A produção da indústria cearense cresceu 2,2% no
ano passado, no maior avanço registrado entre as capitais do Nordeste
pesquisadas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) para a
Pesquisa Industrial Mensal - Produção Física Regional, divulgada ontem (8). É o
primeiro resultado positivo para o acumulado anual desde 2013, antes da crise,
quando a produção industrial do Estado registrou um aumento de 10%,
Somente no mês de dezembro, o avanço da indústria
local foi de 4,9% em relação ao mês imediatamente anterior, o que representa a
terceira maior variação entre todos os 14 estados analisados pela pesquisa
realizada pelo IBGE, ficando atrás somente do Rio Grande do Sul (6,8%) e do
Amazonas (6,2%). Em seguida, aparecem São Paulo (3%), a média nacional
brasileira (2,8%), Santa Catarina (1,6%), Paraná (1,6%) e Rio de Janeiro (1%).
No acumulado do ano, o Pará registrou o maior
crescimento, com um avanço de 10,1%, seguido por Santa Catarina (4,5%), Paraná
(4,4%), Rio de Janeiro (4,2%), Mato Grosso (3,9%), Amazonas (3,7%), Goiás
(3,7%), São Paulo (3,4%) e pela média nacional, de 2,5%. Depois do Ceará, estão
o Espírito Santo (1,7%), Minas Gerais (1,5%), Rio Grande do Sul (0,1%),
Pernambuco (-0,9%) e Bahia (-1,7%).
Consolidação
Na avaliação de Guilherme Muchale, economista da
Federação das Indústrias do Estado do Ceará (Fiec), o resultado positivo da
produção industrial cearense foi puxado principalmente pelo ritmo do segundo
semestre de 2017. "Foi um crescimento muito próximo ao da média
brasileira, que cresceu 2,5% no ano, e (o resultado do Ceará) alicerçou a
posição do segmento industrial já em 2017", aponta.
Para além disso, Guilherme Muchale destaca que o
crescimento de quase 5% em dezembro ante o mês de novembro demonstra um ritmo
interessante da produção, enquanto avalia que a estabilidade em relação a
dezembro de 2016 (-0,1%) se deu pelo crescimento da produção em um ano que
ainda intercalava variações positivas e negativas. "Em 2016, a indústria
não tinha uma recuperação muito clara da produção, principalmente em função da
demanda", afirma o economista.
Considerando a manutenção do ritmo de crescimento
da economia como um todo, Guilherme Muchale avalia que a tendência é que a
indústria local cresça a um ritmo entre 3% e 4% em 2018, levemente a mais que a
média nacional do segmento.
Setores
Na comparação entre dezembro do ano passado e
igual mês de 2016, a principal contribuição para o avanço da produção
industrial do Estado foi da metalurgia, impulsionada pela Companhia Siderúrgica
do Pecém (CSP), que cresceu 41,8% no período. Outros resultados positivos
vieram do setor de produtos químicos, com avanço de 10,9%, têxtil (9,8%),
confecções (9,1%), couro e calçados (5,2%) e alimentos (2,7%).
"O relevante desse resultado é que esses
seis segmentos que apresentaram expansão de forma mais intensa são, sobretudo,
grandes empregadores no Estado, o que nos leva a crer que já haja uma
recuperação por parte do mercado de trabalho no fim do primeiro semestre de
2018", explica Muchale.
"Socialmente, é extremamente relevante para
modificar um pouco a dinâmica que, por causa da crise, reduziu o consumo",
acrescenta o economista.
Nacional
A produção industrial subiu em oito dos 14 locais
pesquisados na passagem de novembro para dezembro, segundo os dados do IBGE, em
que a média nacional avançou 2,8% na mesma base de comparação. Na análise
trimestral, a média da indústria cresceu 4,9% no quarto trimestre de 2017, a
taxa positiva mais alta desde o segundo trimestre de 2013 (5,1%), e manteve a
tendência positiva dos três primeiros trimestres de 2017.
DN-Yohanna Pinheiro