Dra. Lorena Galaes
Com o fim do Outubro Rosa,
ginecologista alerta que a prevenção deve ser contínua e começa no prato — com
atenção ao padrão alimentar e à saúde hormonal da mulher
O Outubro Rosa termina, mas o
alerta permanece: o câncer de mama é o tipo mais incidente entre mulheres
brasileiras e suas taxas de mortalidade continuam subindo. Segundo estimativas
do Instituto Nacional de Câncer (INCA), o Brasil deve registrar 73.610 novos
casos por ano entre 2023 e 2025. Além disso, de acordo com levantamento da
associação civil Umane, com base em dados do Sistema de Informações da
Mortalidade (SIM/SUS), a taxa de óbitos por câncer de mama no Brasil aumentou
86,2% em 22 anos — passando de 9,4 para 17,5 por 100 mil habitantes entre 2000
e 2022.
Para a ginecologista Dra.
Lorena Galaes, diretora da Integrative Vitória, é urgente ampliar o debate
sobre os fatores que podem ser modificáveis, sobretudo os relacionados à
alimentação. “Mais de 80% dos casos de câncer estão ligados a causas externas.
Alimentação, sedentarismo e obesidade são parte do problema, mas ainda não
recebem a devida atenção”, afirma.
Eixo hormonal, gordura
corporal e alimentos inflamatórios
Segundo a especialista, o
padrão alimentar da mulher moderna está fortemente associado ao aumento da
inflamação sistêmica e à desregulação hormonal. “Açúcares, álcool,
ultraprocessados, excesso de glúten e fitoestrógenos como os encontrados na
soja são alimentos inflamatórios e estrogênicos. Isso cria um ambiente
favorável ao desenvolvimento de tumores hormonodependentes, como o de mama”,
explica.
A Dra. Lorena também alerta
que o tecido adiposo em excesso contribui para a produção de estrogênio e piora
o quadro inflamatório. “Além de armazenar hormônios, a gordura corporal se
comporta como um órgão endócrino. Por isso, o ganho de peso — especialmente na
menopausa — é um fator de risco importante para o câncer de mama, endométrio e
ovário”, completa.
Prevenção começa cedo — e vale
para todas
A ginecologista lembra que a
exposição a substâncias com ação estrogênica deve ser evitada desde a infância,
já que alimentos industrializados e embalagens plásticas estão entre as
principais fontes de xenoestrógenos. “A prevenção deve começar cedo, mesmo em
meninas sem histórico familiar. O câncer de mama pode atingir qualquer mulher,
e isso precisa ser dito com mais clareza.”
Por outro lado, a médica
também destaca alimentos que atuam na proteção hormonal e imunológica, como
castanhas e sementes, ricos em nutrientes essenciais para o ciclo menstrual e
para a fase do climatério. “Alimentação não é apenas uma escolha estética — é
uma estratégia preventiva real e acessível.”
Para a Dra. Lorena, o foco da
prevenção precisa sair da superfície. “O Outubro Rosa é importante, mas a saúde
da mulher precisa de um compromisso para o ano todo. E esse compromisso começa
no prato.”
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