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Quatro deputados federais cearenses foram responsáveis por enviar cerca de R$ 40 milhões em recursos oriundos de emendas individuais impositivas para cinco municípios onde estão seus berços políticos. Uma prova dessa influência é que eles receberam mais de 50% dos votos desses municípios na última vez em que disputaram eleições.
As beneficiadas foram as
prefeituras de Parambu, Nova Russas, Acaraú, Itarema e Senador Sá, que tiveram
um incremento, neste ano, de R$ 40,5 milhões por indicação, ainda no ano
passado, dos então deputados Genecias Noronha (PL), Robério Monteiro (PDT), Júnior
Mano (PL) e AJ Albuquerque (PP).
Além
de berço político e principal reduto eleitoral desses mandatários, há outro
elemento que os liga a essas cidades: as gestões são comandadas por familiares
ou aliados diretos dos deputados. Há casos em que o parlamentar foi o único a
enviar recursos para a cidade comandada pelo filho ou que o político indicou
quase 14 vezes mais recursos que adversários na região.
Esse
levantamento é resultado de um cruzamento de informações disponíveis na Câmara
dos Deputados e no Tribunal Regional Eleitoral do Ceará (TRE-CE). Ele toma como
base os pleitos eleitorais e o envio de emendas individuais impositivas dos
deputados federais cearenses até o último dia 30 de novembro. Indicados no ano
passado, os recursos foram pagos ao longo deste ano.
A
reportagem integra a série “Rota das Emendas no Ceará”, que segue os caminhos
dos recursos enviados por parlamentares cearenses aos municípios do Estado e
revela como as decisões políticas afetam a distribuição do recurso público.
Para este ano, os deputados federais puderam decidir o destino de até R$ 32,1
milhões, já os senadores tiveram à disposição R$ 59 milhões.
Conforme
a Constituição Federal, os parlamentares são livres para escolher como irão
distribuir os recursos. Alguns preferem beneficiar suas bases enquanto outros
apostam em locais onde possuem baixa votação como estratégia para atrair
aliados.
Quatro deputados federais
cearenses foram responsáveis por enviar cerca de R$ 40 milhões em recursos
oriundos de emendas individuais impositivas para cinco
municípios onde estão seus berços políticos. Uma prova dessa influência é
que eles receberam mais de 50% dos votos desses municípios na última vez em que
disputaram eleições.
As beneficiadas foram as
prefeituras de Parambu, Nova Russas, Acaraú, Itarema e Senador Sá, que tiveram
um incremento, neste ano, de R$ 40,5 milhões por indicação, ainda no ano
passado, dos então deputados Genecias Noronha (PL), Robério Monteiro (PDT), Júnior
Mano (PL) e AJ Albuquerque (PP).
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Com
R$ 415,9 milhões, saúde concentra 64% das emendas individuais dos parlamentares
cearenses
Além de berço político e
principal reduto eleitoral desses mandatários, há outro elemento que os liga a
essas cidades: as gestões são comandadas por familiares ou aliados diretos dos
deputados. Há casos em que o parlamentar foi o único a enviar recursos para a
cidade comandada pelo filho ou que o político indicou quase 14 vezes mais
recursos que adversários na região.
Esse levantamento é resultado
de um cruzamento de informações disponíveis na Câmara dos Deputados e no
Tribunal Regional Eleitoral do Ceará (TRE-CE). Ele toma como base os pleitos
eleitorais e o envio de emendas individuais impositivas dos deputados federais
cearenses até o último dia 30 de novembro. Indicados no ano passado, os
recursos foram pagos ao longo deste ano.
A reportagem integra a série “Rota
das Emendas no Ceará”, que segue os caminhos dos recursos enviados por
parlamentares cearenses aos municípios do Estado e revela como as decisões
políticas afetam a distribuição do recurso público. Para este ano, os deputados
federais puderam decidir o destino de até R$ 32,1 milhões, já os senadores
tiveram à disposição R$ 59 milhões.
Conforme a Constituição
Federal, os parlamentares são livres para escolher como irão distribuir os
recursos. Alguns preferem beneficiar suas bases enquanto outros apostam em
locais onde possuem baixa votação como estratégia para atrair aliados.
SOB COMANDO DO SOBRINHO
O laço político entre o
empresário Genecias Noronha e a cidade de Parambu, no Sertão de Inhamuns, é
antigo. Ele iniciou a trajetória política justamente como vice-prefeito do
local, em 2001. O político chegou ao comando da Prefeitura duas vezes: em 2004 e
em 2008, quando renunciou para disputar cargo no Legislativo estadual.
Ainda assim, o clã liderado
pelo político vem deixando sua marca no comando da cidade. Atualmente, a gestão
municipal é comandada por Rômulo Noronha (Solidariedade), sobrinho do
ex-deputado.
Antes do sobrinho, o Executivo
foi comandado por Raimundo Noronha (Solidariedade), irmão de Genecias. Antes
dele, a prefeita era Keylly Noronha, sobrinha do ex-deputado e irmã de Rômulo.
Genecias, que não disputou
eleição no ano passado, ainda conseguiu eleger o filho, Matheus Noronha (PL),
para sua vaga na Câmara dos Deputados em 2022. O ex-parlamentar exerce uma
influência política histórica na cidade. No pleito de 2018, a última vez em que
colocou seu nome nas urnas, Genecias recebeu cerca de 12 mil votos em Parambu,
o que equivale a 68,5% do eleitorado da cidade.
