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Ainda
que a votação do Orçamento de 2025 no Congresso Nacional esteja pendente, já é
possível projetar o volume de recursos que os entes federados receberão no
próximo ano em emendas parlamentares impositivas. Somente as prefeituras
cearenses já somam cerca R$ 1,5 bilhão em recursos contidos nos relatórios
setoriais de despesas e receitas do governo.
A
maior cota, naturalmente, será destinada à saúde. A bancada cearense reservou
pelas emendas RP7, de execução obrigatória, mais de R$ 220 milhões, divididos
entre as atenções Primária (via PAP, a fim de atender ao piso constitucional
para a área) e de Média e Alta Complexidade (MAC).
O
grupo também indicou R$ 600 milhões em emendas RP2, cuja execução não é
obrigatória e depende de articulação com os ministérios.
As
contas também devem receber complementações de emendas individuais. Deputados e
senadores garantiram recursos diretos a 34 municípios no valor de R$ 66
milhões, distribuído em vários setores de administração.
É o
caso de Baturité, Guaramiranga, Quixeré, Ipaporanga, Jaguaruana,
Fortaleza, Uruoca, Amontada, Santa Quitéria, Paramoti, Granja, Chaval,
Chorozinho, Aratuba, Acaraú, Bela Cruz, Itarema, Umirim, Sobral, Novo Oriente,
Independência, Alto Santo, Boa Viagem, Catunda, Itatira, Mombaça,
Quiterianópolis, Itapipoca, Jijoca de Jericoacoara, Barreira, Capistrano,
Jaguaribara, Mulungu e Tururu.
Há,
ainda, envios que não são específicos para as prefeituras, uma vez que algumas
das ações descritas nos documentos são de responsabilidades de três ou duas
esferas de governo, mas rateio pode agregar as instâncias menores.
Além
das cidades citadas na descrição da indicação, há R$ 1,4 bilhão disponível para
reforçar ações locais via programas executados integralmente ou em parte pelas
prefeituras. Nesses casos, as coordenadas geográficas da execução do dinheiro
podem ser acessadas posteriormente pelo Portal da Transparência.
Desse
total, R$ 611 milhões devem ser destinados ao caixa de hospitais públicos, às
redes de atenção básica e especializada de saúde, à saúde bucal, a políticas
sanitárias nos lares e outros.
Mas os
programas contemplados não se restringem a essa área, abrangendo ainda ações
relacionadas ao transporte escolar, à educação básica, à qualificação viária,
ao fomento à cultura, a melhorias sanitárias domiciliares contra doenças, ao
turismo, à proteção e defesa dos direitos da pessoa idosa e muitos
outros.
Relatórios
setoriais
Os
deputados e senadores cearenses são privilegiados quando o assunto é o custo de
emendas impositivas. No Nordeste, o Ceará fica em segundo lugar, com 225
emendas (individuais e de bancada) no total de R$ 3.737.074,4, atrás apenas da
Bahia. Já no Brasil, figura em terceiro lugar no rol liderado por São Paulo.
Para
2025, o Congresso Nacional contará com R$ 24,7 bilhões em emendas individuais e
R$ 14,3 bilhões para as de bancadas. Assim, cada deputado terá R$ 37,3 milhões
para emendas individuais e cada senador, R$ 68,5 milhões. Cada bancada estadual
terá R$ 528,9 milhões.
Os
recursos citados no levantamento do PontoPoder foram localizados nos
16 relatórios setoriais do Orçamento de 2025, mas nem todos os documentos
preveem verbas para execução em solo cearense. As áreas englobadas são:
Infraestrutura,
Minas e Energia
Saúde
Educação
e Cultura
Integração,
Desenvolvimento Regional e Meio Ambiente
Agricultura,
Desenvolvimento Agrário e Pesca
Cidades
Turismo
Ciência
& Tecnologia e Comunicações
Assistência
Social e Família
Esporte
Mulheres
e Direitos Humanos
Fazenda,
Planejamento, Indústria e Comércio
Defesa
Trabalho
e Previdência
Justiça
e Segurança Pública
Poderes
de Estado e Representação
A área
de Fazenda, Planejamento, Indústria e Comércio voltada para os municípios foi
outra área que recebeu mais reforços dos parlamentares cearenses. Foram
indicados R$ 270 milhões, a maioria em transferências especiais, nessa ala.
Chama
atenção também a reserva de emendas que podem ser compartilhadas com as
prefeituras para o Sistema Único de Assistência Social (Suas), com R$ 22
milhões; o setor de Integração, Desenvolvimento Regional e Meio Ambiente, com
R$ 18 milhões; a Educação e Cultura, com R$ 9,5 milhões; e as ações voltadas
para Mulheres e Direitos Humanos, com R$ 8,5 milhões.
Orçamento
travado
O ano
de 2025 vai começar com uma série de restrições nos Três Poderes pelo fato de o
Orçamento do próximo ano ainda não ter sido votado no Congresso. A matéria
ainda aguarda a apresentação do relatório final pelo senador Angelo Coronel
(PSD-BA) na Comissão Mista de Orçamento (CMO).
Isso
pode ocorrer após o fim do recesso parlamentar, em 2 de fevereiro, ou em
reunião extraordinária nesse intervalo. A previsão inicial era de que a
discussão fosse concluída em 13 de dezembro, mas o pacote de corte de gastos
enviado pelo Planalto e a votação tardia do projeto da Lei de Diretrizes
Orçamentárias (LDO) de 2025 frustraram o planejamento.
Além
disso, o Supremo Tribunal Federal (STF) impôs uma série de requisitos para
garantir o bom uso, a transparência e a rastreabilidade das emendas
parlamentares. Isso demandou uma força-tarefa do Legislativo para aprovar novas
regras para o manejo desses recursos, sancionadas pelo presidente Lula (PT) no
fim de novembro, e incorporá-las à discussão orçamentária de 2025.
"O
objetivo não é retardar o processo, mas assegurar um documento que de fato
retrate as prioridades nacionais, o equilíbrio das contas públicas e o
compromisso com as metas de médio e longo prazos. Apreciar a peça mais
importante do parlamento merece cuidado e tempo e, por isso, o nosso relatório
ficará para apreciação após o recesso parlamentar", disse o relator Angelo
Coronel.
Após
aval da CMO, o projeto ainda precisa ser submetido a uma sessão conjunta do
Congresso Nacional. No relatório preliminar, as receitas e despesas do próximo
ano são fixadas em R$ 5,866 trilhões. O projeto prevê crescimento real de 2,64%
no Produto Interno Bruto (PIB), inflação acumulada de 3,3% e taxa básica de
juros (Selic) média de 9,61% ao ano.
Sem um
desfecho até 31 de dezembro, o Poder Executivo fica autorizado a realizar
apenas despesas consideradas essenciais ou obrigatórias, até o limite previsto
no projeto original enviado ao Parlamento. São exemplos a alimentação escolar,
o piso de atenção primária à saúde e os benefícios previdenciários.
Fonte:
Diário do Nordeste
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