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| Foto: Reprodução |
Estudo
indica que 59% dos alunos do ensino médio não finalizaram os estudos na idade
certa
A Frente Parlamentar Mista da
Educação (FPME) realizou nesta terça-feira (20), no Salão Nobre da Câmara dos
Deputados, um ato em defesa da permanência dos alunos nas escolas. O evento foi
marcado pelo lançamento do estudo “Indicador de Regularidade de Trajetórias
Educacionais”, produzido pela Fundação Itaú.
Segundo o estudo, quase metade
(48%) dos estudantes brasileiros nascidos entre 2000 e 2005, atualmente com
idades entre 19 e 24 anos, não passaram pelo ensino fundamental com trajetória
regular, ou seja, acumularam repetência, reprovação ou abandonaram os estudos.
No ensino médio, a situação é mais grave: 59% dos alunos não finalizaram os
estudos na idade correta.
O levantamento produzido pelos
pesquisadores Chico Soares, Izabel Costa da Fonseca, Clarissa Guimarães e Maria
Teresa Gonzaga Alves tomou como base informações de 2007 a 2019 do Censo
Escolar, considerando o nível socioeconômico das escolas e o Índice de
Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb).
Uma das conclusões é que é
preciso monitorar melhor a permanência de crianças e adolescentes nas salas de
aula. “O que esse estudo nos traz é que não conseguimos garantir uma trajetória
regular, ou seja, sem reprovação, sem repetentes e sem abandonos para quase
metade das crianças e adolescentes antes mesmo de eles chegarem ao ensino
médio”, observa Patrícia Mota Guedes, superintendente do Itaú Social.
Desigualdades
Segundo o estudo, a regularidade é um problema ainda maior para estudantes do
sexo masculino, pessoas com deficiência, negros, indígenas e alunos de escolas
de baixo nível socioeconômico.
O levantamento define o aluno
com trajetória regular como aquele que entra (aos 6 anos) e conclui na idade
correta o ensino fundamental (aos 11 anos) e o ensino médio (aos 17 anos).
Trajetórias pouco regulares estão associadas à entrada tardia ou a algum
registro de repetência ou abandono, enquanto que muita irregularidade reflete
entradas tardias e múltiplos registros de repetência ou abandono. Por fim,
trajetórias interrompidas significam que o aluno deixou de frequentar a escola
e não retornou.
Presidente da FPME, o deputado
Rafael Brito (MDB-AL) afirmou que o novo indicador produzido pela Fundação Itaú
é mais um instrumento para a elaboração de políticas para a educação
brasileira. Como estratégia para manter os alunos em sala de aula, ele citou o
recém-criado programa Pé-de-Meia, do governo federal, que prevê R$ 200 por mês
e depósitos de R$ 1.000 ao final de cada ano concluído para alunos do ensino
médio.
“A educação tem uma série de
dificuldades do ponto de vista de manter o jovem dentro de sala, na maioria das
vezes, porque o jovem precisa sair para trabalhar, passa por uma gravidez ou
tem que tomar conta de um irmão menor para a mãe poder sair para trabalhar, uma
vez que no município não tem creche”, observou.
O deputado Prof. Reginaldo
Veras (PV-DF) disse que o estudo contribui para jogar luz nas variáveis que
levam o aluno a deixar de frequentar a escola. “É extremamente importante para
que, depois, tanto o governo quanto o próprio Poder Legislativo construam leis
mais eficazes para combater esse mal que é a evasão escolar”, disse.
Gênero
O Indicador de Regularidade de Trajetórias Educacionais aponta que meninas têm
trajetórias mais regulares do que meninos: 58% das meninas têm trajetórias
regulares no ensino fundamental (trajetória de 9 anos), contra apenas 46% dos
meninos. Por outro ângulo, apenas 9% das meninas têm trajetórias muito
irregulares, enquanto entre os meninos o percentual é de 16%.
Raça e cor
Em relação a grupos de raça e cor, os brancos são os mais favorecidos, com um
percentual de regularidade de 62%, seguidos por estudantes classificados como
amarelos, com 55%. Os pretos estão em uma posição intermediária, com taxa de
regularidade próxima a 42%. Já entre os indígenas, apenas 23% apresentam
trajetória regular.
Renda
Enquanto 69% dos estudantes de escolas de nível socioeconômico mais alto
apresentam trajetórias regulares, apenas 38% dos estudantes de escolas com
perfil socioeconômico mais baixo conseguiram iniciar e finalizar os estudos na
idade correta.
Deficiência
Em relação à deficiência, apenas 13,6% dos alunos com deficiência possuem
trajetória escolar regular, com predomínio de casos de muita irregularidade
(56%).
Região
O fator regional também influencia na qualidade da permanência escolar.
Municípios do Norte, do Nordeste e do Sul apresentam circunstâncias bem piores
em relação a Sudeste e Centro-Oeste.
Fonte: Agência Câmara de
Notícias

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