denúncia anônima sobre o paradeiro do
cunhado. Embora o suspeito ainda seja casado com Marcelly, eles não
estavam mais juntos, e sequer moravam no mesmo apartamento.
Legítima defesa
O advogado criminal Mario
Badures, que faz a defesa de Mario Vitorino, disse que, com base nos
depoimentos prestados por Marcelly e Rafaela à polícia, houve uma luta
corporal no apartamento e Igor teria investido contra o suspeito, que usou
uma faca para se defender.
"Eu só posso me
manifestar sobre isso [o que ocorreu] após ter acesso aos autos. O processo
está em segredo. Não quero me antecipar de nada, mas é um caso claro clássico
e evidente de legítima defesa", afirmou Badures.
"Detalhes dessa dinâmica,
como que foi, como não foi, aí não consigo [dizer]". Bardures ressaltou
que a defesa pretende colaborar com a investigação e assegurar que a tese da
legítima defesa seja compreendida.
Ainda segundo o
advogado, Mario está com hematomas no corpo devido à luta com Igor no
dia do crime. Ele também disse que requisitou um novo exame de corpo de delito.
O advogado também citou que o cliente tem um ferimento profundo em uma das
mãos.
A Polícia Civil ainda não
informou quem matou Igor, encontrado morto no dia 31 de agosto. O que se sabe é
que, dentro do apartamento onde ocorreu o crime, estiveram Igor, Rafaela Costa
(esposa de Igor), Marcelly Peretto (irmã de Igor) e Mario Vitorino (marido de
Marcelly).
De acordo com os depoimentos,
Rafaela tinha um caso com Mario. Além disso, o advogado de Marcelly, Leandro
Weissmann, disse que a irmã de Igor e Rafaela tiveram um envolvimento
amoroso no local antes da chegada de Igor e Mario no apartamento.
Cronologia do crime
O que se sabe sobre a
cronologia do crime até o momento:
04:32:38 - Marcelly e Rafaela chegam de carro ao prédio de Marcelly;
05:40:17 - Rafaela vai embora do apartamento de Marcelly;
05:42:27 - Rafaela deixa o local com o carro;
05:42:40 - Mario e Igor chegam ao prédio de Marcelly;
05:44:40 - Mario e Igor saem do elevador em direção ao apartamento de
Marcelly;
06:04:31 - Mario e Marcelly saem do apartamento pelas escadas e acessam o
subsolo, logo após o homicídio;
06:05:03 - Mario e Marcelly saem pela rampa do subsolo e vão em direção ao
carro dele;
06:05:25 - Mario e Marcelly partem de carro em direção ao apartamento
dele;
06:11:29 - Mario e Marcelly chegam ao prédio dele;
06:16:44 - Mario e Marcelly deixam o prédio dele e fogem;
08:48:00 (aproximadamente) - Mario e Marcelly se encontram com Rafaela em
um posto na Rodovia Governador Carvalho Pinto, no km 124, em Caçapava (SP),
onde a viúva abandonou o carro e embarcou no carro do amante, onde já estava a
irmã da vítima;
09:47:42 - Mario, Marcelly e Rafaela chegam em Campos de Jordão (SP), onde
a irmã da vítima teria entrado em um carro por aplicativo e retornado para
Praia Grande;
12:28:00 - Mario e Rafaela se hospedam em um motel em Pindamonhangaba
(SP), onde permanecem até 15h37. No mesmo dia, abandonam o carro dele no Centro
da cidade.
Igor
e Mario também foram filmados chegando de carro ao prédio, às 5h42. A dupla
subiu de elevador aproximadamente dois minutos depois. Na ocasião, o
comerciante parecia questionar o cunhado antes de acessar o imóvel da irmã. Este
é o último registro dele, feito pelas câmeras de monitoramento.
Mario
e Marcelly são casados no papel, mas já não estavam mais juntos. O crime
aconteceu no imóvel dela, onde foram filmados saindo às 6h04. O casal desceu
pelas escadas, foi até o subsolo e deixou o prédio a pé pela garagem.
De
lá, os dois foram de carro para o apartamento de Mário, que fica a poucos
quilômetros de distância do local do assassinato. Eles chegam ao prédio às
6h11, ficaram aproximadamente cinco minutos e saíram segurando bolsas e outros
objetos.
A Polícia Militar foi acionada
pela síndica. Com a ajuda de um chaveiro, solicitado por ela, a porta foi
aberta e os agentes notaram sinais de sangue no corredor. Eles encontraram o
corpo de Igor caído em um quarto, próximo da janela.
Segundo apurado pela TV
Tribuna, afiliada da Globo, o carro utilizado por Mario foi localizado por
policiais civis de Praia Grande perto de uma agência dos Correios em
Pindamonhangaba. Após uma perícia, ele foi levado à Delegacia de Investigações
Gerais (DIG) de Praia Grande, na noite de quinta-feira (5).
As imagens gravadas pelo
repórter Matheus Croce, da TV Tribuna, mostram que o câmbio e o banco tinham
marcas que, aparentemente, são de sangue. Uma garrafa com marcas parecidas
também foi encontrada jogada no chão do veículo.
Fonte: G1
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