Uma parada de ônibus, na altura do quilômetro 287 da BR-116 no Ceará,
com uma entrada triangular, sinaliza o caminho para chegar na velha
Jaguaribara. Por lá, adentrando cerca de 18km em uma estrada carroçal, é
possível rememorar a cidade submersa. O município no sertão cearense, em 1995,
começou a ser afetado pela construção do maior Açude do Brasil, o Castanhão. Em
2001, foi demolido. Desapareceu em 2004, quando as águas da barragem inundaram
completamente o território. Mas, em 2013, as ruínas ressurgiram.
Naquele momento, quando vieram à tona inúmeros fragmentos da velha
cidade, emergiram também saudades, lembranças, pertencimento e conexões. Era
como descobrir um tesouro afundado, disseram ao Diário do Nordeste os saudosos
moradores da antiga sede.
Desde 2001, a população transferida vive a 50km do local, na nova cidade
que é toda planejada. O sentimento era de redescoberta ainda que o encontro
tenha sido com resquícios já bem fragmentados. As ruínas tornaram-se monumentos
e são até hoje revisitadas periodicamente.
Após visitar o Vale do Jaguaribe por 4 dias, no fim de janeiro de 2025,
o Diário do Nordeste publica nesta semana uma série de reportagens
reconstituindo a história que conecta o Castanhão, a maior barragem do Brasil,
e Jaguaribara, cidade que deu lugar ao açude. As matérias abordam a
mobilização, tensões e memórias dessa relação que, após mais de 30 anos, guarda
um misto de percepções: o êxito de morar na primeira cidade planejada do Ceará
e a saudade da antiga sede, típica do interior e margeada pelo Rio Jaguaribe.
A cidade ressurgiu quando o nível do Castanhão baixou de forma contínua.
Vale lembrar que, nesse ciclo, em 2009 a barragem estava com quase 100% de água
armazenada e em seguida foi baixando esse volume. Em 2013, o reservatório que
tem capacidade de armazenar 6,7 bilhões de metros cúbicos (m³) de água, ficou
abaixo de 50%. As ruínas reapareceram justamente nesse período de estiagem.
A notícia chegou, relataram moradores ao Diário do Nordeste, através de
pessoas que ainda percorriam a antiga estrada que dá acesso à velha cidade.
“Jaguaribara reapareceu”, corria boca a boca a informação. E o antigo
território começou a receber visitantes, não só os jaguaribarenses, também
turistas nacionais e internacionais. Muitos chegavam por água, com embarcações
partindo da parede do Castanhão.
Fonte: Diário do Nordeste
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