Demissões atingem indicados por deputados do União Brasil e outros partidos que votaram contra MP. — Foto: Kayo Magalhães/Agência Câmara de Notícias
Demissões foram oficializadas
na Caixa, Codevasf, Iphan, Dnit e Agricultura. Planalto fala em fidelidade
mirando 2026 e deputados alertam para 'pautas-bomba’.
Após sofrer uma derrota na
Câmara com a derrubada da medida provisória (MP) que substituiria o aumento do
IOF, o governo Lula começou a exonerar uma série de indicações do Centrão em
cargos de segundo escalão.
As demissões atingem aliados
do presidente do PP, senador Ciro Nogueira (PI) e de deputados do PSD,
presidido por Gilberto Kassab, além de nomes do União Brasil e do MDB.
A medida é vista como uma
retaliação ao grupo político, que atuou contra a MP e, segundo governistas,
quebrou um acordo para a sua aprovação. A presidência da Caixa, indicada pelo
deputado Arthur Lira (PP-AL), não será alterada – Lira se ausentou na votação
sobre a MP.
Nos últimos dias, a ministra
das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, levou a sugestão de “pente-fino”
para o presidente Lula, que deu carta branca para a represália. As demissões,
até agora, já alcançaram:
Caixa Econômica Federal;
Companhia de Desenvolvimento
dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf);
Instituto do Patrimônio
Histórico e Artístico Nacional (Iphan);
Departamento Nacional de
Infraestrutura de Transportes (Dnit);
Superintendências no
Ministério da Agricultura.
Da cota do União Brasil, por
exemplo, foi demitida da superintendência do Iphan no Maranhão Lena Carolina
Brandão, irmã do líder do partido na Câmara, Pedro Lucas (União-MA). O nome
indicado pelo deputado Arthur Maia (União-BA) como superintendente da Codevasf
em Bom Jesus da Lapa, Harley Xavier Nascimento, também deixou o cargo.
Maia publicou um vídeo em uma
rede social em que elogia o nome de Harley e diz que ele estava há nove anos no
cargo.
Aliados de Pedro Lucas e de
Arthur Maia minimizam as exonerações e dizem que o afastamento já ocorreria, já
que o União Brasil deixou a base do governo.
Ao g1, questionado sobre as
demissões, o ministro do Turismo, Celso Sabino, afirmou que "não dá pra
ser casado e ter vida de solteiro". Sabino é do União Brasil e está
enfrentando um processo dentro da partido após resistir a sair do governo, mesmo
com ultimato da sigla.
PP, PL e MDB
Nomes ligados a Ciro Nogueira
(PI) e ao PL também foram exonerados da Caixa: respectivamente, José Trabulo
Junior, consultor do presidente do banco, e Paulo Rodrigo de Lemos Lopes,
vice-presidente de Sustentabilidade e Cidadania Digital.
Do MDB, foi exonerado da
superintendência do Dnit em Roraima Igo Gomes Brasil, indicado pela deputada
Helena Lima (MDB-RR). Apesar de o partido orientar contra a retirada da MP da
pauta (ou seja, a favor do governo), a parlamentar não seguiu a orientação.
PSD e Ministério da
Agricultura
Quatro nomes de
superintendências regionais do Ministério da Agricultura também foram demitidos
nos últimos dias: Everton Augusto Ferreira, de Minas Gerais; Wellington Reis
Sousa, do Maranhão; Juliana Bianchini, do Paraná; e Jesus Nazareno de Sena, do
Pará.
Segundo integrantes do
governo, as indicações foram feitas por deputados do PSD. O Palácio do Planalto
identificou a digital do presidente da legenda, Gilberto Kassab, no movimento
contra a MP. Kassab sinalizou a deputados que não queria que o PSD votasse pelo
aumento de impostos e o partido orientou voto contrário ao governo – embora a
bancada tenha se dividido.
Dentro do PSD, há um incômodo
com o Planalto por não informar formalmente a bancada das exonerações. Na
avaliação de deputados, a retaliação ao partido “não faz sentido”, já que o PSD
sempre entrega a maioria dos seus votos a favor do governo. Na votação da MP,
foram 20 votos a favor do governo e 18 contrários.
Além disso, parlamentares da
bancada avaliam que – se quisessem atuar contra a MP – poderiam ter trocado o
nome do PSD na comissão mista, onde o governo teve uma vitória apertada de 13
votos a 12. Lembram que foi mantido o nome do deputado Átila Lins (PSD-MA), que
pode ter sido o “voto de minerva” para aprovar a MP no colegiado.
