Ministro da Educação, Camilo Santana, discursou na abertura da 2ª Cúpula Global da Coalizão para a Alimentação Escolar. Evento teve presença do vice-presidente Geraldo Alckmin. / Crédito: FÁBIO LIMA
Obrigatoriedade de produtos da agricultura familiar vai aumentar de 30% a 45% com nova legislação. Medida fortalece economia rural e valoriza cultura alimentar, diz presidente do FNDE
A partir de 2026, 45% dos
recursos do Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae) serão direcionados
à produtos da agricultura familiar. A lei aprovada no Congresso Nacional deverá
ser sancionada pelo presidente Luís Inácio Lula da Silva (PT).
A informação foi dada pela
presidente do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), Fernanda
Pacobahyba, durante a abertura da 2ª Cúpula Global da Coalizão para Alimentação
Escolar, nesta quinta-feira, 18, em Fortaleza. O evento reúne delegações de
cerca de 80 países para discutir a importância da merenda escolar para a
educação.
“Um dos pilares que torna o
programa referência mundial é a sua forte ligação com a agricultura familiar.
Desde 2009, pelo menos 30% dos recursos destinados à alimentação escolar são
aplicados na compra de alimentos produzidos por pequenos agricultores locais.
Neste ano, o Brasil almeja aumentar esse percentual para 45%”, afirma.
Para ela, a medida promove
desenvolvimento regional, fortalece economias rurais e valoriza a cultura
alimentar. “É um exemplo de como a alimentação escolar pode gerar impacto
positivo para toda a sociedade”, diz. Pacobahyba citou o exemplo de Tauá,
cidade do interior do Ceará que compra 100% dos alimentos da merenda da
agricultura familiar.
O ministro da Educação do Brasil, Camilo Santana, destacou o Pnae como exemplo de política pública exitosa. Com os recursos do programa, 50 milhões de refeições são servidas nas escolas públicas brasileiras. A partir da Coalizão, da qual o País é copresidente, o governo pretende compartilhar boas práticas com nações que ainda não universalizaram o acesso à alimentação para os estudantes.
“Ainda temos 724 milhões de
crianças que ainda não têm acesso à alimentação escolar no mundo. Por isso a
importância dessa Coalizão, desse esforço mundial. Porque a gente sabe que uma
criança com fome não aprende”, ressaltou o ministro.
Estudo da Organização das
Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) publicado em 2023
mostrou que as refeições escolares contribuem para a redução da subnutrição
infantil e apoiam a aprendizagem, aumentando em 9% as taxas de matrícula e em
8% a frequência escolar, além de melhorar os resultados pedagógicos.
Durante o evento realizado em
Fortaleza, a Unesco lançou um novo relatório de Monitoramento Global da
Educação que reitera a importância do fornecimento de alimentação nutritiva nas
escolas. O documento afirma que, em 2022, quase um terço (27%) das refeições
escolares servidas em todo o mundo não foi planejado com a participação de
nutricionistas.
Foto: Fábio Lima
Almoço em escola de Fortaleza
apresenta programa de alimentação para ministros estrangeiros
Para ver como o Pnae funciona
na prática, ministros de diversos países foram convidados a almoçar com alunos
da Escola de Ensino Médio de Tempo Integral Johnson, no bairro Luciano
Cavalcante.
Os representantes
internacionais comeram frango ao molho e grelhado, arroz branco, feijão de
corda, farofa de cenoura e salada crua de repolho, cenoura e maçã, além de suco
de fruta e rapadura de sobremesa.
O alimento, preparado na
escola pelo cozinheiro Fernando Luís Venanzio, é o mesmo que os estudantes
comem diariamente. Segundo ele, todos os dias 380 refeições são produzidas em
média para os alunos.
“Acho a alimentação daqui bem
esbanjada, tem muitas opções, sempre tem salada. É uma alimentação bem
balanceada, para todos os gostos. Você gosta mais de almoçar e tem mais vontade
de comer saudável”, opina Sara Barreira, 16, aluna do segundo ano da escola.
Letícia de Sousa, 18, aluna do
terceiro ano, diz que os estudantes também puderam votar nas comidas preferidas
do cardápio, mesmo que os alimentos sejam escolhidos primeiramente por
nutricionistas. “A minha preferida é porco com farofa e baião e o suco de
acerola”, conta.
Fonte: Alexia Vieira - O Povo
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