Investigado pela Polícia por suposto envolvimento na morte
do ex-gestor João Gregório Neto, conhecido como “João do Povo”, em
dezembro do ano passado, o prefeito Ticiano Tomé não se pronunciou sobre as
acusações
A Câmara Municipal de Granjeiro anunciou que ainda não deve
tomar decisão sobre o futuro do prefeito Ticiano Tomé, que tomou posse após o
assassinato do então titular João Gregório Neto, conhecido como “João do Povo”.
Após operação da Polícia Civil, ontem, que cumpriu mandados de prisão, busca e
apreensão de documentos, com o objetivo de identificar os autores e mandantes
da ação criminosa, o presidente da Casa, vereador Luiz Márcio Pereira, o
Marcim, declarou que “vai esperar ter mais elementos para tomar alguma
providência”.
As
investigações apontam suposto envolvimento de Ticiano Tomé e do pai dele,
Vicente Félix de Souza, de participação no crime. A Polícia Civil chegou a
pedir a prisão do atual prefeito e de Vicente Félix. A Justiça, no entanto,
negou os pedidos – apenas uma medida cautelar foi deferida contra Félix. As
informações foram repassadas pelo secretário da Segurança Pública do Ceará,
André Costa.
Segundo
o presidente da Câmara, “o clima (na cidade) está péssimo”. “Amanheceu o dia
hoje (ontem) com o meu pai na minha cama me acordando e dizendo que a Polícia
estava na casa do prefeito. Todo mundo ficou mandando foto, perguntando o que
estava acontecendo. Eu nem sabia direito. Soube pela imprensa. Está triste a
situação. Ele (Ticiano Tomé) ainda não foi afastado da Prefeitura. Continua. A
gente está aguardando uma resposta da Justiça”, disse.
Cautela
Segundo
o vereador, a Câmara “quer agir quando tiver certeza” e “os aliados dele
defendem, dizendo que ele e o pai são inocentes”. “Soube pela imprensa que o
veículo que foi apreendido ajudou na fuga. Espero que se resolva logo. Pode ser
quem for, a Justiça tem que prender”, contou Márcio, que conversou com o
prefeito ainda nesta semana.
Empossado
ainda no fim de dezembro do ano passado, Tomé, que era rompido politicamente
com o prefeito João Gregório Neto, encontrava dificuldades para montar a sua
equipe. A maioria dos funcionários ligados ao ex-gestor deixou os cargos. Por
vários dias, as pastas da Prefeitura ficaram sem secretários.
Segundo
a Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS), a Polícia levantou
provas que apontam que o crime teria relação com desavenças políticas entre a
vítima e outras lideranças da região.
Eleito
na chapa de “João do Povo”, em 2016, pelo PSDB, Ticiano Tomé não faz mais parte
dos quadros da legenda, segundo a assessoria de imprensa do partido. Em nota, o
presidente do PSDB em Granjeiro, José Soares de Macedo, confirmou que o
prefeito não integra o quadro de filiados da legenda tucana e enalteceu os
filiados e militantes que “perseveram na construção e fortalecimento da
agremiação no nosso município”.
Repercussão
O
presidente da Associação dos Municípios do Estado do Ceará (Aprece), Nilson
Diniz, lamentou o fato e defendeu que as autoridades consigam desvendar o
crime.
“O
que a gente queria que o Governo fizesse era elucidar o crime por conta desse
vácuo que fica e essa insegurança. O papel do Estado de elucidar é para que a
gente soubesse quem são os verdadeiros culpados. Quando se denota que está se
encaminhando para um crime político, o que a gente tem que fazer é lamentar”,
disse. A reportagem procurou o prefeito, por meio do telefone celular, mas as
chamadas não foram atendidas.
Prefeitos do Ceará assassinados
1972
- Armando Arraes Feitosa, então prefeito de Aiuaba
1977
- Expedito Leite, então prefeito de Iracema
1981
- Joaci Pontes, ex-prefeito de Caucaia
1982
- João Terceiro de Sousa, ex-prefeito de Pereiro
1987
- Almir Dutra, então prefeito de Maracanaú
1996
- Antônio Gaudêncio Anário Braga, então prefeito de Irauçuba
1998
- João Jaime Ferreira Gomes Filho, então prefeito de Acaraú
2010
- Antônio Mardônio Diógenes Osório, ex-prefeito de Pereiro
2019
- João Gregório Neto, então prefeito de Granjeiro
Fonte: Diário do Nordeste