Um dos
três votos da base aliada que ajudaram a derrotar a reforma trabalhista em
comissão do Senado, o senador Hélio José (PMDB-DF) afirmou nesta quarta-feira,
21, ter sido alvo de retaliação do governo com a demissão de dois indicados
seus em órgãos do Executivo. Em um discurso de oposição, acusou o presidente
Michel Temer de chantagem e cobrou sua renúncia.
"Nós
não podemos permitir que o governo transforme votações em balcão de negócios.
Esse governo está podre. Esse governo corrupto tinha que ter vergonha na cara e
renunciar", afirmou Hélio José.
O
peemedebista surpreendeu na terça-feira, 20, o governo ao votar contra o
relatório do senador Ricardo Ferraço (PSDB-ES) sobre a reforma trabalhista na
Comissão de Assuntos Sociais (CAS). Um texto alternativo, contra a reforma, foi
aprovado por 10 votos a 9.
"A
reforma trabalhista é equivocada. Vem precarizar ainda mais as relações de
trabalho. É inadmissível, um governo mergulhado nesse emaranhado de corrupção,
tome esse tipo de atitude de retaliação de quem quer fazer as coisas de forma
adequada. É uma falta de consideração", afirmou Hélio José. "Não dá
para ser coagido, chantageado, por causa de posto no governo."
Os
indicados de Hélio José exonerados hoje foram Vicente Ferreira, que deixou a
Diretoria Planejamento e Avaliação da Superintendência do Desenvolvimento do
Centro-Oeste (Sudeco), e Nilo Gonsalves, exonerado do cargo de superintendente
do Patrimônio da União no Distrito Federal (SPU-DF).
"Acho
que o governo está para o que der e vier. Eles enlouqueceram. Pegar um senador
da República e retaliar com duas indicaçõezinhas não é justo. Não é um governo
correto."
Posição
Segundo
Hélio José, sua posição contrária à reforma já havia sido externada a
parlamentares do seu partido. Ele admite a influência do líder do PMDB, Renan
Calheiros (AL), em seu voto. O ex-presidente do Senado tem adotado posições críticas
às reformas propostas pelo governo.
Questionado
se houve alguma ameaça de que poderia perder cargos antes da votação na CAS, o
senador afirmou que o líder do governo, Romero Jucá (PMDB-RR), o havia alertado
para não votar contra a proposta. Ele disse, no entanto, que não havia
conversado com o correligionário após a votação de terça-feira.