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| Foto: Reprodução |
Era o ano de 2017,
quando Michel Araújo assumiu a Secretaria de Desenvolvimento e Inovação de
Juazeiro do Norte (CE). Ligado à área de tecnologia, Michel sabia que o futuro
está na economia 4.0, movida por dados e inteligência artificial, e começou a
pesquisar como isso poderia servir à realidade do Cariri cearense.
“A gente participou do
primeiro evento de cidade inteligente e resolveu comprar a ideia”, lembra
Araujo. “Não é porque estamos no semiárido do Nordeste que não podemos.”
O avanço da inteligência
artificial encheu o mundo de dados. Robôs de empresas como Facebook e Google
esmiúçam todas as informações de seus usuários e, assim, buscam atender a
demanda de consumo específica de cada um. “O governo é quem mais tem dados, mas
não usa”, diz Araújo. “Utilizar permite ser mais assertivo no desenvolvimento
de políticas públicas.”
Ao longo do tempo, as cidades
se desenvolveram de maneira dissociada. Serviços públicos divididos em pastas
que raramente conversam.
“É muito prejudicial essa
gestão separada”, afirma Vitor Antunes, que atuou como consultor do projeto.
“Os municípios não percebem que a informação da segurança pública é relevante
na educação. Aquela queixa crime relacionada a um abuso em casa tem total
pertinência em relação ao histórico educacional. As coisas se entrelaçam.”
“Cidade inteligente é a que
melhora a qualidade de vida dos que habitam nela. Tecnologia é um meio, não um
fim. Se melhorar o acesso à educação, à saúde, é uma cidade inteligente”,
complementa Araújo. “Os dados agilizam e possibilitam uma gestão que não
existia.”
Bom, o objetivo de Juazeiro
estava traçado, mas restava pô-lo em prática. Não existe um exemplo perfeito de
cidade inteligente para copiar. Medellín, na Colômbia, e seu plano de
mobilidade pública, ou Barcelona, na Espanha, com a gestão participativa dos
dados dos cidadãos, são alguns modelos, mas a solução que funciona em um lugar
pode não servir para outro. As pessoas devem estar no centro do projeto, e as soluções
adequadas às especificidades locais.
“Juazeiro do Norte olhou para
a estruturação de políticas públicas. Fez um belo diagnóstico antes de começar
qualquer tipo de licitação. Esse foi o diferencial”, conta Antunes. ” Abriu
essa discussão à sociedade, com inúmeras audiências públicas. Foi constituído
um ecossistema de inovação, com participação da academia, sociedade e poder
público.”
Antes mesmo de sair do papel,
o Plano Diretor de Cidades Inteligentes de Juazeiro do Norte, projeto de lei
aprovado por unanimidade em junho de 2018, atraiu a atenção de especialistas em
cidades inteligentes de todo o mundo, alçando Michel Araújo ao posto de
palestrante. “Deixei de ser um expectador e virei divulgador em todos os
eventos que frequentava”, diz Araújo. “Hoje, Juazeiro do Norte divide palco com
cidades como Medellín, Nova York e Barcelona.”
O plano
O caminho foi a iluminação
pública. A maioria das cidades do Brasil ainda utilizam lâmpadas que consomem
muita eletricidade. Trocar por LED gera até 80% de economia, com um
investimento que rapidamente se paga. Existem até recursos garantidos para
isso, já que todos pagamos um imposto junto com a conta de luz – Cosip – que
deve ser obrigatoriamente utilizado pelas cidades para esse fim.
“99% dos municípios fazem apenas
a troca. Nós fomos pesquisar como poderíamos embarcar outros serviços nessa
mesma luminária”, conta Araujo. “Com a troca para LED, geramos uma economia
mínima de 55%, que vai remunerar diversos serviços.”
*Conteúdo UOL

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