Em dezembro, o governo anunciou que pretendia realizar nove
privatizações em 2021, incluindo a Eletrobras. A venda da estatal, porém, é um
dos grandes desafios do governo Bolsonaro.
A Eletrobras comunicou
no domingo (24) que Wilson Ferreira Junior, atual presidente da empresa e
membro do Conselho de Administração, renunciou ao cargo. Em fato relevante, a
empresa afirma que a decisão foi tomada por motivos pessoais.
Ferreira Jr. ficará no cargo até o dia 5
de março para fazer transição para seu sucessor, que ainda será indicado. Ele
deve fazer um pronunciamento nesta segunda-feira (25).
Ferreira Jr. é grande defensor da
privatização da empresa. No cargo desde julho de 2016, ele foi nomeado pelo
ex-presidente Michel Temer. Depois, foi convidado pelo governo de Jair
Bolsonaro para continuar no comando da estatal.
Em dezembro, o governo anunciou que
pretende realizar nove privatizações em 2021, entre as quais a
da Eletrobras. A venda da estatal, porém, é um dos grandes desafios do governo
Bolsonaro.
A expectativa da pasta era que o projeto
fosse aprovado ainda no primeiro semestre. Mas, na semana passada, o ministro
de Minas e Energia, Bento Albuquerque, afirmou que não haverá
prejuízo se a votação pelo Congresso Nacional da privatização da companhia
ficar para o segundo semestre deste ano.
O governo prevê levantar cerca de R$ 16
bilhões com a privatização da Eletrobras, por meio de uma capitalização da
companhia por meio da emissão de novas ações e envolve pagamento de outorgas à
União.
O governo anterior, de Michel Temer,
falava em promover uma desestatização da Eletrobras, por meio de uma operação
em que a empresa emitiria novas ações e diluiria a fatia governamental na
companhia para uma posição minoritária. A gestão Bolsonaro passou a adotar o
termo "capitalização" para se referir ao processo.
Último balanço mostra que a Eletrobras teve lucro de
R$ 95,764 milhões no terceiro trimestre de 2020, queda de 86,6%
em relação ao mesmo período de 2019, quando o ganho ficou em R$ 715,872
milhões. A empresa justificou a queda do lucro ao aumento das provisões por
redução na geração de energia, por processos judiciais e de contratos onerosos.
Privatizações empacadas
A equipe do ministro Paulo Guedes teve grande dificuldade
para avançar em 2020 com o programa federal de privatizações. Em
dois anos de governo, nenhuma estatal de controle direto da União foi vendida e
muitos dos leilões de concessão ou de parceria com a iniciativa privada
previstos para o ano foram adiados ou cancelados.
Em novembro, Guedes admitiu estar
"bastante frustrado" por ainda não ter conseguido
vender uma estatal. Na ocasião, ele afirmou que "acordos políticos"
no Congresso têm impedido as privatizações.
Em 2020, apenas 9 projetos federais da
carteira do Programa de Parcerias de Investimentos (PPI) foram anunciados como
concluídos. Em janeiro de 2020, o
governo previa leiloar ao menos 64 projetos.
A lista de promessas frustradas em 2020
inclui, entre outros, a venda de estatais como a Eletrobras, o leilão do 5G
(tecnologia que promete conexões ultra-rápidas de internet e que vem sendo alvo
de disputas entre EUA e China), 22 aeroportos, 6 rodovias, 3 parques e 2 ferrovias.
A nova meta da equipe econômica é
realizar 104 leilões em 2021, incluindo 9 privatizações, entre as quais
Eletrobras e Correios, além de 25 projetos de estados e prefeituras. Se os
projetos saíram do papel, a expectativa é que resultem em mais de R$ 371
bilhões em investimentos ao longo dos anos de contrato.
Secretário de Privatização
deixou governo
Em agosto, o então secretário especial de
Desestatização e Privatização, Salim Mattar, pediu demissão, alegando
estar insatisfeito com o ritmo das privatizações, segundo o ministro da
Economia, Paulo Guedes.
"O que ele me disse é que é muito
difícil privatizar, que o estabilishment não deixa a privatização, que é tudo
muito difícil, tudo muito emperrado", declarou Guedes à época, emendando
que o governo manteria o objetivo de fazer privatizações.
Leia abaixo a íntegra do
comunicado da Eletrobras:
Centrais Elétricas Brasileiras S/A
(“Companhia” ou “Eletrobras”) (B3: ELET3, ELET5 & ELET6; NYSE: EBR &
EBR.B; LATIBEX: XELT.O & XELT.B) informa aos seus acionistas e ao mercado
em geral que, nesta data, Wilson Ferreira Junior, atual Presidente da Companhia
e membro do Conselho de Administração, renunciou ao cargo de Presidente da
Companhia, por motivos pessoais.
Wilson permanecerá no referido cargo de
Presidente até o dia 5 de março de 2021, permitindo a adequada transição para
seu sucessor, ainda a ser indicado.
A Companhia aproveita o ensejo para agradecer
ao Wilson por sua reconhecida liderança na reestruturação organizacional e
financeira do Sistema Eletrobras durante seu mandato de cerca de 4,5 anos. Sob
sua gestão, a Companhia atingiu lucros históricos, reduziu sua alavancagem a
patamares compatíveis com a geração de caixa, reduziu custos operacionais com
privatizações de distribuidoras e programas de eficiência, colocou em operação
obras atrasadas, simplificou a quantidade de participações acionárias, com a
venda, incorporação e encerramento em cerca de 90 sociedades de propósito
específico, aprimorou seu Programa de Compliance, padronizou estatutos sociais
e alçadas de aprovação das Empresas Eletrobras e resolveu contenciosos
importantes nos Estados Unidos decorrentes de reflexos da Operação Lava Jato,
dentre outras realizações relevantes.
Em razão do objeto deste Fato Relevante, a
Companhia convida a todos investidores para uma teleconferência às 15h de
amanhã, dia 25 de janeiro, com a participação do Wilson.
Fonte:G1
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