A baixa popularidade do governo do presidente
Michel Temer mantém-se praticamente inalterada, segundo a Confederação Nacional
da Indústria (CNI). Na pesquisa CNI-Ibope, divulgada ontem, o percentual dos
que avaliam o governo como ótimo ou bom oscilou de 6% para 5%, em comparação
com a pesquisa anterior de dezembro de 2017. "As mudanças ficaram dentro
da margem de erro", explicou o gerente-executivo de Pesquisa e
Competitividade da CNI, Renato da Fonseca.
Aqueles que avaliam o governo como ruim ou
péssimo passaram de 74% para 72%; e os que consideram regular eram 19% em
dezembro de 2017 e agora são 21%. Não sabem ou não responderam foram 2%. A
pesquisa foi realizada entre 22 e 25 de março, com 2 mil pessoas em 126 municípios
do país. A margem de erro é de 2 pontos percentuais para mais e para menos e o
nível de confiança é de 95%.
De acordo com o levantamento, 9% da população
aprovam a maneira de Temer governar; 87% desaprovam e 4% não sabem ou não
responderam. Em relação à confiança no presidente, 8% confiam em Temer, 89% não
confiam e 3% não sabem ou não responderam.
Para Fonseca, apesar da queda da inflação e de
sinais de retomada do emprego, a população ainda não consegue perceber as
melhoras na economia. Segundo ele, por mais que isso esteja sendo noticiado,
muitos produtos e serviços continuam subindo de preços, como gasolina, gás de
cozinha, tarifas de ônibus e material escolar.
"As pessoas ainda não estão convictas que a
economia está se recuperando, porque, claramente, muitos preços não pararam de
subir", disse, explicando que, por isso, o governo não consegue se
apropriar das boas notícias para aumentar sua popularidade. "Até a questão
do emprego, por mais que tenha esse sinal (de retomada dos postos de trabalho),
o desemprego é muito alto. As pessoas veem isso como um problema e isso está
atrelado ao governo".
Áreas de atuação
A notícia mais associada à gestão Michel Temer é
a corrupção. É o que mostra pesquisa. O tema foi citado por 10% dos
entrevistados, segundo o levantamento.
Em segundo lugar, aparecem "Operação Lava-
Jato", sem especificação, tema lembrado por 4% das pessoas ouvidas no
levantamento, e "intervenção militar no Rio de Janeiro", também com
4% das menções.
Em seguida, o tema "adiamento da reforma da
Previdência" aparece como uma das notícias mais lembradas, assunto citado
por 2% dos entrevistados.
O resultado mostra que o governo Temer voltou a
ser lembrado pelos casos de corrupção. Na última pesquisa, realizada em
dezembro de 2017, a notícia mais lembrada era justamente a reforma da
Previdência, que estava para ser votada no Congresso. De lá para cá, Temer se
tornou alvo de uma investigação na Procuradoria-Geral da República (PGR) sobre
a edição de um decreto envolvendo o Porto de Santos. O ex-assessor José Yunes,
amigo de Temer há 50 anos, chegou a ser preso por ordem do Supremo, assim como
outras pessoas próximas ao presidente.