Um laboratório espacial chinês fora de controle
começou a entrar, ontem à noite, na atmosfera terrestre, a uma velocidade
superior a 26.000 km/h, antes de desintegrar-se em uma bola de fogo celeste,
informaram as autoridades de Pequim.
As primeiras informações apontaram que o módulo
Tiangong-1 entraram na atmosfera terrestre por volta das 22h, a 40,24 graus de
longitude oeste e 27,4 graus de latitude sul, ou seja, na altura do litoral de
São Paulo, informou a Agência de Engenharia Espacial Tripulada da China
(CMSEO), coincidindo aproximadamente com as projeções da Agência Espacial
Europeia (ESA).
O laboratório espacial abandonado pesa quase oito
toneladas, mas não deve ter provocado danos em sua queda. A China descreveu a
queda como um espetáculo "esplêndido", similar a uma chuva de
meteoritos.
Este laboratório foi colocado em órbita em
setembro de 2011 e estava programado para fazer uma entrada controlada na
atmosfera, mas parou de funcionar em março de 2016, o que gerou preocupação com
a "queda". Mas a probabilidade de um humano ser atingido por um
objeto espacial de mais de 200 gramas é de uma entre 700 milhões, de acordo com
a CMSEO.
"As pessoas não têm que se preocupar",
garantiu a CMSEO. "Estas espaçonaves não caem violentamente na Terra como
nos filmes de ficção científica, mas se transformam em uma esplêndida (chuva de
meteoros) e atravessam um céu coberto de estrelas em seu caminho para a
Terra", explicou a agência.
O Tiangong-1, ou "Palácio celeste 1",
foi utilizado para realizar experimentos médicos.
O laboratório também era considerado uma etapa
preliminar na construção de uma Estação Espacial Chinesa.
Em 60 anos de voos espaciais foram registradas
quase 6.000 entradas não controladas na atmosfera de grandes objetos fabricados
pelo homem e apenas um destroço atingiu uma pessoa, sem provocar ferimento, de
acordo com levantamento de Stijn Lemmens, analista da ESA.
O calor e a fricção cada vez mais intensas devem
ter provocado o incêndio ou explosão da estrutura principal do laboratório. A
desintegração desta parte do Tiangong-1 deve ter ocorrido a uma altitude de 80
km. A maioria dos fragmentos deve ter se dissipado no ar e uma pequena
quantidade de detritos provavelmente caiu no mar, que cobre mais de 70% da
superfície da Terra. Jonathan McDowell, astrônomo do Centro de Astrofísica
Harvard-Smithsonian, acredita que o Tiangong-1 é a 50º maior objeto fora de
controle a cair na Terra desde 1957.
A China investe bilhões de dólares na conquista
do espaço. Pequim vê seu programa espacial, coordenado pelo exército, como um
símbolo da força do país e planeja enviar uma missão tripulada à Lua no futuro.
O país colocou outro laboratório, Tiangong-2, em
órbita em setembro de 2016 e espera transformá-lo em uma estação espacial
tripulada em 2022, momento em que a Estação Espacial Internacional não estará
mais em funcionamento.