O vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin — Foto: Reprodução
Medida é o primeiro passo no
processo de contestação das tarifas. Presidente Lula decidirá como e quando o
país deve acionar formalmente o organismo.
O Conselho de Ministros da
Câmara de Comércio Exterior (Camex) aprovou que o Brasil entre com uma consulta
na Organização Mundial do Comércio (OMC) contra o tarifaço imposto pelos
Estados Unidos. A medida, no entanto, ainda depende de aval do presidente Luiz
Inácio Lula da Silva (PT), que decidirá como e quando o país deve acionar
formalmente o organismo internacional.
A informação foi divulgada
pelo vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e
Serviços, Geraldo Alckmin.
“O conselho de ministros da
Camex aprovou o Brasil entrar com a consulta na OMC. Então está aprovado pelo
Conselho de Ministros da Camex, e agora o presidente Lula vai decidir como
fazê-lo e quando fazê-lo”, disse Alckmin.
A consulta à OMC é o primeiro
passo no processo formal de contestação de medidas comerciais. Caso não haja
entendimento na fase inicial, o Brasil poderá pedir a instalação de um painel
de arbitragem no órgão.
Cerca de 35% das exportações
para brasileiras para os Estados Unidos estão cobertas pela taxação de 50%
imposta pelo governo de Donald Trump, prevista para começar na quarta-feira
(6).
Negociações em andamento
Produtos muito importados
pelos EUA, como suco de laranja e minérios, ficaram de fora do tarifaço. Em
contrapartida, produtos como carne, café, frutas, móveis, dentre outros, estão
incluídos na sobretaxa de 50% imposta pelos Estados Unidos.
Alckmin disse que o desafio
agora é trabalhar para reduzir a alíquota de 50% ou de excluir os setores que
serão atingidos pelo tarifaço.
“Já fizemos uma reunião com o
setor do agro e vamos fazer outra amanhã. Estamos ouvindo os setores e
trabalhando para defender os interesses do Brasil”, afirmou.
Em conversa nesta segunda com
setores afetados pela sobretaxa, o ministro comentou sobre a abertura de novos
mercados para produtos brasileiros. Alckmin citou possibilidades na União
Eurorpeia e no Reino Unido. "Lá atrás houve bloqueio por questões sanitárias
que podem ser superadas", disse.
Avaliação de empresários
O presidente da Associação
Brasileira das Indústrias de Pescado (Abipesca), Eduardo Lobo, classificou a
reunião como "mais do mesmo". Segundo ele, se comparar com a reunião
ocorrida há 10 dias, as demandas setoriais se repetem.
Lobo se queixou do fato de o
governo não ter apresentado "nenhuma medida eficaz e que mitigue a
manutenção dos empregos e da produção"
"A gente reconhece que
existe uma preocupação, mas uma medida efetiva não chegou ainda para o setor,
principalmente para o setor de pescados que tinha uma grande expectativa de ser
excluído da lista e não veio nenhuma medida mitigadora", afirmou a
jornalistas.
A demanda do setor, de acordo
com ele, é para uma linha de crédito de baixo custo para a manutenção de
empregos e uma solução para que a produção não pare. Sobre isso, ele relatou
que o governo se comprometeu com uma linha de crédito mas já faz 10 dias.
"O tempo da gente não é
de médio prazo, é de curto prazo. Não adianta ter urgência e a gente não ser
socorrido. Tem que ser para ontem", declarou.
Sobre isso, Alckmin disse que
o plano de contingência para atender os setores está sendo concluído pelos
setores e "em questão de dias isso será resolvido".
" Conosco não tem
pré-datado, é PIX. Na hora que
resolver, paga", garantiu.
Programa para pequenos
exportadores
Alckmin informou que o
programa Acredita Exportação, do governo federal, entrou em vigor nesta
segunda-feira.
O programa prevê que pequenas
empresas que exportarem terão de volta 3% do valor exportado.
"O pleito do setor
empresarial hoje foi estender esse reintegra de transição para as demais
empresas que estão prejudicadas pelas exportações para os Estados Unidos",
afirmou o vice-presidente.
Plano de contingência
Pela manhã, o Ministério de
Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) informou que governo vai
investir R$ 2,4 bilhões em compras de mais de 10 mil equipamentos de saúde para
atendimento básico e cirurgias, aplicando margens de preferência aos produtos
feitos no Brasil e com tecnologia nacional.
Quando questionado se o
governo poderia contemplar no leque de compras públicas produtos perecíveis,
como alimentos, o ministro afirmou que uma das medidas do plano de contingência
prevê assistência nesse sentido.
"O plano de contingência
prevê várias medidas, crédito, uma delas pode prever compras governamentais.
não tem uma proposta, tem várias medidas, que devem estar sendo concluídas e
vão ser anunciadas", acrescentou.
Fonte: Mariana Assis - G1 Brasilia
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