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Com a quadra chuvosa e um
ambiente mais úmido no início do ano, o Ceará tem aumento de diversas
enfermidades; entre elas, as doenças
diarreicas agudas (DDA) - popularmente chamadas de “virose da
mosca” -, que acometem o sistema gastrointestinal. Porém, neste ano, o
Estado teve um aumento de 50% nos registros em relação ao mesmo período do ano
passado, com quase 50 mil casos a mais.
Conforme a Secretaria da Saúde
do Ceará (Sesa), entre as semanas epidemiológicas 1 e 15 deste ano (até o dia
13 de abril), foram notificados 137.853 casos. Em igual intervalo de 2022 e
2023, foram cerca de 90 mil, cada. O número também é o maior desde 2020,
conforme dados disponibilizados pela Pasta a pedido do Diário do Nordeste.
Neste ano, também houve
crescimento de surtos - quando há um aumento súbito e localizado do número de
casos de uma doença -, passando de 7 para 11 ocorrências.
Apesar
do crescimento, os registros atuais ficam abaixo daqueles até 2019, período
anterior à pandemia da Covid-19. Naquele ano, foram quase 150 mil casos.
Contudo, valor ainda abaixo das 15 primeiras semanas de 2016, que acumularam
mais de 170 mil casos.
As
DDA são doenças infecciosas gastrointestinais em que há ocorrência de no mínimo
três episódios de diarreia aguda em 24 horas, de acordo com o Ministério
da Saúde. Esse quadro pode ser acompanhado de náusea, vômito, febre e dor
abdominal, mas é autolimitado e tem duração de até 14 dias.
Segundo
a médica Vanuza Chagas, no período chuvoso, os maus hábitos de higiene e as
condições sanitárias precárias se somam a aglomerações de pessoas para criar um
cenário propício à transmissão dessas doenças.
“Em
locais com ar condicionado em que muita gente circula, vírus e bactérias também
estão circulando e contaminando pelo rápido contato próximo, por gotículas de
saliva ou se a pessoa pega num objeto contaminado por alguém”, afirma.
Além
disso, ressalta a especialista, pela grande quantidade de vírus circulando, é
possível ter quadros diarreicos sucessivos ocasionados por agentes
distintos.
“Pode
acontecer de você ser acometido por vírus diferentes em períodos curtos, até
pelo próprio comprometimento do sistema imunológico, que vai ficando mais
debilitado a cada doença que se tem”, explica.
TRANSMISSÃO
DA VIROSE DA MOSCA
As
doenças diarreicas agudas podem ser provocadas por diferentes microrganismos
infecciosos (bactérias, vírus e outros parasitas, como protozoários) que
inflamam o trato gastrointestinal. Geralmente, são causadas pelo consumo de
água, alimentos, objetos e outras pessoas contaminadas.
Alguns
fatores podem colocar as pessoas em risco e facilitar a contaminação, como:
Ingestão
de água sem tratamento adequado;
Consumo
de alimentos sem conhecimento da procedência, do preparo e armazenamento;
Consumo
de leite in natura sem ferver ou pasteurizar e seus derivados;
Consumo
de carnes, pescados e mariscos crus ou mal cozidos;
Consumo
de frutas e hortaliças sem higienização adequada;
Condições
de saneamento e higiene precárias;
Falta
de higiene pessoal.
SINTOMAS
DA DIARREIA
O
paciente precisa ficar atento à diminuição da consistência das fezes – líquidas
ou amolecidas – e aumento do número de evacuações, podendo ser acompanhadas de:
Cólicas
ou dores abdominais
Febre
Sangue
ou muco nas fezes
Náusea
Vômitos
A
principal complicação é a desidratação, especialmente em crianças e
idosos, o que pode levar a quadros mais graves. Nestes casos, a procura
pelo serviço de saúde deve ser realizada em caráter de urgência.
TRATAMENTO
DA VIROSE DA MOSCA
O
tratamento das doenças diarreicas agudas se baseia na prevenção e na rápida
correção da desidratação do paciente, normalmente por meio da ingestão de
líquidos e solução de sais de reidratação oral, e a ingestão de alimentos leves
e naturais.
A
médica Vanuza Chagas alerta que, como a maioria dos processos diarreicos é
causada por vírus, não há indicação para o uso de antibióticos,
“principalmente sem orientação médica”.
“Esse
uso indiscriminado de antibióticos tem levado à maior resistência bacteriana.
Além disso, uma situação de quadro viral em que se vai iniciar antibiótico pode
até acentuar o processo de diarreia. Realmente, precisa de indicação médica”,
reforça.
A
prescrição de antibióticos depende de casos mais severos, com
diarreias intensas, presença de febre elevada e comprometimento do paciente -
contudo, também precisa de avaliação médica.
Fonte: Diário do Nordeste
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