O presidente Michel Temer disse
nesta terça-feira (20), em discurso ao lado do presidente colombiano, Juan
Manuel Santos, que a migração de venezuelanos para
Brasil e Colômbia "perturba" os países da América
Latina.
Santos, em
visita oficial ao Brasil, participou de uma reunião com Temer e
ministros dos dois países no Palácio do Planalto. Depois, os dois presidentes
deram uma declaração à imprensa.
Na sua
fala, Temer disse que um dos temas tratados no encontro foi a crise na
Venezuela e a saída de habitantes daquele país para os vizinhos.
A Colômbia
tem adotado medidas para reforçar o controle na fronteira e a entrada de
imigrantes. O Brasil também decidiu reforçar o controle na fronteira, em
Roraima.
"Evidentemente,
tratamos da situação da Venezuela. Este êxodo venezuelano para o Brasil e para
a Colômbia perturba os países da América Latina. Nós fizemos questão de
evidenciar que a nossa relação com a Venezuela, para o Brasil e certamente para
a Colômbia, é uma relação institucional, é de estado para estado, mas não
significa que nós patrocinemos o que está acontecendo na Venezuela sob o foco
político", afirmou Temer.
O
presidente ainda defendeu a "pacificação política na Venezuela, a
democracia plena nas eleições e a não agressão aos que se opõem ao regime que
lá está constituído".
Juan
Manuel Santos também abordou o tema Venezuela na declaração à imprensa. Ele
disse que a situação migratória é "inédita" para Brasil e Colômbia. Santo
ainda fez um apelo para que o presidente venezuelano, Nicolás Maduro, aceite
ajuda humanitária oferecida por outras nações.
"Por
conta da crise humanitária na Venezuela, nossos dois países recebem
venezuelanos que buscam melhores condições de vida. Entramos em acordo para
buscar trocar experiências para a melhor forma de lidar com essa situação, que
tanto no Brasil quanto na Colômbia é inédita. E fazer um chamado ao presidente
Maduro que aceite a ajuda humanitária que vários países, entre eles Brasil e
Colômbia, oferecem", afirmou o presidente colombiano.
Segurança pública
Outro tema da reunião, segundo Temer, foi a segurança pública e combate
ao crime organizado. Ele frisou que assunto "angustia brasileiros e
colombianos”. “Queremos naturalmente reforçar cada vez mais as nossas
fronteiras”, disse.
Temer
também elogiou Santos pelo esforço no processo de paz na Colômbia. Em 2016, o
presidente colombiano ganhou o Prêmio Nobel da Paz pelo esforço de pacificação
do país, já que foi um dos líderes da negociação do acordo de paz com as Forças
Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc).
A conversa
com Santos, segundo Temer, também abordou comércio, investimentos e
agricultura. Ele afirmou que sugeriu a negociação para um acordo de compras
governamentais entre os países e defendeu o acordo entre MERCOSUL e a Aliança
do Pacífico.
Temer
agradeceu a solidariedade do povo e do governo colombiano no acidente com a
aeronave que transportava a delegação da Chapecoense, em novembro de 2016. A
tragédia, ocorrida na Colômbia, deixou 71 mortos e seis feridos.
Assinaturas
de atos
Depois da reunião entre os dois presidentes, que foram acompanhados por ministros,
houve uma cerimônia no Planalto para assinaturas de atos entre os dois países.
Foram
firmadas uma declaração conjunta sobre certificado digital e um memorando de
entendimento para cooperação em temas de micro, pequenas e médias empresas e
artesanato.
A
assessoria do Planalto ainda divulgou um entendimento entre os países na área
de cooperação na agricultura familiar. O documento prevê uma missão técnica de
especialistas brasileiros a Colômbia, que fará "um pré-diagnóstico"
da agricultura familiar no país.
Fonte: Guilherme Mazui –
G1