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A agência de espionagem
israelense Mossad plantou explosivos dentro de 5.000 pagers importados pelo
grupo libanês Hezbollah meses antes das detonações desta terça-feira (17),
disseram à Reuters uma fonte sênior de segurança libanesa e outra fonte.
A
operação foi uma violação de segurança sem precedentes do Hezbollah que viu
milhares de aparelhos detonados em todo o Líbano, matando nove pessoas e
ferindo quase 3.000 outras, incluindo combatentes do grupo e o enviado do Irã a
Beirute.
A
fonte de segurança libanesa disse que os pagers eram da Gold Apollo, sediada em
Taiwan, mas a empresa disse em uma declaração que não fabricava os
dispositivos.
Ela
disse que eles foram feitos por uma empresa chamada BAC, que tem licença para
usar sua marca, mas não deu mais detalhes.
O
grupo armado libanês disse em um comunicado nesta quarta-feira (18) que “a
resistência continuará hoje, como em qualquer outro dia, suas operações para
apoiar Gaza, seu povo e sua resistência, o que é um caminho diferente da
punição severa que o inimigo criminoso (Israel) deve aguardar em resposta ao
massacre de terça-feira”.
O
plano parece ter sido elaborado ao longo de muitos meses, disseram diversas
fontes à Reuters.
A
principal fonte de segurança libanesa disse que o grupo havia encomendado 5.000
bipes (como também são conhecidos os pagers) da Gold Apollo, que, segundo
várias fontes, foram trazidos para o país no início deste ano.
O
fundador da Gold Apollo, Hsu Ching-Kuang, disse que os pagers usados na
explosão foram feitos por uma empresa na Europa que tinha o direito de usar a
marca da empresa, cujo nome ele não pôde confirmar imediatamente.
A
empresa, em uma declaração, nomeou a BAC como a empresa, mas Hsu se recusou a
comentar sobre sua localização.
“O
produto não era nosso. Ele só tinha a nossa marca”, disse Hsu a repórteres nos
escritórios da empresa na cidade de Nova Taipei, no norte de Taiwan, nesta
quarta-feira.
A
principal fonte de segurança libanesa identificou uma fotografia do modelo do
pager, um AP924, que, como outros pagers, recebe e exibe mensagens de texto sem
fio, mas não pode fazer chamadas telefônicas.
A
principal fonte de segurança libanesa identificou uma fotografia do modelo do
pager, um AP924, que, como outros pagers, recebe e exibe mensagens de texto sem
fio, mas não pode fazer chamadas telefônicas.
A
Gold Apollo disse em um comunicado que o modelo AR-924 foi produzido e vendido
pela BAC.
“Nós
apenas fornecemos autorização de marca registrada e não temos nenhum
envolvimento no design ou fabricação deste produto”, disse o comunicado.
Combatentes
do Hezbollah têm usado pagers como um meio de comunicação de baixa tecnologia
na tentativa de escapar do rastreamento de localização israelense, disseram à
Reuters neste ano duas fontes familiarizadas com as operações do grupo.
Mas
a fonte libanesa sênior disse que os dispositivos foram modificados pelo
serviço de espionagem de Israel “no nível de produção”.
“O
Mossad injetou uma placa dentro do dispositivo que tem material explosivo que
recebe um código. É muito difícil detectá-lo por qualquer meio. Mesmo com
qualquer dispositivo ou scanner”, disse a fonte.
A
fonte disse que 3.000 pagers explodiram quando uma mensagem codificada foi
enviada a eles, ativando simultaneamente os explosivos.
Outra
fonte de segurança disse à Reuters que até três gramas de explosivos estavam
escondidos nos novos pagers e passaram “despercebidos” pelo Hezbollah durante
meses.
Hsu
disse que não sabia como os pagers poderiam ter sido programados para explodir.
Autoridades
israelenses não responderam imediatamente aos pedidos de comentários da
Reuters.
Imagens
de pagers destruídos analisadas pela Reuters mostraram um formato e adesivos na
parte traseira que eram consistentes com pagers feitos pela Gold Apollo.
O
Hezbollah estava se recuperando do ataque, que deixou combatentes e outros
ensanguentados, hospitalizados ou mortos.
Um
oficial do Hezbollah, falando sob condição de anonimato, disse que a detonação
foi a “maior violação de segurança” do grupo desde que o conflito de Gaza entre
Israel e o aliado do Hezbollah, o Hamas, eclodiu em 7 de outubro.
“Este
seria facilmente o maior fracasso de contrainteligência do Hezbollah em
décadas”, disse Jonathan Panikoff, ex-vice-diretor nacional de inteligência do
governo dos EUA para o Oriente Médio.
Fonte: CNN
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