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Lua Maara Jenipapo-Kanindé
Kariri nasceu no dia 26 de outubro deste ano, em Crateús. Com apenas dois meses
de vida, a pequena mal sabe, mas já carrega uma conquista importante para o
movimento indígena no Ceará: após intensa mobilização com o cartório responsável,
ela se tornou a primeira pessoa do Estado com sobrenome oficial formado somente
pelas etnias da família.
Lua é filha do produtor
cultural Lucas Sipya Kariri, coordenador do Memorial dos Povos Indígenas
Vicente Kariri, e da professora e artista Janaína Jenipapo-Kanindé. Engajado na
mobilização pelos direitos indígenas cearenses, o casal decidiu homenagear as
origens de seus povos desde o nascimento da menina.
No
entanto, os pais enfrentaram resistência do cartório que procuraram. “Como
era algo novo, que ninguém tinha colocado antes, estavam na dúvida. Sugeriram
que ela só mudasse a partir dos 18 anos, mas fomos atrás dos nossos direitos”,
detalha.
O
casal buscou o apoio de organizações e autoridades, como a secretária
dos Povos Indígenas do Ceará, Juliana Alves; Luciano Kariri, presidente da
Associação Indígena Kariri; Erasmo Jenipapo-Kanindé, presidente do Conselho
Indígena Jenipapo-Kanindé; e Valdivino Neto Kariu-Kariri, historiador e especialista
em etnologia indígena.
Durante
o processo, precisaram apresentar documentos de pertencimento étnico das duas
aldeias: Maratoan, em Crateús, e Lagoa Encantada, em Aquiraz. Só depois de
quase três semanas é que eles finalmente receberam a certidão de nascimento da
criança. “Foi algo bem angustiante, a gente tava indo quase todos os dias
lá”, confessa o pai.
Fonte: O Povo
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