Foto: Raquel Portugal/ Fundação Oswaldo Cruz |
A variante Delta do
novo coronavírus já está em transmissão comunitária no Ceará. Nesta
quarta-feira (11), a Secretaria da Saúde do Estado (Sesa) confirmou o primeiro
caso do tipo. Um profissional de saúde do município de Icó foi o infectado.
O paciente não viajou
recentemente para fora do Ceará e nem teve contato com viajantes. O Ceará havia
confirmado outros 15 casos, todos de transmissão importada, em pessoas
que chegaram de outros estados e até do exterior.
Resultado do sequenciamento
genômico que detectou a cepa no paciente em Icó, cidade a 360 km de
Fortaleza, saiu na última segunda-feira (9).
A Sesa informou que já iniciou
o monitoramento e a investigação "para compreender as circunstâncias da
infecção". Caso foi divulgado por meio da nota nas redes sociais da
Pasta.
"O caso serve de alerta
para a população para retomar ou reforçar os cuidados sanitários básicos para
evitar a transmissão do vírus", alertou a Sesa.
VIAGENS DEVEM SER EVITADAS
Conforme a Secretaria, é
recomendado que neste momento cearenses evitem se deslocar entre os
municípios, a não ser para "casos estritamente necessários". A Sesa
orienta ainda que municípios reforcem suas barreiras sanitárias.
A variante Delta já foi
comprovada como mais agressiva e de rápida disseminação.
Nesta quarta-feira, medida
judicial concedida após pedido do Governo do Estado definiu que pessoas de fora
que chegam ao Ceará devem apresentar comprovante de vacinação com as duas
doses ou teste PCR negativo. O mesmo vale para cearenses que viajarem e
retornarem ao Estado.
O QUE É TRANSMISSÃO
COMUNITÁRIA?
A transmissão comunitária é a
ocorrência de casos da Covid-19 que não estão vinculados a um outra confirmação
específica em uma área definida.
Quando uma doença ou uma
variante está em transmissão comunitária, isso significa dizer que não é
possível rastrear a origem da infecção, "indicando que o vírus circula
entre as pessoas, independente de terem viajado ou não para o
exterior".
As informações são da
plataforma Coronavírus do Governo do Ceará.
CASOS DA VARIANTE DELTA NO CEARÁ
A variante Delta foi identificada pela primeira vez no
Ceará no dia 29 de julho, em quatro viajantes oriundos do Rio de Janeiro, sendo
três mulheres e um homem, com idades entre 22 e 26 anos. Todos foram testados
entre 19 e 21 de julho, no Aeroporto de Fortaleza.
Em seguida, na terça-feira
(3), a Sesa confirmou outros dois novos casos de viajantes
que também chegaram do Rio de Janeiro
No último dia 6, a Sesa
detalhou mais nove casos importados, de viajantes vindos do Rio de Janeiro (6),
São Paulo (1), Recife (1) e México (1). Todos são considerados jovens,
sendo três mulheres, menores de 27 anos; e seis homens, com idades entre 20 e
38 anos.
Apenas uma dessas pessoas não
mora no Ceará; é visitante de São Paulo. As demais residem em Fortaleza, Tauá,
Choró, Sobral, Poranga, Irauçuba e Paraipaba.
O QUE É A VARIANTE DELTA?
Identificada pela primeira vez
em dezembro de 2020, a nova cepa do coronavírus é uma das versões do
vírus, que faz mudanças consecutivas para adaptação no corpo humano.
Rapidamente, a variante Delta,
definida como a mais transmissível do SARS-CoV-2, se tornou a principal pelo
mundo. Segundo cientistas, ela é 50% mais rápida que a primeira variante, a
alfa.
QUAIS OS SINTOMAS DA VARIANTE
DELTA?
Conforme o pesquisador David
Straim, da faculdade de Medicina da Universidade de Exeter, no Reino Unido, os
sintomas desta cepa são muito semelhantes ao de uma gripe.
Já o chefe do Centro de Medicina
Social da Universidade Jawaharlal Nehru, em Nova Delhi, Rajib Dasgupta, conta
que também não é possível distingui-la das demais variantes da Covid-19.
"Todas as infecções
causadas pela Covid começam como uma doença viral leve", explicou ele em
entrevista concedida ao portal G1.
Apesar dos sintomas
semelhantes, faixas etárias distintas podem sentir a variante de formas
diferentes. Em crianças, por exemplo, diarreia, coriza, febre e
mal-estar são os sintomas mais comuns.
Em adultos e idosos, eles
ainda podem surgir por meio dos sintomas comuns da Covid-19, como falta de
ar ou tosse.
AS VACINAS SÃO EFICAZES CONTRA
A VARIANTE DELTA?
A pesquisa mais recente sobre
a questão foi lançada na última quarta-feira (21), administrada por
pesquisadores do Sistema de Saúde do Reino Unido, da Universidade de Oxford e
do Imperial College London.
Dados apontam que, já na
primeira dose, as vacinas da Pfizer/BioNTech e da AstraZeneca apresentam resistência contra a nova cepa.
Nesse caso, a taxa de eficácia
é de 30,7% para ambas, com uma variação de 25,2% a 35,7%.
Com duas doses, entretanto, os
números sobem. A AstraZeneca possui, nesse caso, eficácia que pode chegar a
67%, com média entre 61,3% a 71,8%.
Enquanto isso, duas doses da
Pfizer/BioNTech podem proteger o indivíduo imunizado contra a variante Delta em
88%, variando entre 85,3% a 90,1%.
Ainda segundo outro estudo,
conduzido pela Universidade de Nova York, a vacina da Janssen, produzida
pela Johnson & Johnson teria se mostrado menos eficiente contra a
variante.
Em laboratório, cientistas
identificaram uma eficácia que pode ser menor que 50% do imunizante
contra a cepa em questão. A fabricante, no entanto, informou que a resposta imunológica ainda existe.
Fonte: Diário do Nordeste
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