PorThaís Barcellos — Brasília - O Globo
Taxa decidida nesta quarta é a maior em quase 19 anos, desde julho de 2006.
O Banco Central decidiu elevar
mais uma vez a taxa Selic na reunião do Comitê de Política Monetária (Copom)
desta quarta-feira. Os juros básicos da economia brasileira subiram 0,25 ponto
percentual, de 14,75% para 15% ao ano, o maior nível desde julho de 2006,
quando a taxa estava em 15,25%
A autoridade monetária,
contudo, também emitiu outros alertas sobre o que pode ocorrer nas próximas
reuniões do comitê.
Manutenção à frente
O BC já anunciou que esse deve
ser o último aumento da taxa Selic neste ciclo de alta de juros. A autoridade
monetária deve manter os juros em 15% por um período "bastante
prolongado" daqui em diante para conseguir colocar a inflação em 3,0%. A
próxima reunião é em julho. "Para assegurar a convergência da inflação à
meta em ambiente de expectativas desancoradas, exige-se uma política monetária
em patamar significativamente contracionista por período bastante
prolongado."
Vigilância
A interrupção em julho,
contudo, pode não ser um ponto final definitivo no processo de aperto da Selic.
O BC deixou claro que vai utilizar a pausa para avaliar se o trabalho já
realizado até aqui será suficiente para conseguir alcançar a meta de inflação
de 3,0%, considerando a manutenção em 15% por um período "bastante
prolongado". Caso contrário, o Copom disse que não hesitará em
"prosseguir" no ciclo de ajuste se achar apropriado.
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Inflação fora da meta
Mesmo com os dados melhores do
IPCA em maio, o BC não fez qualquer menção aos números mais favoráveis no
comunicado e frisou que a inflação continua acima da meta. Em 12 meses até
maio, o IPCA está em 5,32%, muito acima do teto da meta, de 4,50%.
Certa moderação no crescimento
O BC também não parece estar
convencido de que a desaceleração da atividade econômica é consistente,
condição necessária para o controle da inflação. O Copom disse que se observa
uma "certa" moderação no crescimento, mas que os indicadores de atividade
e emprego ainda têm apresentado "algum dinamismo".
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dólar
Em maio, a avaliação sobre a
atividade foi ligeiramente mais forte: "O conjunto dos indicadores de
atividade econômica e do mercado de trabalho ainda tem apresentado dinamismo,
mas observa-se uma incipiente moderação no crescimento".
Mundo adverso
O BC manteve a avaliação de
que o cenário externo está adverso, particularmente devido à política comercial
e fiscal dos Estados Unidos sob Donald Trump. A autoridade monetária ainda
alertou para o acirramento da tensão geopolítica em meio à eclosão da guerra
entre Israel e Irã.
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