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Na primeira semana de abril, o Ceará já registrou um terço do volume de
chuva esperado para o mês. De acordo com dados da Fundação Cearense de
Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme), o acumulado do dia 1º até a noite
desta sexta-feira, 7, era de 63,3 milímetros (mm). O índice corresponde a 33,5%
da normal climatológica mensal, projetada em 188 mm.
Terceiro
mês da estação chuvosa no Ceará, abril registra precipitações há sete dias
consecutivos e tem previsão de mais chuva para as próximas horas. As chuvas são
distribuídas em todas as macrorregiões do Estado, com variações de tempo e
intensidade.
A Sexta-Feira Santa foi
chuvosa em pelo menos 66 municípios, conforme o último balanço divulgado pela
Funceme. O município de Coreaú, na Serra da Ibiapaba, teve o maior acumulado em
24 horas, cerca de 69 mm.
Em Fortaleza, de acordo com os
indicadores fornecidos pelo órgão meteorológico, choveu apenas 24 mm. O volume,
no entanto, foi suficiente para causar transtornos e alagamentos em vários
pontos da cidade.
Na avenida Heráclito Graça, no
Centro, seis motoristas ficaram presos dentro dos carros em que trafegavam
devido ao grande acúmulo de água na via. Eles conseguiram sair dos veículos
graças à solidariedade de moradores da região, que se organizaram em grupo para
resgatar os condutores.
Outro ponto bastante afetado
foi o cruzamento das avenidas Almirante Barroso e Almirante Tamandaré, no
bairro Praia de Iracema, onde a água cobriu calçadas e o canteiro central. Com
o trecho intrafegável, agentes da Autarquia Municipal de Trânsito (AMC)
estiveram no local para bloquear a passagem de veículos durante quase toda a
manhã. No começo da tarde, a situação foi normalizada.
Também foram registrados
alagamentos em ruas e avenidas do bairro Vicente Pinzón, mas sem ocorrências
graves. A Defesa Civil de Fortaleza informou que entre a madrugada e o começo
da manhã desta sexta, não houve casos de desabamento, deslizamento ou de outras
emergências relacionadas às chuvas na Capital.
No Interior, a preocupação é
com a possibilidade de inundações no entorno de grandes reservatórios que estão
próximos de sangrar, além do risco de rompimento de barragens que vêm recebendo
grande volume de água nos últimos dias. Em Pedra Branca, no Sertão Central,
moradores das adjacências do Açude do Povo convivem com o medo de enchentes
diante de um eventual transbordo do reservatório.
Na última quarta-feira, 5, as
residências da área chegaram a ser evacuadas após a Prefeitura emitir um alerta
de desastre. No dia seguinte, contudo, técnicos da Defesa Civil do Estado
fizeram uma vistoria no local e avaliaram que, por ora, não existe risco que
justifique a desocupação das casas. De acordo com Capitão Araújo, responsável
técnico do órgão, o trecho está seguro para habitação. Ele destaca que a
probabilidade de rompimento da barragem é baixa, mas "não é zero", já
que no período chuvoso as precipitações podem superar as projeções
meteorológicas.
Em Quixeramobim, também no
Sertão Central, moradores estão aflitos com a rápida evolução da reserva
hídrica do Açude Fogareiro, que atingiu o maior nível em doze anos. Na primeira
semana de abril, a cota do reservatório quase triplicou, passando de 32,99% da
capacidade máxima no dia 1º para 89% nesta sexta-feira, 7.
A barragem está a apenas 6
centímetros de verter. Apesar disso, a Defesa Civil afirma que não há risco
inundações nas residências situadas próximas do açude. Um técnico da Companhia
de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh) atua em regime de plantão no local
para inspecionar a segurança da barragem e informar autoridades e a população
sobre a situação.
Após os sete dias consecutivos
de chuva em abril, o Ceará atingiu a marca de 60 açudes sangrando nesta
sexta-feira, recorde dos últimos doze anos. Esse é o maior número desde 2011,
ano em que 67 barragens verteram. Com o cenário favorável para mais chuva nos
próximos dias, é possível que o indicador seja superado ainda este mês. A
previsão do tempo da Funceme indica que o fim de semana deve ser chuvoso em
todas as macrorregiões do Estado. Atualmente, segundo a Cogerh, oito açudes
estão na iminência de transbordar, com níveis hídricos acima de 90%.
Fonte: Flavio Pinto
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