Quem era o delator do PCC executado a tiros no Aeroporto Internacional de SP

 

Foto: Reprodução

Antonio Vinicius Lopes Gritzbach, executado a tiros no Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos, na sexta-feira (8) entregou esquemas criminosos do Primeiro Comando da Capital (PCC) e de corrupção policial em depoimentos dados ao Ministério Público de São Paulo nos últimos meses.

Gritzbach era réu em processo por lavagem de dinheiro da facção criminosa. Ele teria atuado para lavar R$ 30 milhões em dinheiro proveniente do tráfico de drogas.

Segundo fontes da Polícia Federal, a maior parte dessas operações de lavagem foi feita com a compra e venda de imóveis e postos de gasolina.

Em seus depoimentos, o homem entregou esquemas do PCC, deu pistas de ilícitos cometidos pela facção e prometia entregar mais informações. Por isso, a suspeita principal no momento é de seu assassinato é uma queima de arquivo motivada por vingança.

Ainda segundo as investigações, Vinicius chegou a ter influência em células do PCC, como participação no tribunal do crime -- quando se avalia se um integrante deve ou não ser assassinado por deslealdade à facção.

Inicialmente, Vinicius era corretor de imóveis no Tatuapé, Zona Leste de São Paulo. Anos atrás ele passou a fazer negócios com Anselmo Bicheli Santa Fausta, conhecido como Cara Preta. Ele movimentava milhões de reais comprando e vendendo droga e armas para o PCC.

Cara Preta gostava de investir o dinheiro do crime em imóveis, mas tinha um problema: não podia comprar em seu nome, para não chamar a atenção das autoridades. Foi Vinicius que apareceu com a solução. Além de conseguir imóveis de alto padrão, o corretor ainda providenciava os “laranjas”, que emprestavam o nome para que Santa Fausta adquirisse os imóveis.

Há uns 5 anos, Vinícius ofereceu outro negócio a Santa Fausta: criptomoedas. De olho na suposta rentabilidade da aplicação, Santa Fausta teria dado R$ 200 milhões para Vinícius investir. Até que, em 2021, Santa Fausta queria parte do dinheiro para investir na construção de um prédio e Vinícius teria começado a dar desculpas para não entregar os valores. Os dois tiveram uma discussão feia, segundo testemunhas.

Dias depois, Santa Fausta e o motorista dele foram assassinados numa emboscada no Tatuapé. Segundo o Ministério Público, Vinicius foi o mandante do crime. Ele teria mandado matar Santa Fausta pra não ter de devolver o dinheiro.

Como a execução aconteceu

O ataque ocorreu por volta de 16h de sexta-feira. Vinícius voltava de Maceió (AL) acompanhado da namorada e foi surpreendido quando deixou o Terminal 2 do aeroporto.

Vinicius Lopes Gritzbach trazia mala com joias que somam mais de R$ 1 milhão. Os produtos, segundo a polícia, tinham certificado de joalheiras caras como Bulgari, Cristovam Joalheria, Vivara e Cartier.

Fontes dizem que Gritzbach viajou a Maceió (AL) para cobrar uma dívida. Ele foi morto ao desembarcar em Cumbica. Nenhum item foi roubado.

Além dele, um motorista de aplicativo foi atingido pelos tiros e morreu no sábado (9) no Hospital de Guarulhos. Celso Araujo Sampaio de Novais, de 41 anos, foi atingido por um tiro de fuzil nas costas.

Outro motorista de aplicativo e uma mulher que estava na calçada do terminal também ficaram feridos.

O corpo de Vinicius Gritzbach foi enterrado neste domingo (10) no Cemitério Parque Morumby, na Zona Sul de São Paulo. A cerimônia de despedida foi restrita à família e não houve velório para evitar exposição dos familiares da vítima.

Fonte: G1

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