PF apura fraudes em licitação com verba de emenda e faz buscas em gabinete de deputado Júnior Mano na Câmara.

 



 

A Polícia Federal cumpre nesta terça-feira mandados de busca e apreensão no gabinete do deputado federal Júnior Mano (PSB-CE), na Câmara dos Deputados, no apartamento funcional do parlamentar, em Brasília, e em sua residência, no Ceará. A ação faz parte de investigação que apura a atuação de uma organização criminosa suspeita de desviar recursos públicos por meio de fraudes em processos licitatórios e contratuais. Essas licitações, segundo a PF, foram abastecidas com emendas parlamentares indicadas pelo congressista. O deputado ainda não se pronunciou.

Conforme a polícia, "o núcleo investigado é suspeito de articular o direcionamento de verbas públicas a determinados municípios cearenses mediante contrapartidas financeiras ilícitas, além de influenciar procedimentos licitatórios por meio de empresas vinculadas ao grupo".

 

Operação no gabinete do deputado Júnior Mano na Câmara — Foto: Brenno Carvalho

Essas licitações foram abastecidas com recursos de emenda parlamentar. As emendas, entretanto, não são objeto principal desta investigação, que apura suspeita de fraude eleitoral. A organização criminosa é suspeita de desviar recursos públicos por meio de fraudes em processos licitatórios e contratuais com o objetivo de financiar clandestinamente campanhas eleitorais no Ceará no pleito de 2024. Assim, os contratos celebrados teriam servido como caixa 2 de campanhas eleitorais.

 

A Justiça determinou o bloqueio de R$ 54,6 milhões em contas bancárias de pessoas físicas e jurídicas investigadas. As condutas, segundo a PF, envolvem os crimes de organização criminosa, captação ilícita de sufrágio, lavagem de dinheiro e falsidade ideológica com fim eleitoral.

 

A polícia cumpre no total 15 mandados de busca e apreensão expedidos pelo Supremo Tribunal Federal (STF) em Brasília, em Fortaleza e em outras quatro cidades do Ceará. A operação é intitulada Underhand, e conta com o apoio da Controladoria-Geral da União (CGU).

 

Em fevereiro, o ministro do STF Gilmar Mendes determinou que a apuração deveria tramitar na Corte. Na mesma decisão, o ministro determinou que a PF apresentasse, em até 15 dias, um relatório parcial da apuração, com as provas já reunidas e as diligências pendentes.

 

A investigação começou na PF do Ceará, após uma denúncia da prefeitura de Canindé, um dos municípios nos quais a polícia cumpriu mandado de busca e apreensão nesta terça-feira. O processo foi enviado ao STF, contudo, após surgirem indícios da participação de Júnior Mano. Em parecer, a Procuradoria-Geral da República (PGR) defendeu a manutenção do caso na Corte.

 

Em nota enviada na época, Júnior Mano afirmou que "não tem qualquer participação em processos licitatórios, ordenação de despesas ou fiscalização de contratos administrativos" e que "emendas parlamentares são recursos públicos devidamente regulamentados, cuja execução é de responsabilidade dos entes federativos e gestores locais".

 

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