Rendimentos altos, bens de luxo e 'falência': como influencer pode ter dado golpes de R$ 15 milhões com falsos investimentos.




Gabriel Saletti Pinotti é suspeito de aplicar golpes de investimento financeiro e foi preso; na casa dele, PF encontrou computadores usados para operações — Foto: Reprodução/EPTV e redes sociais

 Gabriel Pinotti foi preso suspeito de atrair investidores e usar dinheiro deles para 'manutenção de um estilo de vida exuberante e ostentador'. Penas podem chegar a 48 anos de prisão.


A Polícia Federal detalhou como agia o influenciador de Ribeirão Preto (SP) preso por aplicar golpes milionários de falsos investimentos financeiros.

De acordo com a PF, ao menos 50 pessoas foram alvo do golpe em quatro anos. Uma apuração da EPTV, afiliada da TV Globo, aponta que Gabriel Saletti Pinotti pode ter feito cerca de 200 vítimas. Juntas, elas acumularam um prejuízo de cerca de R$ 15 milhões.


A prisão temporária de Pinotti aconteceu na terça-feira (18), no âmbito da operação "Take Profit" ("Obter Lucros" em inglês), mas foi divulgada apenas nesta quinta (20).


O influenciador deve responder por crimes financeiros, lavagem de dinheiro, exercício ilegal de atividade de assessor de investimento sem autorização e crime contra a econômica popular. Somadas, as penas podem chegar a 48 anos de prisão.


A defesa disse que só irá se manifestar depois que tiver informações sobre o processo.


Como os investidores eram atraídos?

Gabriel Pinotti prometia lucros altos e em pouco tempo, com o objetivo de atrair investidores.

O que era prometido aos investidores?

O delegado da Polícia Federal Marcellus Henrique Araújo explica que a estratégia do influenciador era prometer rendimentos mais abaixo do que golpistas prometiam antigamente, para causar a sensação aos investidores de um investimento bom e, ao mesmo tempo, possível.


Araújo ressalta, no entanto, que apesar de esses índices serem menores, eles ainda não correspondiam à realidade.


"A pessoa que pratica esse tipo de crime monta uma estratégia para atingir o maior número possível de vítimas. Ela sabe que esse discurso de 10% ao mês não vai colar, como colava antigamente. Ele [Pinotti] prometia no mínimo 2%, mas citava que teve mês que teve 5%, 6% de rendimento, como forma de tentar convencer aquela pessoa a confiar nele."


Como o dinheiro das vítimas era usado?

O dinheiro das vítimas era usado para aquisição de veículos de luxo, casa em condomínio, viagens e "manutenção de um estilo de vida exuberante e ostentador, até mesmo como estratégia de conferir uma aparência de investidor de sucesso", segundo a PF.


"Verificamos que ele pegou esse recurso que era, inicialmente, para o projeto financeiro, que já era errado e já era crime, ele utilizou em proveito próprio, adquirindo bens de luxo, sustentando um estilo de vida exuberante", afirma o delegado.


Influenciador de Ribeirão Preto ostentava viagens e carros de luxo — Foto: Redes sociais


Era uma espécie de pirâmide financeira?

A maneira com que as vítimas foram atraídas e o dinheiro delas foi gerido faz com que o esquema tenha características de pirâmide financeira, afirma Araújo.


"Esse tipo de criminoso vai, pega o dinheiro das pessoas para ele se sustentar ao longo do tempo. É necessária essa gestão dos capitais das vítimas. De tempos em tempos, uma ou outra vítima quer resgatar o valor aplicado nesse fundo, e ele tem que pagar, até mesmo para o esquema se sustentar. Nesse cenário, a gente identificou características de pirâmide financeira."


O que o influencer alegava quando as vítimas reclamavam?

Ao mesmo tempo em que desfrutava de carros, casas e viagens, por outro lado, o influenciador recebia mensagens de vítimas desesperadas por não receberem o lucro prometido.


Como resposta, Pinotti alegava que havia aberto uma Ação Declaratória de Insolvência Civil, por conta de os pagamentos terem se tornado "insustentáveis". Esse procedimento, de acordo com o delegado, é como se fosse uma abertura de falência para pessoas físicas e não poderia ter sido feito pelo influenciador.



"O procedimento de insolvência civil é acessível a qualquer pessoa que se encontra em situação de dívida extrema, desde que essas dívidas não decorram de práticas criminosas. O que aconteceu nesse caso, a gente está verificando ser uma estratégia do investigado para tentar mitigar qualquer responsabilidade criminal dele, é ele conferir uma aparência dos atos criminosos dele como uma pessoa que, em dado momento, viu-se devedora e não pôde arcar com as dívidas, o que não é o caso."


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