Foto: Reprodução |
O ex-presidente peruano Alberto Fujimori morreu
nesta quarta-feira (11). Ele tinha 86 anos e lutava contra um câncer na
língua. A causa da morte do político não tinha sido divulgada até a ultima
atualização desta reportagem.
Horas antes da confirmação da
morte, o médico pessoal do ex-presidente, Alejandro Aguinaga, disse a
repórteres que Fujimori estava “lutando pela vida” e pediu que respeitassem a
privacidade da família.
O velório
dele está marcado para começar às 11h desta quinta-feira (12), no Museu da
Nação, em Lima. Segundo a filha, o enterro vai ocorrer no sábado (14), quando o
corpo de Alberto Fujimori será levado para o cemitério Campo Fé, em Huachipa,
também em Lima.
Fujimori foi presidente
do Peru entre
1990 e 2000 e era uma figura controversa no país: aplicou um autogolpe de
Estado e passou 16 anos preso, condenado por crimes contra os direitos humanos
durante seu mandato.
Fujimori
foi libertado da prisão em dezembro de 2023 por decisão do Tribunal
Constitucional do Peru. Antes de morrer, ele estava recebendo tratamento na
casa da filha, Kiko, no bairro de San Borja, em Lima, onde foi morar após sair
da cadeia. Diversos familiares do ex-presidente foram visitar o local nesta
quarta.
O ex-presidente se filiou ao
partido Força Popular em junho e havia a expectativa que ele concorresse à
presidência em 2026. Em 4 de setembro, ao sair do hospital em uma cadeira de
rodas, ele foi questionado se a candidatura presidencial ainda estava em pé.
Ele sorriu e disse: "Vamos ver, vamos ver."
Fujimori passou por diversas
internações nos últimos anos. Ele descobriu
um câncer na língua em maio deste ano, e quebrou a bacia em junho de 2024.
Ele também já teve câncer no pulmão, revelado em 2018, e tinha problemas
cardíacos e hipertensão.
Quem foi Alberto Fujimori
Alberto Fujimori foi um
político nipo-peruano que nasceu em 1938, em Lima. Em 1974, casou-se com Susana
Higuchi, também nipo-peruana. Eles tiveram quatro filhos, incluindo uma filha,
Keiko, e um filho, Kenji, que mais tarde seguiriam seu pai para a política.
Fujimori foi eleito presidente
do Peru em 1990 como um candidato desconhecido sob a bandeira "Cambio
90" ("mudança 90", em português). Ele derrotou o renomado
escritor Mario Vargas Llosa no segundo turno do pleito.
No dia 5 de abril de 1992,
dois anos após ser eleito sem maioria no Legislativo, Alberto Fujimori
aplicou um autogolpe em seu governo: dissolveu o Congresso peruano,
neutralizou seus opositores, interveio no Judiciário e concentrou todos os
poderes em suas mãos.
Fujimori passou, então, a
comandar um regime de exceção com um alto apoio popular, de cerca de 80% da
população peruana. Ele contava também com o respaldo das Forças Armadas em seu
governo.
O sistema de justiça peruano o
processou durante anos para fazê-lo responder pelos seus casos pendentes.
Fujimori renunciou à presidência do Peru em 2000 por meio de um fax e deixou o
país. Ele passou a viver no Japão graças à sua dupla nacionalidade. Em 2005, no
entanto, Fujimori foi detido durante uma visita ao Chile e foi extraditado
em 2007, quando foi preso.
Em 2009, o Fujimori foi
condenado a 25 anos de prisão por crimes contra a Humanidade durante seu
mandato. Com isso, ele se tornou o primeiro ex-presidente da América
Latina a ser julgado e condenado em seu próprio país por crimes contra os
direitos humanos.
Fujimori foi acusado de
ordenar que um esquadrão da morte conhecido como Grupo Colina cometesse os dois
massacres: o primeiro ocorreu em 1991, no bairro Barrios Altos, em Lima, e
a segunda, em 1992, na Universidad de la Cantuta, também na capital.
No massacre do bairro de
Barrios Altos, agentes do Serviço de Inteligência do Exército peruano
encarregado de execuções extrajudiciais confundiram a multidão com integrantes
do grupo guerrilheiro maoísta Sendero Luminoso e abriram fogo. A operação
deixou 15 mortos e quatro feridos.
No massacre da Universidad de
la Cantuta, membros do Grupo Colina sequestraram e mataram nove estudantes e um
professor. Os agentes entraram na instituição de ensino e executaram as
vítimas, carbonizando seus corpos e os enterrando nos arredores de Lima.
Fujimori também foi condenado
por participação nos sequestros do jornalista Gustavo Gorriti e do empresário
Samuel Dyer, ambos em 1992.
Além dos casos envolvendo
direitos humanos, Fujimori também foi condenado por um escândalo de corrupção
em seu governo, envolvendo espionagem, suborno e compras ilegais.
Apoiadores de Fujimori
destacam o sucesso de sua política econômica na batalha contra a hiperinflação
que atingia o Peru quando ele chegou ao poder, e que sob seu comando ocorreu a
derrota da guerrilha maoísta Sendero Luminoso.
Já seus críticos ao
ex-presidente enfatizam seu caráter autoritário e lembram que, em 1992, ele
realizou um autogolpe que levou ao fechamento do Congresso peruano, além de
citarem violações dos direitos humanos perpetradas por agentes do Estado na
luta anti-Senderista e escândalos de corrupção que marcaram o fim do seu
governo.
Fonte:G1
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