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| Foto: Reprodução |
A
medida provisória assinada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva
nesta terça-feira (9) para baixar o valor da conta de luz tem dispositivos que
levarão ao efeito contrário, segundo especialistas: o aumento da tarifa para os
consumidores.
Isso porque a MP estabelece, entre
outros pontos, a ampliação de prazo para usinas de energia renovável --
principalmente solar e eólica -- contarem com subsídios integrais nas tarifas
de uso dos fios.
Tarifa de uso dos fios é o valor que as usinas pagam para usar a rede de transmissão de energia do país. Hoje, essas fontes renováveis, por serem menos poluentes, são incentivadas por subsídios (descontos) do governo. E todos os consumidores pagam pelos subsídios, que são repartidos nas tarifas de energia.
O problema é que o Brasil já
produz energia elétrica o suficiente para a sua demanda. A prorrogação do prazo
tende a gerar novas usinas que, além de produzirem uma energia de que o país
não precisa (o que produz gastos), ainda vão impor aos consumidores os custos
dos subsídios.
"Esses projetos [das
indústrias de energia renovável] entram em operação daqui a 4, 5 anos.
Portanto, até 2029, quando eles entrarem em operação, a tarifa aumenta",
afirmou Edvaldo Santana, ex-diretor da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).
Em seguida, ele ressaltou que o
país não precisará dessa sobra de energia nem agora nem em 2029.
"E as fontes renováveis
variáveis já não precisam de subsídios, portanto elas não precisariam mais
disso. Depois, não precisa dessa energia nem agora nem em 2029. Nós já temos
uma sobra muito grande, que vai aumentar quando essas usinas entrarem em operação,
como se fosse perpetuar a sobra", completou.
Segundo a Associação Brasileira dos Grandes Consumidores de Energia e Consumidores Livres (Abrace), o custo da extensão do prazo dos subsídios será de cerca de R$ 4,5 bilhões por ano – valor que será repassado aos consumidores. E isso ao longo de 20 anos, que é o prazo estipulado pela MP.
Nesse sentido, Santana afirma que
a medida do governo se parece com a tomada
na gestão da ex-presidente Dilma Rousseff. Na época, em 2013, Dilma
determinou a diminuição nas tarifas, mas a ação teve o efeito contrário de
elevar a conta anos depois.
"Muito parecida com a medida
provisória da Dilma, porque é a ideia de uma redução de tarifa, mas que lá na
frente vai ter um aumento. E com uma desvantagem agora: porque, lá atrás, era
mais difícil saber que ia provocar um aumento. Agora, não. É só saber fazer a
conta", complementa Santana.
Governo calcula redução de 3,5%
O governo, por sua vez, calcula
redução de 3,5% nas contas de energia.
Para chegar ao efeito de redução
de 3,5% na conta, o governo pretende antecipar recursos previstos na lei de
privatização da Eletrobras e
destiná-los ao pagamento da "conta Covid" e da "conta escassez
hídrica".
Essas contas são fruto de
transações de emergência feitas pelas distribuidoras para lidar com custos
adicionais da pandemia – que gerou crise econômica e aumento da inadimplência –
e da escassez hídrica entre 2020 e 2022 – quando a falta de chuva obrigou as
empresas a contratar energia mais cara.

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