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Foto: Lorena Tavares
A Vara de Delitos de
Organizações Criminosas decidiu soltar 13 acusados de integrar uma
organização criminosa ligada a homicídios, tráfico de drogas e lavagem de
dinheiro, no Município de Saboeiro (a cerca de 450 km de distância de
Fortaleza). A decisão, proferida na última terça-feira (30), foi justificada
por excesso de prazo na prisão preventiva.A decisão foi justificada por
excesso de prazo na prisão preventiva e é semelhante à soltura de 71 membros de
uma facção, também nessa semana
Foram soltos Jackson Maciel Da
Silva Luna, Antônio Franielisson Lima Santos (conhecido como 'Galego'), Islan
Murilo Cassimiro Oliveira, João Pereira De Lima Neto, Manoel De Oliveira Silva
(o 'Manel Paraná'), Leandro Antero Grigório, Antonio Emerson De Sousa Garcia (o
'Emer'), Cícero Garcia De Amorim (o 'Havaí'), Ana Carolina Silva Alencar,
Antonio Geilson Braga Lopes, Guilherme Fernandes Plácido, Thyago De Souza Lima
e Erick Rodolfo Moreira.
O grupo estava em prisão
preventiva há mais de sete meses, desde o dia 20 de agosto de 2020,
após a
deflagração da Operação Carcará, da Polícia Civil do Ceará (PCCE).
"Sendo assim, não tenho referido prazo como razoável e proporcional para
uma prisão cautelar. Fere o princípio da razoabilidade adiar a prestação
jurisdicional aos acusados, preservando suas custódias, em razão da demora não
ocasionada pela defesa", considera o juiz.
O Ministério Público do Ceará
(MPCE) destacou que apresentou denúncia no processo, no dia 17 de
outubro de 2020. Mas, devido a um imbróglio criado na ação penal, a denúncia
ainda não foi recebida pela Justiça.
O Tribunal de Justiça do
Estado do Ceará (TJCE) afirmou, em nota, que " a referida decisão que
relaxa a prisão de 13 pessoas com suspeita de envolvimento em organização
criminosa faz parte dos autos de inquérito policial que está tramitando em
segredo de justiça. Por esta razão, em cumprimento ao parágrafo único do Art.
1º da Resolução 121/2010 do Conselho Nacional de Justiça, o Judiciário não pode
fornecer informações sobres os autos e, principalmente, não se responsabiliza
pelo vazamento delas".
Essa decisão da Vara de
Delitos de Organizações Criminosas é semelhante ao relaxamento
da prisão de 71 suspeitos de integrar uma facção criminosa em
Quixeramobim. O colegiado de juízes também considerou excesso de prazo na
prisão. A soltura recebeu centenas de criticas nas redes sociais. Mas, neste
caso, ainda não houve denúncia do MPCE, que contestou
a decisão e prometeu recorrer. O Tribunal de Justiça do Ceará (TJCE) e a
Associação Cearense dos Magistrados (ACM) defenderam a decisão judicial, a
qual foi baseada na lei, segundo os Órgãos. Especialistas ouvidos pela
reportagem concordaram com o argumento.
Imbróglio no processo
Conforme a decisão judicial, a
ação penal decorrente da Operação Carcará tramitava na Vara Única da Comarca de
Saboeiro, quando o juiz declinou da competência e transferiu o
processo para a Vara de Delitos de Organizações Criminosas, em razão do caso
envolver uma organização criminosa.
Entretanto, o representante do
Ministério Público do Ceará da Vara de Delitos de Organizações Criminosas pediu
pela devolução dos autos para a Vara de Saboeiro, alegando ligação do grupo
criminoso com homicídios que são julgados em outro processo, naquele mesmo
Município.
Então, o juiz da Vara de
Delitos remeteu o processo para o TJCE resolver o imbróglio, o que ainda não
ocorreu, mesmo com a denúncia já apresentada pelo MPCE.
A Operação Carcará foi
deflagrada no dia 23 de julho do ano passado para desarticular uma
organização criminosa que atuava há décadas em Saboeiro. Foram cumpridos 19
mandados judiciais, naquele Município e ainda em Icó, Tauá e Iguatu. Mais de
100 policiais civis participaram da Operação.
Segundo a Polícia, o grupo é
suspeito de envolvimento em uma série de homicídios registrados em Saboeiro e
já arrecadou milhões de reais com o tráfico de drogas na região. Somente entre
dezembro de 2019 a junho de 2020, foram registrados 13 homicídios com
características de execução, que teriam sido praticados por alvos da ofensiva
policial.

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