PP, PL e MDB
Nomes ligados a Ciro Nogueira
(PI) e ao PL também foram exonerados da Caixa: respectivamente, José Trabulo
Junior, consultor do presidente do banco, e Paulo Rodrigo de Lemos Lopes,
vice-presidente de Sustentabilidade e Cidadania Digital.
Do MDB, foi exonerado da
superintendência do Dnit em Roraima Igo Gomes Brasil, indicado pela deputada
Helena Lima (MDB-RR). Apesar de o partido orientar contra a retirada da MP da
pauta (ou seja, a favor do governo), a parlamentar não seguiu a orientação.
PSD e Ministério da
Agricultura
Quatro nomes de
superintendências regionais do Ministério da Agricultura também foram demitidos
nos últimos dias: Everton Augusto Ferreira, de Minas Gerais; Wellington Reis
Sousa, do Maranhão; Juliana Bianchini, do Paraná; e Jesus Nazareno de Sena, do
Pará.
Segundo integrantes do
governo, as indicações foram feitas por deputados do PSD. O Palácio do Planalto
identificou a digital do presidente da legenda, Gilberto Kassab, no movimento
contra a MP. Kassab sinalizou a deputados que não queria que o PSD votasse pelo
aumento de impostos e o partido orientou voto contrário ao governo – embora a
bancada tenha se dividido.
Dentro do PSD, há um incômodo
com o Planalto por não informar formalmente a bancada das exonerações. Na
avaliação de deputados, a retaliação ao partido “não faz sentido”, já que o PSD
sempre entrega a maioria dos seus votos a favor do governo. Na votação da MP,
foram 20 votos a favor do governo e 18 contrários.
Além disso, parlamentares da
bancada avaliam que – se quisessem atuar contra a MP – poderiam ter trocado o
nome do PSD na comissão mista, onde o governo teve uma vitória apertada de 13
votos a 12. Lembram que foi mantido o nome do deputado Átila Lins (PSD-MA), que
pode ter sido o “voto de minerva” para aprovar a MP no colegiado.
‘Linha de corte’
O entendimento do Palácio do
Planalto é que a votação da MP funcionou como uma linha de corte para saber
quem está com o governo e quem não está. Para além da governabilidade no
Congresso, auxiliares do presidente Lula dizem que a medida também está atrelada
às eleições de 2026.
Embora o conteúdo da MP sequer
tenha sido analisado, o governo trabalha com o placar de parlamentares que
votaram para tirar a proposta de pauta na sessão da última quarta-feira (8) – o
que, na prática, levaria a sua caducidade, já que a medida valia até as 23h59
daquele dia. Foram 251 votos contrários ao governo.
O entendimento do Planalto é
que os deputados que deixaram de votar, por enquanto, não serão punidos. Entre
eles, está o ex-presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), responsável pela
indicação do presidente da Caixa, Carlos Vieira.
Apesar das retaliações, o
Planalto deixou “a porta aberta” para quem quiser mudar de posição e voltar a
votar com o governo.
Insatisfação dos parlamentares
Na Câmara dos Deputados, a
reação do Planalto traz insatisfação. Um importante líder do Centrão diz que
“não é uma coisa lógica bater nos aliados num Congresso arredio” e afirma que
“não é só a votação que faz aliados”.
Há deputados que se defendem,
inclusive, ao dizer que a votação se tratava apenas da retirada de pauta, e não
do mérito da matéria.
Outro cacique do Centrão diz
que essas indicações são “besteira” e que o governo está ameaçando a Câmara “em
troca de porcaria”.
“Se o governo acha que não
precisa mais da gente [Câmara], beleza. Estão contando com Senado e
Judiciário”, diz esse deputado. “Só que [o governo] esquece que tem uma gama de
projetos que, se a Câmara começar a pautar, fica insustentável [para o governo].”
O parlamentar faz referência,
segundo ele, a propostas consideradas “bombas-fiscais”, como projetos para
elevar o piso salarial de algumas categorias ou mudar regras de aposentadoria.
Na semana passada, a Câmara aprovou uma proposta de emenda à Constituição (PEC)
que alterou as regras previdenciárias de agentes de saúde - medida com um
impacto bilionário para o governo.
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