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O Prefeito do
Crato esteve reunido na tarde desta quarta-feira, 3, com representantes das
religiões de matriz africana do Município, para debater políticas públicas
voltadas aos seus integrantes e o combate da discriminação. Nos mais diversos
setores, conforme os integrantes das religiões umbandistas e do candomblé,
ainda há preconceito e intolerância, e para isso, solicitaram o apoio do poder
público municipal para ter leis que possam coibir abusos. O prefeito do Crato,
Zé Ailton, junto à Procuradoria do Município, solicitou que fosse realizado um
estudo para elaboração de lei que possa garantir mais proteção aos povos de
terreiros.
No último dia 11 de janeiro, o prefeito
esteve reunido com diversas representações das religiões no Crato, no terreiro
de Francisca Raimunda - Mãe Kum, no bairro São Miguel, onde ouviu todas as
reivindicações relacionadas às condições de culto no Município. Na ocasião, foi
entregue um documento com reivindicações no âmbito das políticas públicas.
Reivindicações
Entre as reivindicações apresentadas pelo
representante da comissão, Gabriel Alencar, nesta quarta-feira, estão a lei
municipal da semana da umbanda, lei municipal do dia da umbanda, formação de um
conselho voltado para o povo de terreiro e igualdade racial, campanha
publicitária partindo dos meios institucionais de combate à intolerância religiosa,
além de incentivo público municipal de editais para as instituições trabalharem
para a cultura de terreiro, que englobe capoeira, entre outras manifestações
culturais, abertura para projetos de incentivo e a formação profissionais no
sentido de humanizar os serviços para os povos de terreiros. "Tem que
criar editais específicos voltados para o nosso público, com políticas
públicas", disse.
O professor Edilson Gomes da Silva, Babá
Edilson de Omolu, destacou o preconceito que ainda vivencia e a necessidade de
profissionais melhor compreenderem os povos de terreiros, sem discriminarem.
Além dele, outros representantes destacaram situações que acabam dificultando a
efetividade dos cultos, o que passa pelo entendimento e desmistificação da
religião. O professor disse que terreiros são locais de acolhimento, onde há
gays, negros, e todas as pessoas são recebidas. "O terreiro é um mundo e
um espaço plural", diz ele.
Humanização
Da área da saúde, a integrante da comissão,
Yáskara Rodrigues, disse que há dificuldades em todas as áreas de atendimento.
As situações vão desde o tratamento das pessoas, como a interrupção dos cultos,
com a justificativa de denúncias de poluição sonora. "Porque não fazem
isso com outras religiões que provocam barulho?", questionou. Ela disse
que os profissionais que fazem a segurança devem ser melhor capacitados.
A Secretária de Saúde, Marina Feitosa,
lamenta que exista toda essa discriminação, e até mesmo um estigma, algo que
considera ainda estar na cultura da própria região. "A gente lamenta e não
é isso que orientamos para os nossos colaboradores e depois da lei aprovada vai
construir módulos em relação à intolerância e qualquer outro tipo de preconceito",
ressaltou.
Participaram da reunião os secretários de
Educação, Germana Brito, Saúde, Marina Feitosa, Seguranca, Coronel Jarbas
Freire, Meio Ambiente e Desenvolvimento Territorial, Stephenson Ramalho, e de
Finanças, Otoni Lima, além do Procurador Renan Lobo.
Para o Prefeito Zé Ailton, a maior
dificuldade é viver a discriminação e vai trabalhar uma lei junto ao Município,
que possibilite dar mais proteção e segurança aos povos de terreiros. "A
lei vai dar uma proteção porque quando chegarem nos terreiros já irão ter esse
amparo, o que vai trazer uma tranquilidade maior", disse. Em relação à
saúde, ele disse que vai ser realizada capacitação com os gerentes da saúde e
voltada para a humanização e acolhimento do povo de terreiro e todas as
pessoas, que devem ter um atendimento digno. O prefeito ainda sugeriu a
realização de um censo, através da Secretaria do Trabalho e Desenvolvimento
Social, para realizar os levantamentos necessários sobre o perfil dos povos de
terreiro atualmente no município.

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