Foto: Sérgio Lima.
Em seu primeiro solo, o
artista Ricardo Tabosa desembarca no Crato e em Juazeiro do Norte para
apresentações e workshop gratuitos.
Idealizado pelo ator e
diretor Ricardo Tabosa, o espetáculo Metendo a Boca aborda
as diversas camadas do silenciamento e da necessidade de ter voz, em um
jogo entre palavras. O mote se dá a partir da história de vida do próprio
artista: um homem que descobriu a homofobia ainda na infância. O
espetáculo chega ao Cariri em julho, com apresentações em Juazeiro do Norte,
nos dias 10 e 11, e no Crato, nos dias 12 e 13.
Com texto de Rafael
Martins e codireção de Elisa Porto, o
espetáculo performativo leva ao palco um homem que conta sobre
o exato momento em que “perdeu a voz” a partir da descoberta do seu
“jeitinho”, quando era apenas um menino. Tratando de temáticas delicadas
como o bullying homofóbico, comum na infância, e as
diversas tentativas do personagem de passar por cima de preconceitos, Metendo
a Boca tem a premissa de fazer ecoar vivências LGBTQIAPN+
silenciadas.
Originalmente, Metendo
a Boca surgiu como uma série de videoperformances, em
2017, onde Ricardo se utilizava do recurso do lip sync (dublagem)
para interpretar músicas e responder a discursos de ódio. A série fez
parte, durante 5 anos, do For Rainbow, um dos
mais tradicionais festivais de audiovisual do Ceará. A cada ano, episódios
novos da série eram exibidos todas as noites, abrindo a programação no
cinema.
Com o passar dos anos, o
projeto foi ganhando novos contornos, até que migrou para a linguagem do
teatro, estreando em 2024. No palco, Ricardo vive essa persona, que também
carrega muito de sua própria trajetória. “A peça nasce dessa necessidade
de ampliar as possibilidades de expressão. Aprofundando a pesquisa da
dublagem presente nos vídeos, senti necessidade de usar também a minha
própria voz, o texto falado, o canto, a troca com o público. Parte muito
de uma vontade de entender a minha vivência enquanto LGBTQIAPN+, de
investigar e encontrar a minha própria voz no eco de outras pessoas”,
explica o ator.
É por meio da música que o
personagem solta a voz, seja pelo recurso do lip sync ou do
canto - ferramentas marcantes da série de vídeos que Ricardo preservou na
montagem para o teatro. “Eu encontrei no recurso do lip sync -
essa arte tão antiga e tão presente na comunidade LGBTQIAPN+ - uma arma de
resposta. As drag queens sempre foram como super-heroínas
pra mim e, de alguma forma, me espelhei nelas”.
Membro do renomado Grupo
Bagaceira de Teatro desde 2002, Ricardo também se uniu a outros artistas
para a construção da peça, que conta ainda com Natália Parente (cenário e
figurinos), Ayrton Pessoa Bob (trilha sonora original), Lucas Sancho (iluminação),
Jorge Silvestre (vídeos projeções), Diego Maia (arte gráfica) e Andréa Piol
(preparação vocal). O resultado é uma obra envolvente, divertida, provocadora
e, ao mesmo tempo, emocionante, que toca fundo na alma e gera empatia e
reflexão.
Com apoio do 13º
Edital das Artes do Estado do Ceará, o espetáculo agora circula por cidades
do interior do Estado. As primeiras são Juazeiro do Norte (Centro Cultural
Banco do Nordeste Cariri) e no Crato (Centro Cultural Cariri). Em cada cidade,
a turnê levará ao público duas apresentações gratuitas e com intérprete de
Libras e a realização de um workshop, chamado Desmontagem Metendo a
Boca, sobre o processo de construção da peça.
SINOPSE – METENDO A BOCA
"Uma boca. Na boca da noite. Uma boca desbocada. Procurando o que
falar."
Em meio ao caos gritante de um mundo desvairado, uma persona traça um caminho
em busca da própria voz. Um trajeto íntimo e intenso, que não se dá em linha
reta e que confronta real e imaginário, consciente e subconsciente. No caminho,
atravessamentos como a crise da linguagem. A profusão de palavras em contraste
com o silêncio. A expressão não verbal. O apagamento dos gestos. O
silenciamento. Questões de identidade e sexualidade: quais as expectativas do
que é ser um homem hoje? Entre playback e improviso, discurso e desejo, o que
fica na boca e o que explode para o mundo?
Duração: 60 minutos | Classificação indicativa: 12
anos | Acessibilidade: Tradução simultânea em Libras nas
apresentações.
WORKSHOP – DESMONTAGEM METENDO
A BOCA
Atividade formativa que propõe a abertura do processo de criação do espetáculo.
Serão compartilhados materiais de referência, escritas de ensaio, videoperformances e
outros dispositivos utilizados na sala de ensaio. O workshop será ministrado
por Ricardo Tabosa, abordando temas como teatro performativo, processos
colaborativos, autoficção, teatros do real, gênero e sexualidade.
Duração: 60 minutos | Classificação indicativa: 18
anos | Vagas: 15 (preenchidas por ordem de inscrição via
formulário online).
SERVIÇO:
Circulação Metendo a Boca
📍 Juazeiro do Norte:
Local: Centro Cultural Banco
do Nordeste Cariri
📅 10 e 11 de julho (quinta e sexta), às
18h30
Workshop: Desmontagem Metendo
a Boca
📅 11 de julho (sexta), às 13h
🔗
Inscrições workshop: https://forms.gle/tzYZYRKdBAYEHHCo6
📍
Crato:
Local: Centro Cultural do
Cariri – Pequeno Palco
📅 12 e 13 de julho (sábado e domingo), às
18h
Workshop: Desmontagem Metendo
a Boca
📅 13 de julho (domingo), às 15h
🔗 Inscrições workshop:
https://forms.gle/PDKe6P8Y78PGPZNv7
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