Governo
sofre pressão para ampliar oferta e evitar suspensão da imunização contra a
Covid-19
Cristiano
Martins
SÃO FRANCISCO DO SUL
(SC)
O presidente Jair
Bolsonaro (sem partido) disse nesta segunda (15) que tem um "cheque de R$
20 bilhões" para comprar vacinas contra a Covid-19, mas que o produto está
em falta no mercado. Ele negou que o governo desestimule a vacinação mas voltou
a defender que a aplicação seja opcional.
As declarações foram
feitas no mesmo dia em que o prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes (DEM)
anunciou que a segunda maior cidade brasileira terá que
interromper a vacinação por falta de imunizantes. Será a quarta
cidade do estado a ter que tomar a medida.
"Não tem vacina,
no mundo todo não tem vacina. Não é nós, é o mundo todo", afirmou
Bolsonaro, em conversa com a imprensa após passeio de moto em São Francisco do
Sul (SC), onde passa o feriado de Carnaval.
"Eu sempre falei: uma vez a Anvisa
[Agência Nacional de Vigilância Sanitária] liberando, eu compraria. Tanto é que
eu tenho, entre aspas, um cheque de 20 bilhões de reais para comprar vacina, a
medida provisória que eu assinei agora, em dezembro do ano passado",
completou.
Governo
e Congresso vêm sendo
pressionados por governadores para a apresentação de um
cronograma de distribuição de vacinas, que é atribuição do Ministério da Saúde.
Até agora, o Brasil aplicou a primeira dose em pouco mais de cinco milhões de
pessoas.
Bolsonaro
defendeu que, em números absolutos, o Brasil é um dos países com maior número
de vacinados até agora. Com o uso de apenas 1/6 da capacidade diária de
imunização, porém, o ritmo é
considerado lento por especialistas.
"Tem
estados americanos que pararam de fazer a vacina, é isso mesmo? Califórnia
parou obviamente por que não tem, né?", alegou o presidente. "Ninguém
tá negando a vacina e desestimulando. E pra mim, no que depender de mim, ela é
opcional, não obrigatória."
Segundo o
presidente, o Ministério de Ciência e Tecnologia precisa de R$ 300 milhões para
concluir o desenvolvimento de uma vacina brasileira, que poderia ser adaptada
mais rapidamente às variantes surgidas no país, mas "falta dinheiro".
"Em
concluindo a nossa vacina, ela poderia ser alterada também mais rapidamente
para combater as mutações do vírus, porque o vírus que está aqui nem sempre é o
mesmo que esta em outro país. Só tem um probleminha, só falta dinheiro."
Bolsonaro
voltou a defender a prescrição de remédios sem comprovação científica para o
tratamento da Covid-19, enquanto comentava sobre o colapso no sistema de saúde
em Chapecó, no oeste catarinense. Ele disse que o governo está monitorando a
situação, mas não tinha informações sobre quais as ações em curso.
"Olha,
não só Chapecó, como qualquer cidade do Brasil que foge a normalidade, o
Ministério da Saúde, quando informado, obviamente, começa a monitorar. Se fugir
dos meios, daquela cidade, daquela região, conter aquela situação, a gente
entra em campo, como aconteceu em Manaus", disse.
"Agora,
os médicos devem ter o direito, sem pressão de ninguém, de exercer aquela, a
sua liberdade de receitar algo para uma doença, no caso, sem estar prescrito em
bula. Porque é ainda uma doença que não tem remédio definido para tal."
Fonte: folhades.paulo
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