Na hora de definir a indicação
de suas emendas, essa força do eleitorado se refletiu em recursos. Do montante
distribuído em suas emendas, Genecias já teve R$ 25,2 milhões pagos, dos quais
R$ 17,2 milhões foram para Parambu. O então mandatário foi o único a enviar
recursos para a cidade, comandada por seu sobrinho, por meio de suas emendas
individuais.
Contudo, mesmo sendo lembrada
apenas por Genecias, Parambu foi a quarta cidade a receber maior volume
financeiro, ficando atrás apenas da Capital, de Tauá e de Ipu.
Dos R$ 17,2 milhões enviados
por sua indicação, R$ 5,8 milhões ficaram atrelados ao Fundo Nacional de Saúde
(FNS), responsável por gerir os recursos financeiros do Ministério da Saúde. O
órgão faz a destinação de investimentos com entidades da administração direta e
indireta do Sistema Único de Saúde (SUS).
A outra fatia, de R$ 11,3
milhões, ficou sob supervisão do Ministério da Fazenda e foi repassada ao
município por meio de transferências especiais.
Nesta modalidade, os recursos
são enviados diretamente às prefeituras para dois usos: custeio e
investimentos, sendo vedado o uso para gasto com pessoal e para encargos
referentes ao serviço da dívida pública. Portanto, os gestores municipais podem
usar os recursos para a construção de hospitais, a pavimentação de ruas e a
requalificação de praças, por exemplo.
Procurada pela reportagem, a
assessoria do ex-deputado Genecias Noronha informou que o político sempre
considerou o “apoio recebido na base (...) para destinação de recursos para
implementação de projetos prioritários” nos municípios.
SOB COMANDO DA ESPOSA
Outro deputado que levou em
conta seu berço político na hora de distribuir os recursos foi Júnior Mano. Ele
irrigou com um montante milionário o município de Nova Russas, comandado por
sua esposa, Giordanna Mano (PL).
Além da influência da
companheira, a força do parlamentar na cidade ficou evidente no pleito do ano
passado, quando recebeu 13,3 mil votos, o equivalente a 74,3% do eleitorado
municipal.
Para este ano, ele indicou
para a gestão liderada pela esposa R$ 4,6 milhões dos R$ 26 milhões em emendas
que distribuiu.
Ao todo, o município de Nova
Russas, Sertão de Crateús, recebeu R$ 6,3 milhões em emendas individuais,
montante que mais de 70% foi enviado por Júnior Mano. Também enviaram recursos
os deputados Vaidon Oliveira (Solidariedade), com R$ 1 milhão, e José Airton
Cirilo (PT), com R$ 680 mil.
EM FAMÍLIA
Mais ao Norte, os municípios
de Acaraú e Itarema concentram a base eleitoral do pedetista Robério Monteiro.
Ele, inclusive, já comandou a Prefeitura de Itarema por dois mandatos, no
início da carreira política. Atualmente, a esposa do parlamentar, Ana Flávia
Monteiro (PSB), está à frente do Município de Acaraú. Já a gestão de Itarema é
comandada por Elizeu Monteiro (PDT), irmão do deputado.
Para as duas cidades, Robério
enviou 65% de suas emendas pagas neste ano. Dos R$ 27 milhões em recursos
individuais do pedetista, R$ 17,6 milhões ficaram em seu berço político.
Desse total, a maior fatia
ficou sob o comando da Prefeitura de Acaraú, com R$ 13,9 milhões, divididos
para a Saúde e para investimentos em outras áreas do município. Já para
Itarema, ele indicou R$ 3,6 milhões.
No pleito do ano passado,
Robério conseguiu um feito significativo nas duas cidades, obtendo mais de 50%
da preferência do eleitorado. Em Acaraú, ele acumulou 19,6 mil votos, o
equivalente a 57% dos votos, já em Itarema foram 12,4 mil, chegando a 52,2% do
eleitorado.
AO LADO DE CASA
Outro parlamentar que
retribuiu sua base eleitoral foi AJ Albuquerque (PP), o político destinou R$ 1
milhão para a cidade de Senador Sá, na região de Sobral. No pleito do ano
passado, 6 em cada 10 eleitores da cidade escolheram AJ como seu representante na
Câmara dos Deputados.
Senador Sá, apesar de ser uma
região de forte influência do político, está localizado ao lado da cidade que é
berço político de AJ: Massapê. O município já foi governado pelo deputado e,
hoje, é gerido por sua irmã, Aline Albuquerque (PP).
Contudo, o deputado enfrenta
um momento turbulento com a irmã justamente por conta do repasse de recursos.
Ele indicou R$ 500 mil para a Prefeitura, montante apontado como aquém do
esperado por ex-aliados.
Em entrevista à Rádio
Coqueiros FM, no fim de novembro, o parlamentar disse que tem sido criticado
por supostamente não enviar recursos diretamente para a Prefeitura de Massapê.
Segundo ele, os valores foram
enviados ao Estado para que fossem distribuídos na cidade. “Todas as grandes
obras de Massapê são com recursos vindos do Estado que eu coloquei lá, mas não
vem discriminado como quando envio de Brasília (...) Inclusive as obras
inauguradas, mas nunca falaram meu nome nem nada, e eu fiquei três anos
calado”, disse.
OUTRO LADO
Os deputados AJ Albuquerque,
Júnior Mano e Robério Monteiro foram procurados pela reportagem, mas não houve
retorno.
Fonte: Diário do Nordeste
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