O público da Mostra Sesc Cariri de Culturas encerra os cinco dias de
programação cultural diante do grande cantor mineiro, Milton Nascimento. Em 20
de novembro, Dia Nacional da Consciência Negra, Bituca canta às 21h no Largo da
RFFSA, no Crato, o show de sua nova turnê: Semente da Terra.
Durante mais de cinquenta anos de carreira, Milton incorporou causas
sociais e ambientais em suas músicas. A canção TXAI, lançada em 1991, foi
dedicadas às etnias indígenas e surgiu do encontro entre o cantor e uma tribo no
Acre. No álbum Missa dos Quilombos (1982), há a crítica social ao racismo e
exaltação à cultura negra. Os versos de Levantados do Chão, compostos em
parceria com Chico Buarque em 1997, falam da luta dos trabalhadores rurais, e
Pietá reverencia todas as mulheres.
Todos estes ideais de justiça social se agrupam no show Semente da
Terra. O cancioneiro de Milton está representado com sucessos de toda a sua
carreira, como: Travessia; Encontros e Despedidas; O Cio da Terra; Além de
Tudo; Coração de Estudante; Sentinela; Caçador De Mim; Nos Bailes da Vida;
Clube Da Esquina 2; Maria Maria.
Décadas após o início de sua jornada musical, o mineiro de Três Passos
guarda os sonhos humanitários, que persistem ao tempo e às adversidades.
“A principal mensagem deste show é a esperança. Nosso objetivo é de levar
um pouco de esperança em todo lugar por onde passamos”, diz Milton Nascimento.
Milton Semente
Ava Nhey Pyru Yvy Renhoi, ou, Semente da Terra, este é o nome que Milton
Nascimento recebeu de 37 lideranças espirituais da Nação Guarani Kaiowá numa
cerimônia realizada em 2010. O nome de batismo Guarani, concedido para
pouquíssimas pessoas nascidas fora da tribo – surgiu a partir da percepção que
os índios tiveram ao olhar uma foto de Milton. Nenhuma das lideranças jamais
tinha ouvido falar dele antes deste evento, que reuniu índios de várias etnias
em Campo Grande (MS), onde Milton se apresentou para sul-mato-grossenses e
comunidades indígenas.
Mostra
Realizada há dezenove anos pelo Sistema Fecomércio e seu braço social, o
Sesc, a Mostra Sesc Cariri de Culturas é uma dos maiores projetos culturais no
Brasil. Neste ano, terá a participação de mais de 2500 artistas em
apresentações de literatura, música, artes visuais, audiovisual, artes
cênicas e de tradição popular durante cinco dias. Toda a programação é aberta
ao público das 26 cidades onde acontece, abrangendo cerca de trezentas mil
pessoas no Cariri.
“Um povo sem cultura não é nada. Cultura é a base de tudo! É muito importante
que ações desse tipo aconteçam hoje no Brasil. Cultura gratuita então nem se
fala, é fundamental! E quando me convidam para projetos como este do Sesc
Cariri eu me sinto muito mais motivado”, afirma ele.
Milton admira a força das tradições populares do Ceará, como o reisado,
o coco e o maracatu, incentivados pela Mostra, que tem participação de mais de
cem grupos. “Os amigos que tive a chance de fazer foram a ponte para conhecer a
cultura cearense, uma das mais importantes manifestações populares do mundo”,
diz .
Após uma breve pausa nos shows, ele volta a viajar pelo Brasil em 2018,
renovando as forças no contato com o público. “O Ceará nunca fica de fora
de nenhuma das minhas turnês. O povo cearense sempre me recebeu de forma
extremamente carinhosa!”, diz o cantor.
Consciência Negra
20 de novembro, data do show no Crato,
é uma marco na luta por igualdade racial no Brasil. Milton, ao longo de sua
trajetória, tem sido uma das principais vozes brasileiras a cantar a
valorização do povo negro e combate ao racismo. Em 2010, foi homenageado com o
troféu Raça Negra.
No repertório do show Semente da Terra
está a música Lágrimas do Sul, cujos versos remetem à ancestralidade africana e
as consequências da escravidão.“O Dia da Consciência Negra, pra gente, é, na
verdade, todo dia. E é claro que lembramos disso em todos os nossos shows,
sempre!”, diz Milton.
Serviço
Show de encerramento da Mostra Sesc Cariri de Culturas
Milton Nascimento – Semente da Terra
Data: 20 de novembro
Horário: 21h
Local: Largo da RFFSA no Crato
Sobre os 70 anos do Sistema Fecomércio
Após o período da Segunda Guerra o Brasil passou por grandes desafios. O
Estado não conseguia atender à crescente demanda por serviços sociais, nem
acompanhar o novo contexto do mercado de trabalho. Deste modo, em maio de 1945,
representantes empresariais da indústria, comércio e agricultura, realizam em
Teresópolis, a primeira Conferência das Classes Produtoras (CONCLAP). Nesse
encontro elaboram uma proposta ousada de custeio dos serviços sociais e da
educação profissional para os trabalhadores com recursos das classes patronais.
A Carta da Paz Social foi o documento que formalizou as diretrizes para o
desenvolvimento econômico com justiça social. Nascia assim, a partir da
iniciativa do empresariado, o Sistema S, o maior Sistema de desenvolvimento
social do mundo.
No Ceará, em 16 de março de 1948, o empresário Clóvis Arrais Maia fundou
a Federação do Comércio com a finalidade de unir lideranças do setor para
colaborarem com a educação profissional e a qualidade de vida dos
trabalhadores. No mesmo ano, a Fecomércio implanta o Sesc e o Senac
instituições mantidas pelos empresários do comércio que ofertam serviços
sociais e educam para o comércio de bens, serviços e turismo

