Um felino selvagem, negro e raro é registrado em reserva protegida na Mata Atlântica por meio de câmeras, realizado em espaço conservado no Paraná, que captou em vídeo a imagem da mãe, com coloração inteiramente negra, e seu filhote com a coloração comum da espécie - o gato-do-mato-pequeno (Leopardus guttulus) - considerada em risco de extinção.
A peculiaridade do registro se
dá pela coloração da fêmea. Embora o melanismo – que é uma condição genética em
que um indivíduo produz quantidade excessiva de melanina, resultando em uma
coloração escura da pele – seja relativamente comum na natureza, o fenômeno é
pouco observado entre a espécie. Estudos sugerem que a característica pode
oferecer vantagens para felinos selvagens, como camuflagem e regulação da
temperatura corporal.
O flagrante foi feito na
Reserva Natural Salto Morato, área de Mata Atlântica em Guaraqueçaba (PR)
mantida pela Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza, por pesquisadores
do Programa Grandes Mamíferos da Serra do Mar, também apoiado pela mesma fundação
em parceria com o WWF-Brasil.
A espécie gato-do-mato-pequeno
é um dos menores gatos selvagens das Américas e o menor felídeo (mamífero
carnívoro) do Brasil. O gato-do-mato-pequeno está nas listas oficiais de
espécies ameaçadas de extinção do Ministério do Meio Ambiente e da União
Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN), classificado como
vulnerável.
A captura das imagens foi
feita no ano passado, por meio de armadilhas fotográficas, equipamentos que
possuem câmera digital embutida com sensores de temperatura e movimento,
permitindo o registro sem que haja contato com o animal. Como as câmeras são instaladas em mata
fechada, o processo para conseguir verificar e analisar todas as imagens é
demorado, por isso só foram divulgadas hoje (29).
Risco de extinção
O gato-do-mato-pequeno é um dos menores gatos selvagens das Américas e o menor felídeo (mamífero carnívoro) do Brasil, com aparência similar aos gatos domésticos. Pesa entre 1,8 e 3,5 kg, e seu corpo mede de 36 a 54 cm, com cauda entre 22 e 35 cm. A cor da sua pele varia de amarelo-claro ao castanho, com manchas escuras. A espécie se alimenta principalmente de mamíferos pequenos, como roedores, além de aves, lagartos, répteis, anfíbios e insetos.
O felino tem hábitos diurnos e
noturnos e costuma ser solitária. O gato-do-mato-pequeno está nas listas
oficiais de espécies ameaçadas de extinção do Ministério do Meio Ambiente e da
IUCN), classificado como vulnerável.
“Para proteger a espécie é
preciso um trabalho forte de criação de unidade de conservação, principalmente
em áreas do interior e em paisagem fragmentada. A recuperação e a manutenção de
APPs e reserva legal são importantes também, além de impedir que esses animais
sejam atropelados, com mecanismos para redução desses atropelamentos nas
estradas”, ressalta o coordenador do Programa Grandes Mamíferos da Serra do
Mar, Roberto Fusco, também membro da Rede de Especialistas em Conservação da
Natureza (RECN).
Outras ações, ele completa, é
trabalhar com a coexistência humano-fauna, em conjunto com propriedades rurais.
“Para tentar manejar os animais domésticos, que são predados por esses felinos,
e impedir que o próprio proprietário faça a retaliação. Outra questão também é
impedir que esses animais domésticos, principalmente cães e gatos, adentrem
nesses fragmentos de floresta que ainda existem.”
A destruição das florestas e a
fragmentação de seu habitat são as principais ameaças, e ele também pode ser
afetado pelo contato com outras espécies que transmitem doenças. “Através
contato com animais exóticos, ou cães e gatos domésticos. Há também alto índice
de mortalidade por atropelamento e também por caça ou abate por esses animais
invadirem propriedades rurais para atacar animais domésticos, como galinhas,
por exemplo”, explica Fusco.
Encontrada no Cerrado e,
principalmente na Mata Atlântica, a estimativa é de que essa espécie, ainda
pouco estudada, tenha uma densidade que varia de um a cinco indivíduos a cada
cem quilômetros quadrados. É encontrado nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste
do Brasil, além do Paraguai e no nordeste da Argentina. “O que sabemos é que é
uma espécie com uma densidade relativamente baixa, e existe existem muito pouca
informação sobre estimativa populacional dessas séries”, informa Fusco.
Reserva Natural
A Reserva Natural Salto Morato faz parte da Rede de Monitoramento, iniciativa coordenada pelo Programa Grandes Mamíferos da Serra do Mar, como uma proposta de ação multi-institucional e colaborativa que permite a realização do maior monitoramento de grandes mamíferos em larga escala na Mata Atlântica.
As ações da Rede de
Monitoramento abrangem uma área de mais de 17 mil quilômetros quadrados de
floresta contínua que engloba um mosaico e um grande corredor de áreas
protegidas na Serra do Mar/Lagamar no Paraná e no sul de São Paulo, e conta com
mais de 20 membros ativos, entre instituições públicas, privadas, moradores
locais e gestores de Unidades de Conservação.
Fonte; Hoje em dia

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