Ministro disse que objetivo é transformar Brasil em 'grande zona de livre comercio'. Segundo ele, é preciso mostrar preocupação com meio ambiente para ratificar acordo com União Europeia.
O ministro da Economia, Paulo Guedes,
afirmou nesta segunda-feira (23) que nos próximos dois anos o governo federal
vai "para o ataque", com privatizações e reformas. A declaração foi
feita em uma videoconferência sobre comércio internacional.
Guedes também afirmou que a área econômica falhou
no cumprimento de metas de abertura da economia brasileira ao comércio
exterior. Porém, acrescentou que isso será feito de maneira "gradual,
segura e inexorável".
"Dedicamos este primeiro ano, ano e meio para
atacar as grandes despesas do governo. Jogamos na defesa. No segundo ano, e nos
próximos dois anos, vamos para o ataque. Vamos para as privatizações, com
abertura, com simplificação, reforma tributária, a reindustrialização em cima
de energia barata. É esse o panorama à frente", declarou.
Entre os próximos passos na agenda de reformas, o
ministro citou:
·
lei de falências, já
aprovada pela Câmara dos Deputados e aguardando a análise
pelo Senado;
·
autonomia do Banco
Central, aprovada pelo senadores e aguardando a análise
pela Câmara;
·
marcos regulatórios do
gás natural e da cabotagem;
O ministro também defendeu a necessidade de
avançar, nos próximos meses, nas discussões de medidas como as reformas
tributária e administrativa, e o pacto federativo.
Guedes afirmou, novamente, estar convencido de que havia um
"acordo político de centro esquerda" para não pautar as
privatizações.
"E, dentro do governo, também, alguma
resistência de alguns ministérios. Todo ministro gosta de uma empresa que está
embaixo do ministério dele. Alguns ministros nossos, no início, não
compreenderam a importância do programa de privatizações para derrubar a
dívida/PIB", disse.
No início deste mês, Guedes lamentou não ter conseguido
privatizar sequer uma estatal em dois anos de governo, declarando estar "bastante frustrado" com relação a esse
assunto.
Para 2020, Guedes previa inicialmente
fazer quatro grandes privatizações: Eletrobras, Correios, Porto de Santos e
Pré-Sal Petróleo S.A. Ele tem dito que a nova meta é vender essas quatro
empresas até o fim de 2021.
Abertura comercial
Além de reconhecer que
falhou em levar adiante as privatizações na primeira metade do governo de Jair
Bolsonaro, o ministro da Economia admitiu que não conseguiu
abrir a economia brasileira.
Segundo ele, a tarifa média de
importação do Brasil está pouco acima de 14%, sendo que há setores com 34% e
outros com zero. A tarifa média praticada pela Organização para a Cooperação e
Desenvolvimento Econômico (OCDE), grupo de nações ricas em que o Brasil quer
ingressar, é de 4%.
O ministro explicou que o governo é
liberal, mas não "trouxa" e que, por isso, antes da abertura
comercial é necessário melhorar as condições de competitividade da produção
nacional, com uma reforma tributária e novos marcos legais para investimentos.
Guedes acrescentou que o objetivo é transformar o Brasil em
uma "grande zona de livre comercio, mas que preserve a nossa
indústria".
Meio ambiente
Apesar de não ter
conseguido reduzir as tarifas, o ministro disse que o governo avançou em
acordos comerciais, citando as negociações com o Mercosul e com a União
Europeia.
"Assinamos um acordo com a União
Europeia, agora vamos ver se os parlamentos ratificam ou não, mas fizemos a
nossa parte. Saiu do Ministério da Economia e entrou lá na Europa. Vamos
mostrar que temos a matriz de energia mais limpa do mundo, vamos mostrar que
nós realmente estamos preocupados com o problema do meio ambiente, vamos fazer
o que for preciso para despertar essa boa vontade lá fora", disse.
Guedes citou também a existência de
outras barreiras comerciais, como as exigências fitossanitárias e relacionadas
à preservação do meio ambiente.
"Tem exigências fitossanitárias
também. 'Essa madeira não queremos porque vem da Amazônia'. Tem uma guerra com
argumentação de meio ambiente, uma guerra de protecionismo disfarçado em
praticas sanitárias. Temos de ter igual atenção às barreiras não
tarifárias", afirmou.
Fonte: G1
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