Em
carta enviada com aprovação do Papa, parecer da Secretaria para a Doutrina da
Fé simboliza “sinal verde” para experiência espiritual de Nossa Senhora da Rosa
Mística
Da
Redação, com Vatican News
A
Secretaria para a Doutrina da Fé publicou um documento no qual aborda a devoção
à Nossa Senhora da Rosa Mística. Trata-se de uma carta assinada pelo prefeito
do Dicastério, Cardeal Victor Manuel Fernandez, com aprovação do Papa, e
enviada ao bispo de Brescia, Pierantonio Tremolada, região onde vivia a vidente
Pierina Gilli.
No
texto, o departamento vaticano afirma que “não encontrou elementos nas
mensagens divulgadas por Pierina Gilli que contradigam diretamente o
ensinamento da Igreja católica sobre a fé e a moral”. “Em vez disso”, registra
a carta, “é possível encontrar vários aspectos positivos que se destacam nas
mensagens como um todo e outros que, por sua vez, merecem esclarecimento para
evitar mal-entendidos”.
O
posicionamento do dicastério constitui um “sinal verde” para a experiência
espiritual de Nossa Senhora de Fontanelle, com base nas novas Normas para o
discernimento de supostos fenômenos sobrenaturais, publicadas em 17 de maio
passado. O novo regulamento estabelece que o principal objetivo do
discernimento não é estabelecer a possível sobrenaturalidade do fenômeno, mas
sim avaliar, do ponto de vista doutrinal e pastoral, o que resultou de sua
propagação.
Pontos
positivos e a ser considerados
Na
carta articulada sobre a Rosa Mística e as mensagens recebidas por Pierina
Gilli, a secretaria destaca, em primeiro lugar, os aspectos positivos. Entre
eles cita o fato de que os escritos da vidente “expressam uma humilde e
completa confiança na ação materna de Maria e é por isso que não encontramos
nela atitudes de vanglória, autossuficiência ou vaidade, mas sim a consciência
de ter sido gratuitamente abençoada pela proximidade da bela Senhora, a Rosa
mística”.
Além
disso, o departamento observa que “ao mesmo tempo em que exalta essa beleza de
Maria com todo o seu afeto e admiração, Pierina reconhece claramente que tudo o
que Maria faz em nós sempre nos direciona a Jesus Cristo”.
Contudo,
nos diários da vidente, explica o dicastério para a Doutrina da Fé, há também
“expressões que nem sempre são apropriadas e exigem interpretação”. São os
textos em que Nossa Senhora é apresentada como medianeira, exercendo um papel
moderador da justiça divina e dos “terríveis castigos”.
No
entanto, o contexto representado pelas mensagens como um todo, escreve o
Dicastério, deixa claro que “a intenção certamente não é transmitir uma imagem
de Deus ou de Cristo que seja distante ou carente de misericórdia, que deveriam
ser ‘contidos’ pela ‘mediação’ de Maria”.
As
três rosas
Outro
ponto destacado pela secretaria é que as três rosas com o significado de
“oração – sacrifício – penitência”, apropriadas e centrais para a vidente e sua
experiência espiritual particular, não devem “necessariamente ser pensadas como
dirigidas a todos os crentes”. Desta forma, é melhor evitar apresentá-las como
“o núcleo, o centro ou a síntese do Evangelho, que só pode ser a caridade, como
o Novo Testamento lembra em várias passagens”.
Por
fim, o dicastério reitera que somente Jesus Cristo é o Redentor da humanidade.
Assim, a cooperação de Maria “deve ser sempre entendida no sentido de sua
intercessão materna e no contexto de sua ajuda para criar disposições para que
possamos nos abrir à ação da graça santificante”.
“Interpretada
sob essa luz”, conclui a carta, “podemos sustentar que a proposta espiritual
que brota das experiências narradas por Pierina Gilli em relação a Maria Rosa
Mística não contém elementos teológicos ou morais contrários à doutrina da
Igreja”.
Sobre
a devoção
As
aparições de Nossa Senhora da Rosa Mística e também sob o título de “Mãe da
Igreja” estão ligadas a Fontanelle, situada ao sul de Montichiari, na província
de Brescia, no norte da Itália. A vidente é Pierina Gilli, nascida em uma
família de camponeses, que trabalhava como perpétua e como enfermeira em um
hospital e levava uma vida muito simples até sua morte em 1991, aos 80 anos de
idade.
Os
fenômenos místicos que a envolveram abrangem dois períodos de tempo: o primeiro
data de 1947, quando Nossa Senhora teria aparecido a Pierina, apresentando-se
com os títulos de “Rosa Mística” e “Mãe da Igreja”. No manto branco de Maria,
Gilli diz que também viu três rosas – uma branca, uma vermelha e uma amarela –
simbolizando a oração, a penitência e o sofrimento.
O
segundo ciclo de aparições ocorreu em 1966, em Fontanelle. No dia 13 de maio,
Nossa Senhora indicou uma fonte específica para Pierina como um local de
purificação e fonte de graças. No mesmo ano, um santuário começou a ser
construído no local, não como uma igreja, mas como um anfiteatro aberto. De um
lado, há uma capela para a celebração da Eucaristia e, do outro, uma segunda
capela menor para proteger a fonte indicada pela aparição.
Reações
da Igreja
Na
década de 1960, o então bispo de Brescia, Giacinto Tredici, não acreditava que
as aparições tivessem uma origem sobrenatural, e a mesma atitude foi mantida
por seus sucessores. Em abril de 2001, no 10º aniversário da morte de Pierina
Gilli, o bispo Giulio Sanguineti nomeou um padre para acompanhar o culto em
Fontanelle.
Posteriormente,
em 17 de dezembro de 2019, o local mariano foi proclamado “Santuário Diocesano
Rosa Mística – Mãe da Igreja”. A proclamação ocorreu durante uma celebração
eucarística presidida pelo atual bispo de Brescia, Pierantonio Tremolada,
destinatário da carta do dicastério.
Fonte: Canção Nova
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