Silvero Pereira com o troféu de Melhor Ator pela atuação de 'Bacurau' — Foto: Reproduçã
Por Flávia Muniz, Gshow — Rio de Janeiro
O Filme ganhador de
Cannes, que será exibido na 'Tela Quente' desta segunda-feira, 30/11, abriu
portas para o artista: 'Construiu uma nova imagem do Silvero no mercado
audiovisual'.
É dele o Troféu Grande Otelo, de Melhor Ator, do Grande Prêmio
do Cinema Brasileiro, pela atuação no filme "Bacurau" (2019). O
longa de Kleber Mendonça Filho e Juliano Dornelles, premiado em Cannes, e
exibido na Tela
Quente desta segunda-feira, 30/11, deu uma guinada na carreira
de Silvero Pereira, antes escalado mais para papeis LGBTs. Nesse trabalho, o
ator nordestino, de 38 anos de idade e 20 de profissão, mostra toda sua
potência artística na pele do cangaceiro Lunga.
"Ele é, de fato, um personagem que construiu uma
nova imagem do Silvero dentro do mercado audiovisual, em especial no lugar do
ator camaleão, de diversas facetas. Desde 'Bacurau', venho recebendo propostas
muito diferentes e que me possibilitam novos desafios como artista. Isso é
engrandecedor", diz o ator ao Gshow.
Antes do longa, Silvero conta que
sofreu preconceito e já deixou de ser escalado para outros tipos de papeis:
"Acho que quando se é um ator nordestino e assumidamente LGBTQIA+, na vida
e nas redes sociais, o mercado de trabalho ainda tende a imprimir um estereótipo.
Portanto, aconteceu sim, de sofrer preconceito por não me acharem um ator capaz
de algo fora de sua realidade."
O filme conta a história de moradores
de um pequeno povoado do sertão brasileiro, chamado Bacurau, que descobrem que a comunidade não consta mais
em qualquer mapa. Eles também percebem que algo estranho acontece na região, e
chegam à conclusão de que estão sendo atacados. Pela entrega em cena, Silvero
ganhou reconhecimento e não segurou as lágrimas quando recebeu a estatueta de
Melhor Ator:
"Esse prêmio foi uma surpresa.
Não acreditava que ganharia, não estava esperando. Estava sozinho em casa e, ao
ouvir o meu nome, só lembro de sentar no sofá e chorar de emoção. Sou muito
grato por esse reconhecimento, porque ele não é sobre um trabalho específico, é
sobre a luta de um nordestino que sonhou ser artista."
Para conseguir o trabalho Silvero não pensou duas
vezes. Passou a tesoura no longo cabelo que era de Nonato, o motorista que
vivia a travesti Elis
Miranda, em A Força do Querer, de volta ao horário nobre em edição especial. E a mudança
não foi só dessa vez. Na quarentena, ele foi um dos artistas que mais
radicalizou o visual.
"Sempre gostei de transformações e sempre fui
muito inquieto, desde pequeno gosto de tecnologia, de criar e me divertir.
Então, juntei tudo numa coisa só. Esses momentos me trazem alegria e recebo
muitas mensagens de carinho de pessoas que também se divertem", conta.
Essa inquietude o manteve ativo
durante a quarentena. Silvero se reinventou e produziu alguns trabalhos na
pandemia. Fez as peças "Metrópole" e "Bixa Viado Frango"
pela internet. Filmou "Fluxo", primeiro longa brasileiro inteiramente
rodado sem qualquer contato físico entre a equipe, e também rodou seu primeiro
trabalho de audiovisual no Ceará, "Bem Vindo a Quixeramobim". E
atualmente está envolvido em um projeto com Cleo.
"Sou um artista privilegiado.
Estou contratado para uma série de streaming, no ar na
reprise de A Força do Querer, e a repercussão de 'Bacurau' ainda me trouxe
novos convites de publicidade", vibra.
Solteiro e feliz!
Sobre vida pessoal, Silvero, que foi
casado por dez anos com o dramaturgo Rafael Barbosa, diz que mantém a amizade
com o ex e que está aproveitando a nova fase solteiro:
"Meu ex continua sendo uma
pessoa muito querida na minha vida, temos uma cachorrinha e um gato em guarda
compartilhada. Seguimos amigos e cheios de afeto. No momento, estou solteiro e
sem pretensões de namoro, curtindo essa fase sem pressão."
Paternidade é um desejo antigo, mas
que agora não está nos planos por conta da carreira: "Tenho muita vontade
de ser pai, mas, no momento, estou cheio de trabalhos que exigem viagens e isso
me deixa inseguro com a responsabilidade de uma criança. Tenho quatro sobrinhos
e venho me dedicando a cuidar do futuro deles."
Postar um comentário