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As chuvas, abaixo da média em
grande parte da região, somadas às previsões de temperaturas acima da
normalidade, já são motivo de preocupação para as autoridades com o período de
estiagem na Amazônia em 2024. O Centro Gestor e Operacional do Sistema de Proteção
da Amazônia (Censipam) fez um alerta aos órgãos de defesa civil para
necessidade de medidas preventivas e de assistência às populações afetadas.
De acordo com o analista do
Censipam Flavio Altieri, os estudos apontam para uma seca muito semelhante à do
ano passado na região. “A gente tem os efeitos do fenômeno El Niño que ainda
interferem na região e mantêm o aquecimento do [oceano] Atlântico Norte e Sul
que também interferem em pouca chuva na Amazônia.”
Nos últimos 12 meses até abril
deste ano, o Monitor de Secas da Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico
registrava déficit de 27% nos volumes de chuvas. Segundo o superintendente de
Operações de Eventos Críticos, Alan Vaz Lopes, os níveis de água e a vazão dos
rios da Amazônia, embora tenham grandes volumes, são muito sensíveis à falta de
chuvas. “Um pequeno déficit de chuva em determinado momento provoca uma grande
redução de níveis de água e de escoamento dos rios. É por isso que a gente vê
rios enormes tendo uma redução muito rápida nos níveis de água.”
Para os especialistas, os
efeitos mais imediatos da seca severa podem afetar de forma intensa a
navegabilidade nos rios. “Principalmente as populações mais isoladas são
afetadas, porque, com rios sem navegabilidade, passam a enfrentar dificuldade
de locomoção para aquisição de material de consumo”, explica Altieri.
A economia da região também
poderá sofrer problemas, diz o analista do Censipam. Somente nos rios Solimões,
Amazonas, Madeira e Tapajós, há 4.695 quilômetros em extensão de hidrovias,
pelas quais foram transportadas, no ano passado, 78,2 milhões de toneladas de
cargas, somando 55% do que foi movimentado dentro do país desta forma. “No caso
das hidrovias do Rio Madeira, quando atingem uma cota abaixo de 4 metros, já se
interrompe a navegação noturna. Conforme vai baixando, pode chegar à
interrupção completa. A mesma coisa acontece na Bacia do Tapajós”, alerta
Altieri.
Energia
O abastecimento de energia do
país é outro setor sensível, já que a região concentra 17 usinas hidrelétricas
responsáveis por 23,6% do consumo no Sistema Interligado Nacional. Embora
outras estruturas de geração possam suprir uma eventual interrupção, o remanejamento
sempre causa algum impacto para o país.
A sazonalidade da seca na
Amazônia ocorre em etapas desiguais na região. Portanto, os indicativos variam
conforme o período de estiagem, que costuma atingir o ápice nos meses de
setembro e novembro. De acordo com Altieri, nesses meses, a atenção é redobrada,
mas atualmente, ainda não há indicativo para maiores preocupações com o
abastecimento energético.
“A maior parte das
hidrelétricas está nos rios da Bacia Araguaia-Tocantins e, apesar de o nível
estar mais baixo do que no ano passado, os níveis ainda estão satisfatórios
para geração de energia”, afirmou Altieri.
Por outro lado, é necessário
planejamento em termos de abastecimento de alimentos e água potável, já que a
região tem 164 pontos de captação de águas superficiais que também podem ser
afetados pela seca severa. “Como o rio é a via de acesso para a maioria das
comunidades mais isoladas é interessante um planejamento para que mantimentos,
como alimentos e água potável, possam ser transportados com antecedência e os
impactos sejam menores para essas populações”, acrescentou.
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