![]() |
| Foto: Reprodução |
Polícia
Federal mirou aliados do presidente da Câmara em operação que investiga fraude
com kit de robótica
A Polícia
Federal cumpriu nesta quinta-feira (1º) mandados de prisão e de busca
e apreensão em uma investigação sobre desvios
em contratos para a compra de kits de robótica com dinheiro do FNDE
(Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação).
Imagens
de divulgação da operação mostram a apreensão de um cofre superlotado com
dinheiro de um dos alvos da investigação. Ele tinha ao menos R$ 4,4 milhões em
dinheiro vivo e foi encontrado em um endereço de Maceió ligado a um policial
civil investigado.
A
PF investiga possíveis fraudes que podem ter gerado prejuízo de R$ 8,1 milhões.
São cumpridos 26 mandados de busca e dois de prisão temporária.
O
caso teve origem em reportagem
da Folha publicada em abril do ano passado sobre as aquisições em
municípios de Alagoas, todas assinadas com uma mesma empresa pertencente a
aliados do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL).
A
investigação começou ainda em 2022 após a revelação da Folha. O
pedido de buscas e prisões foi feito pela PF em março de 2023, e as ordens,
expedidas pela Justiça Federal de Alagoas.
Como
mostrou a Folha à época, os kits foram contratados com recursos, em
boa parte, das bilionárias emendas
de relator do Orçamento —naquele momento, durante o governo Bolsonaro,
Lira era responsável por controlar em Brasília a distribuição de parte desse
tipo de verba.
Lira
foi um dos principais aliados do ex-presidente Jair
Bolsonaro (PL) e teve apoio da base do governo Lula (PT)
para ser reeleito presidente da Câmara em fevereiro passado.
Como
revelou a Folha nesta quinta-feira, ele fez chegar a interlocutores
do Palácio do Planalto que não
irá pautar projetos de interesse de Lula até que os deputados avaliem
que o governo ajustou a articulação política e a relação com a Casa.
A
empresa fornecedora dos kits de robótica é a Megalic, que funcionava em uma
pequena casa no bairro de Jatiuca, em Maceió, com capital social de R$ 1
milhão.
A
empresa é apenas uma intermediária, embora tenha fechado contratos milionários,
ao menos R$ 24 milhões, e não produz os kits de robótica.
A
Megalic está em nome de Roberta Lins Costa Melo e Edmundo Catunda, pai do
vereador de Maceió João Catunda (PSD). A proximidade do vereador e de seu pai
com Lira é pública.
Além
da empresa e de Edmundo Catundo, são alvos da PF outros aliados de Lira em
Alagoas.
Segundo
a PF, os crimes teriam sido cometidos entre 2019 em 2022 em contratos de 43
municípios alagoanos.
"De
acordo com a investigação, as citadas contratações teriam sido ilicitamente
direcionadas a uma única empresa fornecedora dos equipamentos de robótica,
através da inserção de especificações técnicas restritivas nos editais dos
certames e de cerceamento à participação plena de outros licitantes",
disse a PF em nota.
Como
mostrou a Folha, o TCU já havia apontado fraude
nos processos de compras de kits
de robótica no governo Jair
Bolsonaro (PL) e suspendeu os contratos.
A
área técnica do tribunal identificou, no total, 253 empenhos em valor total de
R$ 189 milhões para a compra de kits de robótica. A maior parte é relacionada a
recursos de emendas de relator, e nem tudo isso foi de fato pago.
A relação levantada pelo TCU indica priorização a prefeituras de Alagoas e Pernambuco, onde 12 municípios receberam R$ 44 milhões, segundo o órgão.
"Vimos
um explícito beneficiamento dos estados de Alagoas e Pernambuco com emendas que
claramente violentam os princípios constitucionais sobre isonomia e diminuição
das desigualdades regionais", disse o ministro Walton Alencar, relator do
caso, em seu voto.
Ainda
segundo o TCU, "em detrimento de outros municípios, tendo a maioria das
verbas repassados tido por origem emendas do relator (RP-9)".
Fonte: Folha de são paulo

Postar um comentário